quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Neizinha

Uma mulher, cinco homens, depois quatro, depois três.
Uma mulher, mas mais forte que todos juntos.
Fidelíssima, amante visceral dos filhos.
Acho que foi ela quem cunhou a frase: “quem beija meus filhos, minha boca adoça”.
Corajosa, do alto dos seus 1.65 m criou três brutamontes, sendo-lhes pai e mãe, dando-lhes até mesmo as primeiras aulas de volante.
E não é que deu certo!
Tirante as limitações de cada um, são pais de família bem estabelecidos, sem doenças, sem vícios.
A semente que ela plantou, vingou, até porque ela mesma é fruto de uma videira acima de qualquer questão que atendia por Conceição, docílima e belíssima lembrança, puro coração.
Três belas noras, oito netos, um bisneto.
Aos filhos, tudo. Desde a casa, ainda na adolescência deles transformada em quartel general frequentada pelos seus vários “sobrinhos”.
Era a rainha do jeitinho.
Pra si, quase nada.
Poderosa, sempre em busca de seus objetivos, não tinha limites, tirante a desonestidade e o prejuízo do outro. O maior desses objetivos: superar a dor da perda do terceiro filho. Dor que dói até hoje. Acho que por ela, ela teria desistido, mas restavam ainda os outros três.
Sofredora. Apunhalava-me a alma a sua remota e constante luta contra a insônia. Pudesse eu, lhe daria o meu sono.
Marcante, acho que ela conseguiu fazer o dia durar mais de 24 horas, pelo menos era a sensação que tínhamos quando das suas visitas à irmã freira na cidade grande.
Neizinha, única, insubstituível, incansável, inigualável, matriarcal e majestosa.
Meu maior prazer é poder repercutir onde e com quem quer que esteja o que dela recebi desde minha infância e juventude quando éramos cúmplices e eu podia entregar em suas mãos o meu salário durante todo esse período para ajudá-la a cumprir sua missão. Não importa se era muito ou pouco, Deus sempre entrava com algum tipo de milagre de provisão. Ela sabe, eu continuo com nossa combinação.
Mulher de fé, ensinou-me as primeiras páginas da bíblia, de quebra, deu-me o primeiro violão, um azulão, desses de tocar música do sertão. Que importa? Aprendi e ensinei, recebi e dei, ouvi e toquei.
Mulher dos bolos, dos panetones, das balas, dos doces, muitos dos quais ajudei a embalar. Camafeus, fios de ovos, bombons de uva e leite condensado, às vezes misturado.
Mulher prendada, costureira, encanadora, passadeira, encantadora.
Estamos ficando mais pobres.
Neizinha. Parem as máquinas, cale o mundo. Ela vai passar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Via crucis

Cruz credo

Afinal, o que é a cruz?
Muito já foi dito. Muito já falado, rechaçado, atacado, acrescentado ao assunto.
Mas, fica a pergunta: o que é a cruz? Pra que ela serve? Por que ter que tomá-la?
Vou acrescentar mais uma ao arsenal de respostas.
Cruz é fim, é ponto final.
É aquela situação a que se chega em que não há mais a quem ou ao que recorrer tampouco para onde ir.
Enquanto há recursos dos quais se possa lançar mão, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há pessoas a quem se possa recorrer, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há a força de vontade em ação, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há expectativa de que as coisas mudarão, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há prosperidade, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há o medo do desconhecido, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há a insegurança do imponderável, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há o livre arbítrio, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há desculpas, argumentação, dissimulação, consideração ainda não se chegou à cruz.
Cruz não é um evento estanque, único.
Cruz é uma condição a que se chega, um estado mental, emocional e espiritual.
E... intransferível.
A cruz é fim, mas não acaba em si mesma.
Por ser condição, leva a uma outra realidade.
Enquanto não se vive essa outra realidade, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está preso, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está livre, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está feliz, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está triste, ainda não se chegou à cruz.
Loucura? Essa é a linguagem da cruz.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Democrisia

O termo hipocrisia é um termo forte, especialmente em terras ocidentais, pois remete à ideias de fingimento, dissimulação, impostura. Podemos quebrar um pouco essa interpretação se soubermos que o termo, originalmente, referia-se muito propriamente à arte de representar, especialmente dos artistas no palco.
Em terras brasilis a sensação que se tem é que há um teatro em curso: uns fingem que governam e outros fingem que são governados. É a filosofia do Vampeta quando jogava no Flamengo e não recebia salário. Dizia ele:“Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo”.
Os que fingem que governam vêm a cada quatro anos e abordam os que fingem que são governados e aí os que fingem que são governados confirmam os que fingem que governam.
A democracia - no caso a democracia brasileira que não é democracia direta e sim a representativa em que se elegem representantes que deveriam representar os representados – resume-se ao ato do voto, vendido por um palhaço (com todo o respeito à profissão) da TV Globo como um ato de definir o destino!!!
Você que está lendo isso certamente é um democrata, pois possui o importante Título de Eleitor e sempre cumpre com o seu “dever de cidadão” comparecendo às eleições para assim definir o seu destino.
Hã, hã. Então tá. É isso? Tá bom. Daqui a quatro anos você será convocado novamente a definir o seu destino. Agora você pode contar com muitos “homens e mulheres de Deus” que determinarão a tomada do governo dessa nação para Deus. Eles até fizeram isso nessa eleição, mas não deu muito certo. Quem sabe na próxima. É tudo um teatro mesmo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jesus, o diálogo de Deus

Antes mesmo das coisas virem à luz Deus já tencionava dialogar com sua criação. Ele estabeleceu parâmetros para isso, criou meios de interlocução, mostrou-se, falou, ouviu, até que a criatura não quis mais, fechando o canal. Não foi Deus, foi a criação que se afastou, ficando por sua conta e risco. Se deu mal. Muito mal.
Deus, então, proveu um meio ainda mais eficaz de dialogar com a criação.
O diálogo agora não se daria por sons silábicos ou sinais gráficos geradores de palavras.
O diálogo agora não seria uma construção retórica.
O diálogo agora não consistiria de perguntas e respostas, ou regras e normas.
O diálogo agora seria em um nível muito mais elevado e causaria tamanha estupefação, tamanho torpor que via de regra redundaria em silêncio. Não o silêncio obsequioso em que se é obrigado a ficar quieto, mas o silêncio da admiração, tal qual a conversa silente do firmamento.
Há os que creem que a Terra foi formada há menos de 10 mil anos.
Há os que creem que o Universo tem 14 bilhões de anos.
Fato é que na plenitude do tempo, Deus dialogou com a criação.
Diálogo mais que audível ou legível, senão, visível, sensível, tangível.
Diálogo profundo, que vai ao âmago.
Que toca ao vil e ao nobre, ao rico e ao pobre.
Ao velho e ao jovem, à mulher e ao homem.
À autoridade e ao destituído, ao religioso e ao possuído.
Sentido primeiro e último de sua (criação) existência: dialogar com Deus.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Deus é - III

Deus é amor. Clássico
Deus é enquadrável. Teológico
Deus é controlável. Científico
Deus é perscrutável. Esotérico
Deus é tirano. Ateístico
Deus é frágil. Satânico
Deus é alegria. Romântico
Deus é esperança. Nostálgico
Deus é dispensável. Democrático
Deus é onipotente. Pernóstico
Deus é menos. Humanístico
Deus é incapaz. Idiótico
Deus é igualável. Presunçoso
Deus é revanchista. Odioso
Deus é meu. Obtuso
Deus é mais. Moderno
Deus é tudo em todos. Pós-moderno
Deus é utopia. Luciferiano
Deus é líder. Segundas e terceiras intenções
Deus é chefe. Escusas pretensões
Deus é o “cara lá de cima”. Pueril
Deus é carente. Narcisista
Deus é pai. Familiar
Deus é paz. Inquietude
Deus é sábio. Sábio
Deus é bom. Sempre
Deus é eterno. Desde sempre
Deus é. Absoluto

domingo, 17 de outubro de 2010

Malditamento

Passional total
Maldita cruz, que ousadia acolher o Santo, nu, em seus braços
Ele não tinha mesmo onde reclinar a cabeça, mas, não era em ti que Ele queria deitar-se
Maldita cruz, que descalabro dar firmeza aos cravos que Lhe atravessaram as mãos e pés
Quem você pensa que é?
Maldita cruz que encerrou a mais bela jornada de um Homem
Dando ensejo a outros escarnecerem Dele
Maldita cruz que interpôs-se na história
E executou o mais vil e injusto julgamento
Maldita cruz que expôs a fragilidade do Carpinteiro
Expondo-o à ignomínia da rendição sem apelação
Mas... não tem nada não
O Magnânimo, o que “usa” reis e poderosos, o micro e o macro cosmos
Também usou a ti, sua tola
Você foi a tranca que foi aberta, o portão que ficou sem ferrolho
Você foi o fim do “dente por dente, olho por olho”
Você quis matar, mas Ele não morreu
Você quis encerrar, mas Ele não cedeu
Você quis “enterrar”, mas Ele reviveu
Bem verdade que você, por um momento, prevaleceu impondo a morte àquele corpo
Mas, mais verdade é que aquele corpo prevaleceu de ti
Olhe pra você, onde você está?
Onde está o seu fazedor?
Agora, olhe para Aquele que esteve em seus braços
Olhe e morra de inveja

sábado, 9 de outubro de 2010

Mundo desmundo

Mundo caótico
Poder despótico
Opção pelo ilógico
Quem nos livrará?
Valoração do material
Endeusamento do vil metal
Relacionamentos tipo infernal
Quem nos livrará?
Medos e fobias
Traumas e manias
Democracias e tiranias
Quem nos livrará?
Mundo caolho
Tranca e ferrolho
“Macarrão sem molho”
Quem nos livrará?
Acepção e assepsia
Indolência e letargia
Indiferença e apatia
Quem nos livrará?
Mundo desmundo
Mundo imundo
Mundo mudo, e cego, e surdo
Quem nos livrará?
Há Um que pode ajudar
Mais, pode mesmo conduzir
É só olhar, ou seria... escutar?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A pajelança da democracia

O voto é “vendido” como o instrumento que determinará o destino daqueles que o usam.
Puxa! Legal isso! Então o voto – um gesto de alguns minutos - determina um destino!
Pra mim, esse negócio de votação parece mais com torcida de time. Joga-se o voto lá e fica-se na torcida pra ver se o candidato ganha. Se ganha, tem-se uma sensação de prazer, quase um orgasmo. Se não, logo se esquece e volta-se à vida, deixando para pensar no candidato somente na próxima eleição.
E a democracia? Haja demanda de fé. É mais ou menos como o ateísmo, ou seja, é preciso muita fé nas suas postulações para ser um ateu.
Com a democracia é assim também, é preciso muita fé para acreditar nos seus princípios. Fé que não deveria sobrar de quem se dispõe a crer em Deus, entretanto, há aqueles que acham que podem tirar um pouquinho da fé em Deus para colocar na democracia.
Vai de cada um.
De minha parte, eu acho que tenho algum defeito de fabricação. Eu não consigo extrair um pouquinho da minha fé para crer na democracia.
Eu gostaria de incensar a democracia como vejo tantas pessoas fazê-lo. Ou como se diz: celebrar a festa da democracia.
Mas aí eu olho para o Nazareno e vejo que ele não fez nenhuma menção à democracia, mesmo tendo ela já algo em torno de 500 anos quando ele esteve aqui conosco.
Então, vou seguindo aqui com minha débil fé nele mesmo e quem sabe um dia eu possa colher os frutos dessa fé. Se não acontecer, tomara seja eu colhido por ela.

domingo, 3 de outubro de 2010

Mt 24:12 – Uma releitura

O fim do mundo será precedido pela incapacidade das pessoas em indignarem-se.
Choca percebermos o quanto já não nos indignamos. Quando muito nos indignamos até a página 2.
Ou então manifestamos essa indignação em alguns posts, alguns e-mails, alguns comentários em alguns sites, ou no trabalho na hora do café, ou na igreja no fim do culto, ou ao telefone.
A fome já não choca.
A falta de saneamento já não choca.
A alfabetização funcional (quando só se sabe ler e escrever o nome) já não choca.
A deterioração da saúde pública já não choca.
A violência contra as mulheres já não choca.
A dependência química já não choca.
A prostituição infantil e adulta já não choca.
A corrupção já não choca.
A falta de engajamento da “igreja” já não choca.
A superficialidade/materialidade das pregações já não choca.
A riqueza no meio da “igreja” já não choca.
O incomum tornou-se comum. O anormal, normal. A aberração transformou-se em costume. O trágico em cômico.
Já não somos mais alcançados pela deterioração das relações humanas.
Parece que estamos acima dessas coisas, ou que elas não nos dizem respeito.
É... Pilatos fez escola.

domingo, 26 de setembro de 2010

Alma: terra em que semeando tudo dá

Semeie justiça e colherá paz
Semeie bondade e colherá satisfação
Semeie indiferença e colherá rancor
Semeie menosprezo e colherá ódio
A alma tem saudades do que foi e já não é
Saudades do eterno, como do Eterno

Semeie relacionamento e colherá cumplicidade
Semeie simpatia e colherá amizade
Semeie egoísmo e colherá violência
Semeie ingratidão e colherá traição
Por mortal, muitos ignoram seu destino
Por imortal, poucos cultivam suas possibilidades

Semeie alegria e colherá uma razão
Semeie simplicidade e colherá grandeza
Semeie fraqueza e colherá dúvida
Semeie materialismo e colherá insatisfação
Alma, houve uma que deu início a uma nova estirpe
Por grande, transcendeu eras, abarcou mundos
Por bela, marcou época, começou, ela sim, uma nova era
Por fecunda, replica-se em outras tantas
Essas têm, ainda que de forma tênue (lembre-se: para Deus o fraco é o forte), sustentado nosso mundo
Se não, o colapso já teria se instalado a pleno
Elas estão aí, graças a Deus

sábado, 18 de setembro de 2010

Deus é - II

Deus é vento, ar em movimento
Tornado e brisa
Furacão e ventania
Assopro que causa assombro, nunca medo
Move rosas e moinhos
Jangadas e navios
Nunca ausente, mesmo que só na respiração das criaturas
Reflexo – a respiração – de sua essência
Vento que, de repente, se faz presente, para um segundo depois, tornar-se ausente
Não... Deus não se ausenta. Só parece
Foi ali, sem deixar de estar aqui
Está aqui, lá também
E o vento se fez carne e habitou entre nós
Agora você pode ver o vento, ouvir o vento, tocar o vento
Só não se pode retê-lo, que vento não se retém
Nem a morte o pôde
Assim, em movimento - o vento – é o oposto da morte
Aqui sim, quando o ar já não se move
Mas, Deus se move
Movimento que a todos arrasta
Mesmo os mais céticos

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Coisas que os físicos sabem e não sabem

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.

Os físicos já descobriram que nos instantes iniciais do universo, medidos em milionésimos de segundos, foram criadas a matéria e a antimatéria.
Até a algumas décadas atrás sabia-se que elas eram compostas por átomos, então, a menor partícula da qual se tinha conhecimento. Um parâmetro: em uma cabeça de alfinete existem 60 milhões de átomos.
Algum tempo depois, os cientistas conseguiram dividir o átomo em prótons, nêutrons e elétrons.
Depois descobriu-se a existência dos quarks, elementos que compõem os prótons e nêutrons .
Ele são pequenos demais: não passam de 10 elevado a 16ª potência negativa de centímetro (ou seja, um centímetro dividido por dez quatrilhões) = 1cm/10.000.000.000.000.000
Toda a matéria comum que conhecemos, tem como base apenas dois minúsculos blocos: os quarks up (para cima) e down (para baixo). No fantástico nível subatômico, não existe nenhuma diferença entre você, um dinossauro, uma folha de papel, uma manchinha de tinta ou o planeta Plutão.
Tudo é resultado da combinação de quarks.
AGORA, PRESTE ATENÇÃO:
Nos momentos iniciais do universo a matéria e antimatéria foram criadas em quantidades quase iguais.
Em um milissegundo no tempo, o universo resfriou-se o bastante para que quarks e antiquarks se condensassem e consequentemente se destruíssem.
No entanto a proporção entre eles não era tão exata assim. Para cada cerca de bilhão de quarks e antiquarks, havia um (1, unzinho) quark a mais. É essa diminuta fração que possibilitou a formação/criação do universo como o conhecemos.
Quem colocou esse quarkizinho lá?
Você sabe!

sábado, 11 de setembro de 2010

Deus é - I

Deus é mais que uma sensação, é uma concepção
Deus é mais que uma figura bondosa, é verdade crua e amorosa, que, às vezes, choca
Deus é sempre presença, nunca ausência
Deus nunca pesa a mão. Se você quiser, ele tira a mão, aí você está por conta própria
Deus é
Deus é mais que justo juiz, é justiça ao alcance de todos
Deus é mais que um soberano no trono, é o que cuida, dos seus, até do sono
Deus não é “diminuível”, atacável, “ofensível”
Deus não precisa ser defendido, não é mutável, tampouco inflexível
Deus é
Imarcescível, não diminui nem cresce
Intangível, toca e se deixa tocar
Imprevisível, segue regras
Previsível, quebra regras
Deus é

sábado, 4 de setembro de 2010

Demo = povo; cracia = poder. Democracia = poder do povo

A considerar o quanto os seguidores de Jesus gostam da democracia, parece até que não foram avisados que democracia e Deus são excludentes. Ambos não aceitam intromissão de uma ou outra parte.
O que é a democracia senão a ditadura da maioria?
O que é a democracia senão a validação de um poder que não o de Deus?
O que é a democracia senão um sistema que tiraniza a vontade da minoria?
O que é a democracia senão um aparelho em que grassa o nefasto capitalismo?
Dizem os democratas que democracia é sinônimo de liberdade, isto é, de se poder fazer o que se quer fazer, de falar o que se quer falar, de ir para onde se quer ir. Então liberdade é isso! Humm!
O Maioral, quando entre nós, não pensava nem tampouco agia assim.
Mas... deixa ele pra lá. Ele é bom mesmo em atender umas orações, em fazer uns milagresinhos e em ter o ego inflado por cantores. “Das coisas aqui de baixo, cuidamos nós”. Uma vez resolvidas, apresenta-se a ele em oração para que ele possa abençoar.
Esse deus é estranho à bíblia. O Deus da bíblia, imarcescível, intocável, inconfundível, j a m a i s se rebaixará a isso e, por falar em democracia, não compartilhará seu governo com os democratas.
Deus tem outra agenda e, pode crer, ele a fará cumprir.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A conversão do punhal

Querer dar uma função mais nobre ao punhal assassino é insano.
A humanidade caminha e vive de tentativas e erros, e alguns acertos.
Há milhares de anos a humanidade não experimenta nada de novo, a não ser a mensagem do Nazareno.
Afora isso, a história humana pode ser reduzida a pouquíssimas experiências, que, via de regra, consistem de alguns comandando outros.
Assim, temos a figura do chefe da tribo, do faraó, do imperador, do rei, do sumo sacerdote, do papa, do bispo, do ditador, do primeiro-ministro, do presidente, todos com seus escalões inferiores de comando e poder.
A democracia, cuja versão moderna faria corar os atenienses, propõe-se a trazer esse comando para o povo!!!
Alguém, em sã consciência, acredita nisso?
E os povos são capazes de determinar seu destino? Calma... é só uma pergunta.
Mais grave, as democracias modernas não são democracias puras, são democracias representativas (em que se elegem representantes do povo), portanto, um arremedo da original.
Fosse boa, a democracia daria certo não apenas em alguns pequenos países da Europa, exceções que não confirmam a regra.
Fosse boa, a democracia seria plena naquele que é um dos países mais antigos da Terra, que tem a maior população mundial e que está prestes a se tornar a nação mais rica e poderosa da Terra (já tem o segundo maior PIB), como era há 5.000 anos, para desespero de americanos e capitalistas.
Os democratas vivem de tentar melhorar a democracia. A eles, a frase acima.
Pois bem, a pergunta que não quer calar: se não a democracia, o que, então?
Deus, bíblia, Jesus, evangelho.
Mas, sequer os cristãos, que se dizem os seguidores de Jesus, parecem acreditar nisso.
Aí fica difícil.
“Cristãos” que se propõem a concorrer, em nome de tomar o poder para Deus, em eleições, estão em franco retrocesso daquilo que deveriam crer e viver.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em nome da inclusão produz-se excluídos

Há no estado de São Paulo um sistema chamado de Progressão Continuada que consiste da não repetência dos alunos do curso fundamental.
Há muita discussão sobre a matéria, especialmente sob o aspecto de que muitas crianças chegam à 8ª série semianalfabetas ou tornam-se os alfabetizados funcionais, isto é, aqueles que sabem escrever o nome mas não conseguem capturar o conteúdo de um texto. Muitos desses, para não dizer a totalidade, não chegarão à faculdade.
Evidente que esse sistema serve ao poder, a quem não interessa pessoas esclarecidas.
Impossível não fazer um paralelo com o que se faz na igreja hoje em dia, com o agravante de que o sistema é aplicado a adultos e especialmente aos jovens, a quem também não interessa pessoas esclarecidas.
Há uma legião de pessoas, e jovens, sem o mínimo esclarecimento desejável. A constatação vale para o aspecto cultural como para o espiritual.
No caso especialmente dos jovens, qual o corolário fatal? Eles se desiludirão da igreja (muitos até de Deus) quando alcançarem o mínimo de esclarecimento e virem que foram usados como massa de manobra a serviço de projetos humanos e megalomaníacos, o que os conduzirá ao abandono da fé.
Sei que não devia dizer, mas direi, sou um petulante irrecuperável.
Seria melhor não trazer esses jovens para essa estrutura atual da igreja. Eles não seriam marcados tão negativamente como estão sendo e não seriam expostos ao risco de se afastarem de Deus definitivamente. Há dados informando que o número de pessoas que passaram pela igreja e saíram é igual ao número dos que permanecem. Muitos desses são jovens.
O que ocorre é que os artifícios usados para atraí-los não são consistentes a ponto de fazê-los caminharem com o Senhor ao longo dos seus dias.
Uma hora a “graça” desses artifícios cai. Eles estão recebendo mais do mesmo, e está sendo provado que isso não os satisfaz.
Como eles não foram apresentados ao evangelho, é fácil prever o que acontecerá.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O diabo em xeque - II

A manjedoura foi um xeque.

Mas foi um xeque oculto, velado.

Quem daria a mínima para uma criança nascida em um estábulo malcheiroso, sujo, escuro, deitada em um cocho em que animais comiam suas rações?

Quem daria a mínima para uma criança nascida sem a dignidade de um quarto perfumado, limpo, iluminado e sem um berço forrado com lençóis limpos e cheirosos?

Quem acreditaria ser rei uma criança nascida fora de um castelo?

Quem acreditaria ser rei uma criança nascida em família comum?

O diabo só despertou quando viu o interesse dos magos. Aí já era tarde.

A manjedoura foi um xeque.

O diabo não acreditou que Deus estivesse fazendo mesmo aquilo, isto é, enviando o Messias daquela forma. Por via das dúvidas viu nisso um pretexto para promover um assassinato em massa de crianças inocentes, o que fez com prazer.

Manjedoura que fala, com eloquência, com grandiloquência, verborragicamente.

Cada vez que o diabo tenta induzir os seguidores de Jesus a viverem nababescamente, a manjedoura interpõe-se e coloca as coisas em seus devidos lugares.

A manjedoura foi um xeque.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Você gosta de amora?

Primeiro foram os jovens a serem prematuramente introduzidos às coisas dos adultos.
Bebidas, cigarros, sexo livre antes e fora do casamento, gravidez indesejada, aborto, vícios, crimes, doenças, mortes.
Mas, fazer o que? Etariamente falando, eles estavam muito próximos, então seria quase inevitável.
Depois foram os adolescentes.
Para espanto dos adultos, ou pelo menos para alguns deles, eles foram introduzidos às mesmas coisas que os jovens.
Em uma matéria de televisão, um adolescente foi questionado se já havia tomado um porre. Ele olhou meio espantando para o entrevistador e respondeu perguntando: “E você conhece algum adolescente que não tenha tomado um porre?”.
Não bastasse, agora as crianças estão sendo introduzidas às mesmas coisas!
Que lamentável é ver o que os pais modernos estão fazendo com seus filhinhos. Que lamentável é ver o quanto eles “conversam” no mesmo nível, o quanto eles “negociam” com seus filhos.
E o que elas entendem dos assuntos dos adultos?! É uma grandeza.
Hoje já não se pode mais fazer a pegadinha com uma criancinha: “Você gosta de amora? Vou contar para o seu pai que você namora”. Você ficará com cara de tacho.
A prematuridade não é saudável. Sob nenhum aspecto. Ela trará consequências quase que invariavelmente negativas.

sábado, 7 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - V

Dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada:
- Metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.
- Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras.
Seria cristã uma nação com números como esses? Não. Sequer seria democrática, como se anuncia, essa nação. Por outro lado, a resposta é sim, vai do gosto.
Desde Calvino (séc. XV) os cristãos são estimulados a enriquecerem. Há fortes indícios de que ele tenha inspirado o capitalismo que é o que promove as distorções citadas acima.
Posso estar laborando em erro mas é quase certo que os 10% mais ricos e os 46 mil proprietários do levantamento do IPEA sejam cristãos! Pense por si.
Recentemente esse estímulo ao enriquecimento tem ganhado proporções descabidas, vexatórias, em que as pessoas são ensinadas a barganharem com deus, confundindo fé com prosperidade em um verdadeiro mercado espiritual em que vale tudo, em que os fins justificam os meios.
A antítese do cristianismo: bilionários americanos, capitaneados por Bill Gates (dono da Microsoft, empresa que comercializa o Windows), estão se articulando para doarem metade de suas fortunas para instituições de assistência social. Já são 40. Não se notificou que estejam fazendo isso por princípios cristãos. É uma simples questão de consciência, consciência que anda em falta em muitos meios.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - IV

Há um câncer corroendo o cristianismo.
Câncer que faz o cristianismo gerar descrença na existência de Deus em pessoas que, antes, eram crentes de sua existência. É o cristianismo trabalhando em prol do ateísmo.
Gravíssimo.
Trata-se da pedofilia envolvendo líderes de uma importante vertente dessa religião.
Não é qualquer problema, não são casos isolados, não ocorre sem o conhecimento da alta cúpula dessa parte do cristianismo que o quanto pode não colabora para a elucidação e devida penalização de casos pontuais, é sistemático e conta com proteção corporativa, não é local, tem abrangência internacional, alguns envolvidos já foram condenados e presos pela justiça comum.
Somente nos Estados Unidos há mais de 100 mil denúncias que já geraram mais de 1 bilhão de dólares em acordos extrajudiciais de indenização.
Nada justifica o silêncio ou aquela indignação surda a que se recorre para assuntos dessa gravidade como se não existisse nenhuma relação com o problema por não se ter nenhum parente próximo ou distante que tenha sido vítima dessa perversão sexual.
O problema é fruto direto do celibato obrigatório que foi instaurado para que os bens dos representantes dessa parcela do cristianismo não ficassem com a família – que eles constituiriam quando casados – mas fosse entregue para a organização a que pertenceriam.
O problema é recorrente e seus praticantes - via de regra, líderes de uma comunidade numerosa de pessoas e famílias - são constantemente transferidos de cidade em cidade nas quais continuam praticando seus deploráveis atos.
Evidente que não se pode generalizar, como tanto ou mais é evidente que não se pode resignar do problema.
Aqui não cabe acusação, julgamento ou condenação.
Cabe sim uma atitude concreta por parte dos que se consideram cristãos no sentido de se extirpar esse câncer do seu meio. Atitude que começa com a disposição de discutir o assunto.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O diabo em xeque - I

O chamamento de Abrão foi um xeque.
O nascimento de Jesus foi um xeque.
A tentação de Jesus foi um xeque.
A pregação de Jesus foi um xeque.
A confecção dos evangelhos foi um xeque.
A crucificação de Jesus foi um xeque.
A ressurreição de Jesus foi um xeque. Aqui Jesus anunciou o xeque-mate em 4 lances. Bons enxadristas anunciam xeque-mate em 2 lances. Os campeões em 3. Em 4, somente os excepcionais, ainda mais considerando o adversário. Pois com sua ressurreição Jesus anunciou o xeque-mate.
O envio dos discípulos foi um xeque.
A Reforma foi um xeque.
As descobertas de Qunram foram um lance fenomenal.
O retorno dos judeus a Israel foi um xeque.
Agora se aproxima o xeque-mate: a volta de Jesus.
O diabo está aturdido. Não tem para onde correr. Ele ainda abate uns peões, um ou outro cavalo ou torre, mas ele sabe que já era.
Como no jogo, rei não abate rei, então, o Rei Jesus comandará o ataque e, protegendo um peão, abaterá o rei inimigo com ele, um peão.
Maranata! Ora, vem Senhor Jesus.

Cristianismo em xeque - III

Quando os cristãos restringem a vivência de suas crenças a determinados horários e lugares e sob a supervisão de uma pessoa, eles estão direta e objetivamente restringindo a abrangência da mensagem da qual se consideram portadores.
Reduzir o que seria universal a um determinado grupo, enfraquece a mensagem que divulgam. Seria como dizer que a democracia (por perniciosa que seja) só serve para países capitalistas, isto é, ela seria exclusiva (ou seja, que exclui, óbvio).
O Deus da bíblia não é o Deus dos cristãos, tão somente, como o presidente de uma nação democrática não é presidente somente dos filiados do partido que o elegeu.
A tentativa de reduzir a mensagem de Jesus a uma religião dentre as várias existentes é, de novo, uma tentativa de enfraquecimento dessa mensagem.
Seria um contrassenso absurdo formular os ensinamentos e prática de Jesus num código de normas, regras, crenças, símbolos, usos e costumes e depois compará-los com outros códigos (religiões) para se verificar em que eles são melhores ou piores entre si. Mais que contrassenso, seria sua mortificação.
Esse processo de codificação tem despersonalizado drasticamente aqueles que seriam os seguidores da mensagem de Jesus, comumente chamados de igreja.
Essa despersonalização é facilmente verificada quando os cristãos fazem de tudo para alcançar aqueles que não são cristãos. Eles incorporam seus costumes, suas práticas, seu comportamento, suas datas festivas para “aproximarem-se” dos nãos cristãos com a intenção de os alcançarem, dando-lhes mais do mesmo que já vivem, quando, parece, eles (os não cristãos) gostariam de ver alguma coisa diferente do que já vivem para então interessarem-se por aquilo a que estão sendo apresentados.
Essa despersonalização é também verificada quando a “igreja” fica sem saber o que fazer diante do mundo pós-moderno, especialmente com o advento da internet. A nossa geração está observando uma das maiores mudanças de conceitos, comportamentos, cultura e forma de se relacionar de todos os tempos.
A igreja, representante maior do cristianismo, por estar despersonalizada, não tem sabido como se comportar diante de tão drástica mudança.
Na Europa, por exemplo, um dos berços do cristianismo, o declínio dessa religião é chocante e irreversível, obviamente não só em decorrência da internet.
Na América, onde já foi pujante, está em rota de colisão com a descrença, primeira condição para seu esfacelamento.
No Brasil ainda encontra algum fôlego, pois da vertente católica é o maior país, da vertente evangélica um país com um contexto em formação com pouco mais de 100 anos de história.
A despeito de tudo, Deus - o Pai, o Filho - nosso Senhor e Salvador e o Espírito Santo de amor estão presentes e atuando em nosso meio, que não há força capaz de resistir-lhes.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - II

Há pontos incongruentes, para não dizer irreconciliáveis, entre o conceito e prática de Jesus Cristo - tido por muitos como o fundador do cristianismo (de difícil comprovação histórica) - e entre a prática verificada no cristianismo.
- A maior dessas incongruências é a restrição da prática dos ensinamentos de Jesus a um horário e local determinados e sob a supervisão de um terceiro na relação que deveria ser bilateral, isto é, entre Deus e a pessoa.
Em decorrência disso os cristãos assumem que são cristãos quando se dirigem num horário específico (muitos deles reservam 2 horas por semana, outros tantos por quinzena ou por mês) a um lugar específico (muitos deles lugares suntuosos em que se imobilizam valores preciosos que deveriam ser gastos de outra forma) tudo isso feito sob a batuta de uma pessoa que seria representante de Deus e que teria a responsabilidade de falar por Ele. O capital ($) imobilizado em imóveis (a redundância serve à ênfase) nos quais o cristianismo acontece ultrapassa as centenas de bilhões de dólares. Tempos atrás notificou-se que com 90 bilhões de dólares a fome seria extirpada da face da terra. Pense por si, mas não me parece que o Espírito Santo queira que o dinheiro levantado em nome de Deus esteja imobilizado.
Fora desses horários e lugares e longe da supervisão do representante de Deus, os cristãos não se sentem impelidos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e não têm um relacionamento pessoal com Ele, relacionamento que se restringe, então, a brevíssimas orações antes de comer e de dormir, talvez.
Conta a história que o cristianismo foi apresentado ao não cristão Mahatma Gandhi, o grande pacifista e libertador da Índia, ao que ele teria pronunciado a frase: “Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia”.

- Outras incongruências: culto à personalidade e culto ao material. Poucas distorções afrontam mais os ensinamentos de Jesus Cristo do que a vaidade e o enriquecimento. Por paradoxal que possa parecer, o cristianismo está fundado exatamente sobre esses dois pilares ou paradigmas.
Quanto ao culto ao material, bem diferente falava um moço nascido em Assis/Itália no século XI, para muitos a segunda maior figura do cristianismo: “Se encontrarmos moedas em algum lugar, não prestemos mais atenção a elas do que ao pó que pisamos com os pés, pois “vaidade das vaidades, e tudo é vaidade”. Se, por acaso e Deus não o permita, acontecer de algum irmão coletar ou carregar moeda ou dinheiro, a não ser pela supramencionada necessidade dos enfermos, que todos os irmãos passem a considerá-lo um irmão enganador, um apóstata, um ladrão, um assaltante e como aquele que levava a bolsa de dinheiro, a não ser que sinceramente se arrependa”.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cristianismo em xeque - I

1 - Diz-se que a sociedade ocidental é predominantemente cristã. Essa afirmação decorre da maciça influência do catolicismo nessa parcela da sociedade mundial em séculos passados.
Por uma série de fatores, essa afirmação é e não é verdade.
- Se por sociedade cristã se entende uma sociedade com divisão de classes, com pessoas abaixo da linha da pobreza passando e morrendo de fome, com silêncio diante da corrupção, com valorização do que é material, com a ascendência/controle/domínio de alguns sobre outros, com insensibilidade, com a exacerbação do egoísmo, com a supervalorização do livre-arbítrio, com a promoção do enriquecimento pessoal, com baixo nível moral e ético, com o enfraquecimento da justiça, com o domínio da impunidade, com o poder do povo, pelo povo e para o povo, com muitos ganhando pouco para poucos ganhando muito, de fato, a sociedade ocidental poderia ser considerada cristã.
- Por outro lado, se o que se considera sociedade cristã é uma sociedade que segue os ensinamentos de Jesus, aí não se pode afirmar que essa sociedade seja cristã, a despeito dos costumes, tradições, heranças, teologias, princípios, crenças que se fazem presentes nessa sociedade e que se supõem inspirados nesses ensinamentos.

2 - Há que se levar em conta, para um entendimento mais amplo, que algo em torno de 2/3 da sociedade mundial não é considerada cristã. Desses 2/3, 1/3 está circunscrito a tão somente 2 nações: China e Índia, com algo em torno de 2,5 bilhões de habitantes. O outro 1/3 é predominantemente muçulmano com quase 2bilhões de seguidores.
Trocando em miúdos: de cada 3 seres humanos, apenas 1 é cristão, seja lá o que essa palavra signifique.
A realidade nua, crua e dura: em 2.000 anos o cristianismo só avançou 1/3 do caminho (se é que avançou mesmo). Numa conta rápida, faltam ainda 4.000 anos para se completar a jornada, a despeito da sensação que muitos têm de que o fim das coisas esteja próximo.
Os cristãos precisam sair de seu mundinho e entender que muita gente ainda não conhece as coisas dos cristãos.

3 - Muitos há que se orgulham de se denominarem cristãos, a despeito da carga histórica negativa que o termo traz. Não há dolo nisso (quem sou eu para dizer no que há e no que não há dolo), nem aqui vai qualquer tipo de crítica, tão somente um esclarecimento quanto à origem do termo, nunca usado por Cristo.
Os primeiros discípulos de Jesus eram considerados pessoas de uma subclasse, eram tratados “como lixo do mundo, como escória de todos”. Hoje isso é inaceitável no meio dito cristão. Procure e você não encontrará quem queira ser tratado assim (Não tente levar vantagem sobre um cristão. Você se dará mal). Mas é preciso saber que o termo “cristão” tinha originalmente um sentido depreciativo, ou quando muito, era uma associação que os não-judeus faziam com o Cristo, que para eles era um nome próprio (algo como Pereira, Silva, Souza), não o Messias. Seria como nos referirmos aos getulistas por causa de Getulio Vargas, aos peronistas por causa de Perón, aos lulistas por causa do Lulla. Quando o rei Agripa disse a Paulo que “por pouco ele se tornaria um cristão”, era a isso que ele se referia, ao que Paulo respondeu que “quem dera o rei se tornasse como ele”, isto é, não como um cristão, mas como um seguidor dos ensinamentos de Jesus.

Deus está agindo no mundo apesar do cristianismo. Deus não se submete à agenda dos cristãos, ao controle dos cristãos, ao descompromisso dos cristãos.
Se, como dizem alguns, o fim está iminente, então penso que algo de absolutamente extraordinário irá acontecer, senão teremos que esperar por mais alguns milhares de anos para contemplarmos esse fim.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jesus. Um líder?

Enxergar Jesus como um líder é reduzir sua ascendência, sua transcendência
Sua magnificência, seu resplendor
Um líder, dentre iguais, é alguém que tão somente se sobressai sobre os demais
Nesse sentido, Jesus não é um igual, não é mais um entre nós
Não é isso que o “tornando-se em semelhança de homens” quer dizer
Enxergar Jesus como um líder de um grupo de pessoas limita-lhe a ação
Restringe-lhe a abrangência, diminui-lhe a atuação
Jesus é mais, muito mais, que essa designação pode indicar
Líderes os há no governo, no esporte, em associações, na religião
Líderes os há no crime, nos negócios, no trabalho, na competição
Enxergar Jesus como um líder é ver nele o almoxarife da despensa divina
O gerente do RH celestial, o general do exército angelical
Jesus é mais, muito mais, que essa designação pode indicar
Enxergar Jesus como um líder é classificá-lo como uma pessoa virtuosa
Uma pessoa carismática, um pouco, ou muito, acima da média
Mas que pode, ainda que honrosamente, ser descartada
A liderança assim entendida pressupõe substituição
Pressupõe a ascensão de outros para ocupar a função
Quantos líderes não há no cemitério?
Jesus é mais, muito mais, que essa designação pode indicar
Enxergar Jesus como um líder é equipará-lo aos grandes nomes da humanidade
No caso dos religiosos, é colocá-lo no panteão dos deuses
No caso dos poderosos, é ver nele um concorrente
No caso dos supersticiosos, é ver nele um mito
No caso dos necessitados, é ver nele uma possibilidade
No caso dos poetas e pensadores, é citar suas falas
Ainda que de forma multifacetada e descontextualizada
Jesus é mais, muito mais, que essa designação pode indicar
Talvez você nunca tenha ouvido dizer o que vou dizer
Espero que você esteja sentado porque é muito forte o que vou dizer
Se você assimilar o que vou dizer, o mínimo que seja, você será outra pessoa
“Daqui pra frente, tudo será diferente”
Preste atenção: JESUS É O FILHO DE DEUS!
Pronto! Vai ser feliz, vai viver a vida
Nele a gente pode confiar, ele nunca se contradiz

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Cordeiro/Leão II

Quase diria que de cordeiro, no sentido comumente compreendido, Jesus não tinha nada.
Quando Ele diz que era manso e humilde (Mt 11), é preciso entender que Ele dizia isso na condição de quem usava uma canga (jugo). Oras! Quem usa canga? Cordeiro não usa canga, boi é que usa canga. Você já se deparou com um boi? Não tente. A menos que ele tenha uma argola de ferro em sua narina, único instrumento capaz de controlá-lo. A propósito, um boi com uma canga está de fato numa condição de mansidão e humildade, muito pelo instrumento (jugo), menos por sua personalidade.
Com os religiosos Jesus teve embates homéricos, jamais se reservou, se preservou ou ficou na retaguarda. Jamais. Jamais recolheu-se ou abaixou a cabeça.
A mudez na hora do holocausto (At 8) foi sinal de força, não de fraqueza. É o silêncio grandiloquente, o silêncio que fala. Pense nos kamikazes (os aviadores suicidas japoneses da Segunda Guerra). É uma vaga reminiscência do que fez o Cordeiro.
A Causa vale mais que as palavras.
A considerar o reduzido registro de suas palavras, podemos dizer que Jesus teve um verdadeiro bate boca com Pilatos (Jo 19), ele não ficou calado não, tão somente não respondeu uma de suas perguntas, de tão descabida. O mesmo se deu quando debateu com o sumo sacerdote (Mt 26).
O paralelismo com o cordeiro vale porque o animal morria no lugar das pessoas, que foi o que Jesus fez.
Quem gostava muito dessa figura era o evangelista João. Em seu último escrito (Apocalipse) ele o apresenta como um cordeiro, mas “oh cordeiro que é forte!”: Cheio de cifres e olhos, digno de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor, assentado em trono, administrador dos eventos futuros (selos), dono do Livro da Vida, vencedor, Senhor e Rei, santuário e lâmpada da cidade santa. Definitivamente: não há nada de fraco aqui. Nada de humilde, até porque humildade não é pensar menos de si, senão, menos em si, que foi exatamente o que Jesus fez quando não se prevaleceu de sua condição divina e veio a nós.
“Oh cordeiro que é forte!”.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Daquela hora

E então?
Quando vier sua hora? Não a hora de partir, que a rigor é um prêmio, mas a hora de enfrentar a oposição.
A quem recorrer? Com quem contar?
Aquela hora em que nos vemos sozinhos com um peso invisível enorme sobre os ombros.
Aquela hora em que não conseguimos fechar os olhos e ficamos rolando na cama.
Aquela hora em que tudo parece conspirar contra.
Aquela hora em que a difamação sobre sua pessoa parece que vai “pegar”.
Aquela hora que parece que ninguém acredita em você.
Aquela hora da perseguição aberta, ou, pior, da perseguição encoberta, em que não se sabe quais os passos que o inimigo dará.
Aquela hora da exposição indesejada.
Ela virá. Se tão somente você decidiu seguir Jesus, ela virá. Não há como escapar, a menos que você se conforme ao mundo.
Para uns é mais amena, mas não menos decisiva.
Para outros é absurda, revoltante, mas totalmente conclusiva.
Para uns é física, material.
Para outros é intangível, espiritual.
Para uns é aço em brasa na bigorna.
Para outros é osso quebrado em ferida exposta.
Para uns é fel na alma.
Para outros é fé abalada.
Ela virá. Se tão somente você decidiu seguir Jesus, ela virá.
Bom pra você que ela venha, pelo menos, em seu primeiro discurso Jesus deixou isso claro.
Bom pra você que ela venha, você se parecerá mais com ele.
Bom pra você que ela venha, você deixará de confiar em si mesmo.
Bom pra você que ela venha, você saberá que não está sozinho.
Bom pra você que ela venha, será a hora de caminhar o caminho.
Bom pra você que ela venha.
Aqui entra a igreja. Não aquela do CNPJ, não aquela do endereço, não aquela da agenda.
A outra. Acho que você a conhece.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Cordeiro/Leão

Quem daria a mínima pra ele?
Quem gastaria seu tempo em dar-lhe alguma atenção?
Quem deixaria de cumprir sua agenda com os poderosos para ouvir alguém falar de pássaros?
Quem deixaria a vaidade da vida social para acompanhar um pobretão?
Quem abriria mão da autoestima para deparar-se com alguém sem qualquer expectativa?
Quem se arriscaria a deixar de confiar na segurança do dinheiro para seguir os conselhos de alguém que orientava a distribuir os bens aos pobres?
Quem trocaria seus sonhos para estar perto de alguém que falava de flores?
Quem desceria de seu pedestal para estar com alguém que valorizava as crianças?
Quem seguiria os conselhos de um condenado?
Quem daria ouvidos a um desleixado?
Quem ousaria tornar-se seguidor de um que não dava a mínima para as instituições sociais?
Quem respeitaria alguém que honrava as mulheres?
Quem consideraria alguém que fazia acompanhar-se dos párias da sociedade?
Não! Ele não teve lugar lá e certamente não teria lugar aqui.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Deus está fazendo!

É tempo de “desconstantinizar” a igreja, se ela se pretende um instrumento de Deus.
Sim, chegou o tempo.
Foi ele, Constantino, o fundador do cristianismo, que estabeleceu o dia do sol (domingo) como o dia de culto para os cristãos. Foi ele quem começou a construção do que hoje se entende como a basílica de São Pedro, principal monumento da maioria dos cristãos, o que redundou na construção de milhares de outros templos mundo afora. Enfim, foi ele, como sumo pontífice que era (título romano dos imperadores), que estabeleceu a hierarquia na igreja, em que uns têm ascendência sobre outros.
Datas, lugares e pessoas especiais. Nada mais contrário ao evangelho do Nazareno. Ele jamais estabeleceu essas coisas. Por isso as coisas estão como estão. E haja pedição de dinheiro pra sustentar essas coisas.
A igreja de Cristo, e ela esta aí - a gente só não sabe aonde - não se reúne em datas, em lugares e debaixo de pessoas especiais.
Igreja é relacionamento. Relacionamento de iguais que querem ser iguais a Jesus, 7 dias por semana, em casa, no trabalho, na escola, no lazer, na intimidade da família, na prestação de serviço e sem hierarquia, todos sob a direção direta do Espírito Santo. Utopia? Pode ser, então, Deus é utópico.
Deus está fazendo e ninguém poderá controlá-lo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um show imperdível!

Basta clicar e assistir a uma coisa absolutamente impressionante, técnica ou musicalmente. Trata-se de um grupo de pessoas que não se conhecem entre si . É aqui que entram os técnicos de som e imagem voluntários e sem remuneração, que se ocuparam de captar o som de cada um dos "cantores", individual e mundialmente (são atuações ao ar livre e isso é extremamente difícil de fazer sem "ruídos exteriores"). Posto isto e remixado, atingindo um nível de pureza musical notável, chegamos a esta maravilha musical conseguida através de alta tecnologia, e que num instante junta as pessoas de todo o mundo, fazendo-as sentir e falar ao mesmo tempo a mesma linguagem universal... a música. Momentos como este, de grande dedicação e generosidade, fazem-nos ainda ter alguma esperança na "raça humana".




Dica da Danielly, gente de Barueri.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Democracia x genecracia/infocracia

Eu não tenho a menor simpatia pela democracia.
Não a acho isso tudo que as pessoas acham que ela seja (alguns a tratam como uma deusa), especialmente o sentimento que se não vivêssemos em uma democracia a vida seria um inferno. E ela não é um inferno? Ponha-se no lugar da imensa maioria brasileira e faça a pergunta de novo.
Ela é boa nos gabinetes políticos, nos centros acadêmicos, nos escritórios dos bancos, nos bancos dos shoppings centers. Sai daí, é um inferno.
Contudo, embora não seja profeta, penso que o fim da democracia se aproxima. Estão chegando dois grandes concorrentes a que se poderiam chamar de genecracia e infocracia, isto é, o poder da genética e o poder da informação, esta, ancorada na internet.
As pessoas e/ou povos que controlarem essas duas instituições (não acho palavra melhor para descrevê-las) controlarão o mundo.
Que pena. Há um tempo atrás eu achava que o anticristo não se apresentaria em uma pessoa, mas em um sistema, e esse sistema seria exatamente a democracia. Já não posso mais pensar assim se quiser ser coerente com o que disse acima.
Quem sabe então o anticristo não se apresentará exatamente como quem controla a genética e a informação?

Devaneios de uma mente tacanha

Uma reflexão mágica: segunda intenções

Muitos hoje se aproximam de Deus na mesma base em que os magos se aproximaram do menino recém nascido. Eles não estavam errados, pois não sabiam de quem se tratava. Já os de hoje!
Fica, então, a pergunta: por que manter a ignorância?
Aqueles só conheciam deuses com os quais se barganhava, aos quais era necessário agradar para obter seus favores.
Deuses cujos humores variavam, cujos temperamentos eram instáveis, aos quais se podia dar alguma coisa como de propriedade particular. Deuses com interesses escusos, deuses inconstantes, iracundos, coléricos, que estimulavam a competição, para os quais uns eram melhores que os outros.
Deuses que se agradavam de sacrifícios e oferendas, alguns dos quais, até de entidades vivas.
Tinha o menino alguma coisa a ver com isso? Não! Mas os magos não sabiam e então partiram para agradar-lhe com oferendas para merecer-lhe o favor.
Hoje essas oferendas têm outros nomes, mas a motivação é a mesma, o medo é o mesmo, a intenção é a mesma, a ignorância é a mesma, a barganha é a mesma.
Não existe essa relação que busca mostrar que Deus tem que ser agradado para então abençoar.
Deus, o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, em um determinado momento da história revelou-se como o Jeová e contava com os judeus para vir a ser conhecido em sua plenitude. Os judeus falharam. Eles o entendiam (pelo menos agiam assim) como mais um deus, talvez o maior deles, o que levou os outros povos a entendê-lo assim também.
Deus, soberano que é, continuou no seu propósito e em Jesus deu-se a conhecer totalmente.
Muitos entre nós o conhecem assim e quando dão dinheiro em suas comunidades o fazem para compartilhar com os irmãos, como o faziam os discípulos imediatos de Jesus. Que irmãos? Aqueles que estão presos, doentes, famintos, sedentos, que são forasteiros e estão com frio (Mt 25).
Outros há, no entanto, que insistem em dar e pedir dinheiro para merecer o favor de um deus que eles na verdade não conhecem.
A grande questão: não é isso tanto idolatria como qualquer outra coisa que se faça que não seja dirigir-se diretamente a Deus em oração e adoração sem segundas intenções?
Os magos fizeram escola!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um crucifixo

Um crucifixo
Uma cruz fixa
Uma crua realidade
De dor, paixão e conquista
De quem era a nudez exposta ali?
De quem eram as feridas que sangravam ali?
De quem era a condenação executada ali?
De quem era a solidão mostrada ali?
De quem era a vergonha sentida ali?
De quem era a fraqueza demonstrada ali?
De quem era a infâmia, a ignomínia, a mácula, a tirania?
De quem era o opróbrio, a execração, o anátema, a maldição?
Do Nazareno? Não! Dele é que não!
E as dores? Lancinantes. O que falar das dores?
As moscas rondando-lhe as narinas
O suor e o sangue a penetrar-lhe os olhos
Os pulmões ofegantes e oprimidos pelo peso do corpo que os pés já não sustentavam
Uma opção: deixar-se pendurar pelos pulsos
Ao sentir rasgarem-se, apoia-se nos pés, para imediatamente mudar de ideia
Terá sido em vão?
Isso sim lhe dói na alma e no coração
Sabe quem estava ali? A humanidade. Toda ela, inteira
Não por representação, é pura concreção
Ele conseguiu! Ali estavam todos: os de antes e os de depois
Terá sido em vão? Não. Acho que não!
Olhe pra você!
Não, não foi em vão

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um representante!?

Quem autorizou, a quem quer que seja, colocar-se como representante de Deus?
Não, Deus não tem representante, ou então Jesus estava errado.
Chame-o como quiser: guru, xamã, pajé, monge, mestre, guia, líder, conselheiro, rabino, sacerdote, reverendo, padre, papa, patriarca, profeta, pastor, bispo, apóstolo, pai espiritual, e o que mais lhe ocorrer.
Não, Deus não se faz representar por quem quer que seja.
Quando a religião privilegia datas, lugares e, sobretudo, pessoas especiais o objetivo claro, ou subliminar, é colocar essas instituições “entre” Deus e as pessoas, anulando, ou tentando anular, a obra da cruz.
Bem por isso João dizia: “Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida”. Isso está escrito na sua bíblia. Procure que você acha.
Lembre-se que os que andaram com Deus (Enoque, Noé e Abrão) não seguiam data, não procuravam lugares e nem se submetiam a pessoas especiais.
Não se engane: quando você se sente envergonhado por causa do escândalo que alguns trazem, ou pretendem trazer, ao evangelho, é porque você ainda não entendeu que Deus não tem representante.
Pode-se (ou deve-se) até recriminar o que essas pessoas fazem, o que deve ocorrer pelo mal inerente e presente nelas, não porque sejam representantes de Deus. Essas pessoas representam a si mesmas.
A relação de Deus com as pessoas é direta, pessoal. Menos que isso é tentativa de anular a obra da cruz de Cristo, cuja obra remete, inexoravelmente, à maravilhosa convivência na comunidade dos filhos de Deus. Comunidade de iguais em que Deus é Pai e nós os filhos. Uns mais velhos, outros mais novos, outros recém nascidos, mas todos, filhos.
É possível imaginar que, na convivência cotidiana de um lar, um filho precise marcar hora, via assessor, para falar com seu pai?
Alguém se contentaria em procurar o médico que seria capaz de curar sua chaga mortal e ser atendido por um enfermeiro?
Pois bem, o véu (que é Jesus) do templo (que é Jesus) foi rasgado. Lá está o sacerdote (que é Jesus) que ofereceu o sacrifício (que é Jesus) a lhe esperar.
Vá a ele, que indo a ele você vai ao Pai, direto, sem passar por ninguém.
É entrar em um e chegar ao outro.
É falar com um e ser ouvido pelo outro.
É olhar para um e enxergar o outro.
Simples assim. Sem datas, sem lugares, sem pessoas especiais.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pão e Vinho

Incrível!!!
Como pode? Deus, o portentoso, o imarcescível, inalcançável, inatingível, supra/super/sobrenatural reduzir-se a dois elementos físicos!
Pão e Vinho. Encontro do pó e da água, pois um veio de lá, o outro de cá.
Pão, nascido do trigo, gerado do pó.
Vinho, extrato da uva, água - com cor, cheiro e sabor - embalada.
Pó e água. Elementos fundamentais da criação.
Pão e Vinho, recipientes do Divino.
Pão e Vinho não é símbolo. Fosse, o Mestre teria dito.
Pão e Vinho é realidade. Realidade supra/super/sobrenatural, que transcende os limites do mundo físico.
Pão e Vinho é véu, é preciso ver através dele.
Se o Filho é do céu, o Pão e o Vinho são da terra.
O Filho, que não usurpou a condição divina, pois era de fato Deus, quis montar morada em elementos naturais.
Pão e Vinho, carne e sangue.
Pão e Vinho, vida divina estanque.
Pão como carne, Vinho como sangue, escândalo para os fariseus.
Carne no pão, sangue no Vinho, Deus nos filhos seus.
Quem absorve sem discernir, condena-se pois ignora, ignora o que há ali.
Quem ritualiza, empobrece a realidade (se possível fosse).
Quem “cerimonializa”, adoece de dura enfermidade.
Quem desvaloriza, distancia-se da Divindade.
Pão e Vinho, morada do Divino.

sábado, 15 de maio de 2010

Do véu

Ah! Há um véu.
Sim! Houve um véu. Você ouve? Então ouça: houve um véu. Há um véu.
Tudo converge para ele e nele: os tempos (passado e futuro), as eras (novas e velhas), as gentes (inclusive os crentes), o cosmo (macro e micro), enfim, o universo.
Aquela carne suada, enlameada, cuspida, ensanguentada, empoeirada, malcheirosa, depauperada, difamada, acusada, abandonada, fragilizada, desprezada, presa ao madeiro... é um véu.
Limite extremo do desconhecido, acesso possível ao conhecimento antes intangível.
No traspassamento daquela carne – rasgamento do véu - para o que a terra protestou em trevas e trovões, processou-se o rompimento da separação dos de baixo para com o Altíssimo.
O véu é uma carne. O véu é um caminho. O caminho é uma Pessoa, cuja carne é um véu, agora rasgado, portanto, traspassável.
É um caminho vivo. Mais que ir a Ele, é preciso ir Nele. Mais que encontrá-lo, por Ele se é encontrado.
É um caminho de via única. Os que voltam, na verdade nunca foram.
O véu, que é carne, carne e caminho, agora rasgado, dá acesso direto e irrestrito ao Divino. Sem intermediário, sem estágio, sem protocolo, sem cerimônia, tal e qual conseguiu o seu parceiro de cruz.
O véu está aí, pra quem quiser ver e ouvir.

(Hb 10; Mt 27; Jo 19)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ro de Liz

Não tivesse nascido gente, teria nascido flor
A mais linda delas
Não! Seria necessário somar a beleza de pelo menos duas para ousar semelhança
Seu amor inspira, conspira, transpira, comove. Chega a doer
Sua fidelidade fideliza
Sua entrega constrange
Sua maternidade lembra Deus
Sua “vóternidade” relembra Deus
Sua “mulheridade” satisfaz, à exaustão
Sua cumplicidade é tenaz
Não tivesse nascido mulher, teria nascido um conceito
Obstinada... sabe ponderar
Ingênua... sabe avaliar
Perspicaz... sabe simplificar
Pequena... sabe aconselhar
Grande... sabe compreender
Plena... sabe partilhar
Serena... sabe avançar
Impetuosa... sabe acalmar
Depauperada... sabe presentear
Ferida... sabe perdoar
Atacada... sabe relevar
Vaidosa... sabe ser discreta e vice-versa
Tem senões. Só fazem engrandecê-la

terça-feira, 13 de abril de 2010

O sábio, o mentor e o fanático

Diante da impossibilidade de cura pelos meios naturais, se alguém poderia socorrer o fanático por conta da chaga mortal que lhe acometia, esse seria seu mentor, pois, em tese, seria uma pessoa que teria acesso aos segredos cabalísticos e que poderia indicar o que o doente deveria fazer para “merecer” o favor do poderes superiores.
O mentor, no entanto, vendo-se incapaz de socorrer seu discípulo, sugere-lhe que procure um famoso sábio recém chegado àquelas paragens que teria, além de profunda sabedoria, poderes estranhos. O fanático segue as orientações de seu mentor/guia/pai/cobertura espiritual e sai à procura do sábio, ainda que contrariado, pois dependente de seu mentor, o que faz não sem antes beberem um copo de água juntos.
Quando se depara com o sábio, o fanático se decepciona e retorna ao seu mentor dizendo que ele não tinha aparência de sábio, longe disso, e tampouco nenhum diploma de qualquer espécie, além de ser feio e pobre, embora eloquente e destemido. O mentor reconhece que aquela figura de fato não estava de acordo com o padrão dos que se propõem a orientar as pessoas, mas que ele tinha alguma coisa de diferente e insiste com seu discípulo dizendo que ele não precisaria fazer nada além de pedir a cura para aquela figura meio esquisita. “Vai que dá certo”, dizia o mentor, “não custa tentar”.
O fanático volta, então, munido de dinheiro – vai que precisa barganhar – e de uma toalhinha, sempre providencial nessas horas, levando consigo outros portadores da sua famigerada doença, dos quais um era um tanto díspar dos demais, o que lhe valeu o menosprezo dos outros.
Ao encontrarem o sábio eles fazem o que foram fazer. Aquele homem, capaz de ler corações, percebendo a situação remete-os de volta ao mentor, pois vê neles pessoas religiosas, que queriam a cura mas não queriam abrir mão da segurança da religião que seguiam tão bem representada e dirigida por seu líder espiritual, o mentor.
Ao retornarem, se veem curados e vão correndo contar ao mentor que a orientação dele tinha dado certo e que ele sim era um grande cara, não aquele sábio estranho.
O doente que era dessemelhante dos demais não os acompanha, pelo contrário, volta ao sábio para agradecê-lo e prestar-lhe honra, o que surpreende o sábio que acaba dando-lhe um presente caríssimo que dinheiro algum poderia comprar, presente que os demais que não voltaram ficaram sem.

Qualquer semelhança não é mera coincidência.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Provisão x aprovação

Deus é o Jeová Jiré, isto é, o Deus da provisão, título que gera o famoso e popular “Deus proverá”.
A pergunta que fica é: é a provisão sinal de aprovação de Deus?
E o raciocínio recorrente/decorrente de que “muita provisão, muita aprovação” seria verdadeiro?
O nefasto capitalismo, cujas sementes remontam à época antes de Cristo, tem inúmeros defeitos.
A sua evolução (do capitalismo), passando pelos tempos de Cristo em que até seus discípulos pensavam que os ricos eram, por isso, abençoados por Deus, até a sua configuração moderna surgida com a Revolução Industrial do séc. XVIII, leva as pessoas a pensarem dessa forma, ou seja, quem tem muita provisão é um abençoado por Deus e, portanto, tem sua aprovação.
A considerar a história dos judeus e o discurso/postura de Jesus não é a essa conclusão que se chega.
História dos judeus
Para ficar em um exemplo, o maior deles, da provisão de Deus, veja-se o caso do maná. Foi um caso tão espetacularmente grande que um exemplar desse alimento foi colocado junto às Tábuas da Lei na Arca da Aliança como testemunha da provisão de Deus. Deus proveu, mas... ele aprovou o povo que recebeu o alimento? Procure a resposta.
Discurso/postura de Jesus
São inúmeras as referências aqui que levam a dissociar a provisão da aprovação, no entanto, citarei uma mais conhecida e extremamente chocante por ser tão direta e impossível de ser distorcida ou interpretada/acomodada conforme a preferência de cada um (o que a ortodoxia/teologia adora fazer). Refiro-me ao caso do jovenzinho rico que foi instigado por Jesus a deixar tudo que tinha para seguir seus passos, ou seja, ele deveria abrir mão da provisão de que dispunha para então candidatar-se a ser aprovado por Deus ao seguir os passos de Jesus. Candidatar-se, pois está posto que essa não é uma relação de causa e efeito, como é incorreto pensar que quem não tem provisão seja, por isso, aprovado por Deus.

Quer ver alguém convicto de que está de acordo com os propósitos de Deus? Procure os ricos, isto é, aqueles que têm provisão em abundância, porque eles são levados a associarem a provisão com a aprovação de Deus. O dinheiro tem esse poder. Mas, tem que ser dito: a pior riqueza é imaterial.

Das grandes figuras humanas que mais influenciaram a história para o bem não consta que tenham sido alvo de grandes provisões. Aqui não cabe nem falar de Jesus que aí seria covardia.

Deus, empobrece-me! Por muito ou pouco que tenha ou seja, empobrece-me! Quero me candidatar a ser aprovado por Ti.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sonho de igreja I

Sonhei uma igreja na qual desiguais sentam-se ao lado um do outro e conversam sobre como ser igual a Jesus
Sonhei uma igreja que divide, e dividindo, une
Sonhei uma igreja que subtrai, e subtraindo, soma
Sonhei uma igreja que emule o mundo com a concreção dos direitos iguais
Sonhei uma igreja que não precisa de manivela
Sonhei uma igreja desapegada para, então, seguir as pegadas de Jesus
Sonhei uma igreja que não copia do mundo o ritmo, mas tem um andar calmo, sereno e tranquilo
Sonhei uma igreja sem brilho e anônima, cujo único destaque é Jesus
Sonhei uma igreja que sofra, ainda que um pouquinho, que creia um pouquinho, que espere um pouquinho, que suporte um pouquinho
Sonhei uma igreja controlada, não por números, mas pelo Espírito Santo
Sonhei uma igreja que vai, ao sabor do vento que ninguém pode direcionar
Sonhei uma igreja que fica, apesar dos pesares
Sonhei uma igreja que descarta modelos. Jesus é mais que um modelo
Sonhei uma igreja que não classifica, que não escolhe, que não diferencia
Sonhei uma igreja sem uniformes, mas com uma forma
Sonhei uma igreja sem comandantes, mas com um comando

Aí... acordei

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Calar

Pai, afasta de mim esse cale-se!

Silenciar, compactuar, relevar
Ignorar, conformar, abonar
Concordar, harmonizar, acomodar
Afiançar, avalizar
Contemporizar, pactuar, admirar
Adulterar, barganhar, lucrar
Depravar, deturpar

Pai, afasta de mim esse cale-se!

Emudecer, condescender, absolver
Aquiescer, aceder, comprometer
Esconder, ceder, corromper
Perverter, distorcer, não ser

Pai, afasta de mim esse cale-se!

Aderir, anuir, consentir
Assentir, transigir, remitir
Fugir, mentir, sorrir
Poluir, cuspir, expelir

Pai, afasta de mim esse cale-se!

Pai, não me dê leitores.
Não me dê ouvintes.
Me dê a coragem de não calar.
Não importa o que eu tenha que pagar.
Eu sei que a solidão dorme ao lado.
Seu Filho mesmo, quando vivo, não tinha o pescoço inclinado.
Pai, se calar eu morro.
Não me deixe morrer, pois estou morrendo.
Morrendo porque me vejo como agente e promotor daquilo que renego.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Jesus x autoestima

Não sei não. Acho que Jesus não passaria pelo crivo dos psicólogos de plantão useiros e vezeiros na recomendação da elevação da autoestima (também entendida como amor próprio) como panaceia para quem não consegue lidar pacificamente consigo por não reconhecer o quanto precisa de Deus.
Jesus conta uma história em que narra uma pessoa cheia de si, confiante, praticante de boas atitudes, pretensamente justo, fiel no casamento, honesto nos negócios, próspero e feliz por essa condição, considerando que o que tem é seu e que pode arvorar-se em alguém que pode dar alguma coisa para Deus. Pessoa cheia de ascetismo, crente e que tinha um sentimento de superioridade sobre as demais pessoas que não eram como ele, considerando-as menores e desprezíveis, e por que não, descartáveis.
Quando olhamos para os crentes de hoje, os que ainda não são assim são estimulados a serem, sob pena de virem a reconhecerem-se como pessoas frustradas e perdedoras e que estariam fora do padrão aceitável para quem se propõe a seguir a bíblia.
Na mesma história Jesus mostra ainda a condição de outra pessoa. Pessoa essa desprezível na sociedade contemporânea de Jesus, considerada como integrante da parte mais baixa dela. Em tese, seria um desonesto, um materialista, avaro, enganador, cruel. Mas, diferentemente do primeiro caso da história, alguém que não ousava levantar os olhos a Deus consciente que estava de sua condição de necessitado da misericórdia de Deus, necessitado de que seus pecados fossem cobertos pelo amor de Deus. Essa sua condição revela um coração em que Deus pode operar, pois despojado de qualquer presunção ou pretensão em apresentar alguma coisa para Deus, material ou intangível, como intangível é o coração dos que têm a autoestima elevada.
Davi, um parente distante de Jesus, sentia-se como o segundo caso da história contada por Jesus. Ele, depois de doar fortunas valiosas para a construção de um templo no qual Deus seria adorado, acaba por dizer que diante de Deus ele se sentia como um estranho e que sua existência não seria mais que sombra, e que se podia dar alguma coisa para Deus era porque tinha recebido isso das mãos Dele.
Choque!!! Pasmo!!!
A conclusão da história contada por Jesus é que o segundo elemento da história, depois de reconhecer-se como se reconheceu, estava quite com Deus, tendo ainda a possibilidade de preceder àqueles que têm autoestima elevada quando da chegada do Reino de Deus.

sábado, 6 de março de 2010

Os primórdios da igreja

Desde que me converti, há 34 anos, eu vejo esse anseio das pessoas em reencontrar a igreja original, aquela que seria a plena expressão de Deus na terra e que elevaria a convivência humana à quintessência do relacionamento.
Para vários dos que li, dos que ouvi e com quem conversei essa igreja teria como modelo a comunidade descrita nos primeiros capítulos do livro “Atos dos Apóstolos”. Tenho que concordar que é um belo modelo, senão o melhor.
Para tantos outros, a simples menção dessa comunidade dos “Atos dos Apóstolos” causa espécie, muito porque não gostam da ideia de terem que dividir o que possuem, que foi o que aconteceu por lá.
Muito próximo dessa experiência chegaram os quakers, pode até ser que a ultrapassaram. Essa comunidade, surgida no séc. XVI, tem coisas fantásticas em seu meio como o não-clericalismo, a simplicidade, a não-intermediação de quem quer que seja no relacionamento das pessoas com Deus, a solidariedade, dentre outros.
Fato é que a igreja não começou em Atos. Não é para lá que devemos mirar. A igreja começou em Jesus. Continua em Jesus. E acabará em Jesus (essa não é uma expressão temporal). Exclusiva e suficientemente em Jesus.
A comunidade de Atos passou. Os quakers existem há tão somente 400 anos. O pentecostalismo há 100. Essas organizações e manifestações modernas não durarão mais que 50 anos.
Mas a igreja está aí. Como tenho dito: ninguém sabe onde, como e com que nome, mas ela está aí, tão certo como o ar que respiramos. Surpreenderemo-nos todos quando ela se manifestar publicamente com integrantes reconhecidos de todos os lugares (indicação mais que geográfica). Integrantes que não concorrem com Jesus (como se pudessem), que não concorrem entre eles, que não concorrem com o “mundo”, que não concorrem com as religiões.
Tão certo como o ar que respiramos, sem serem pernósticos, eles estão seguros do que são e do que devem fazer. Assim imagino, pois, parece-me, só pode ser assim. Tomara mesmo que sejamos surpreendidos e que a coisa toda aconteça de uma forma totalmente inusitada. Deus é bom nisso.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Os pergaminhos perdidos e o insucesso da igreja

Parece evidente, até para o mais superficial observador que a igreja não consegue cumprir satisfatoriamente seu papel na história humana.
É consenso que ela cresceu demais, se expandiu, se enriqueceu, especialmente depois que o Imperador Constantino no séc. III viu nela uma grande aliada e transformou a fé que ela pregava em religião obrigatória no império romano, o que resultou nesse cristianismo como o vemos hoje, em todas as suas vertentes.
Desde então ela jamais reencontrou a plenitude de sua força e razão de existir. Verdade que apareceram algumas pessoas como Francisco de Assis, Martinho Lutero e outras, mas que não obtiveram o sucesso desejado em reconduzir a igreja às suas origens.
A grande pergunta: Por que a igreja não dá certo?!
Acho desnecessário, mas farei um esclarecimento: a igreja em questão é essa instituição moderna como a conceituamos, em toda sua parafernália estrutural, hierárquica, predial, de poderio econômico, de rituais, teologias e sacerdotismo humanos, que tem como paralelo instituições como a ONU ou a Disneylandia.
Afinal, por que a igreja não dá certo?!
Em minha limitada visão eu acho que em seu insucesso a igreja cumpre seu papel. Isto é, se ela tivesse sucesso ela cresceria tanto que a obra redentora de Jesus, exclusiva e suficiente, perderia espaço. Cresceria tanto que se tornaria independente daquele que a instituiu, considerando que ele a instituiu. Aliás, mesmo com sua atual condição, isso já é verificável, ou seja, algumas igrejas já têm vida própria, prescindindo da direção direta de Deus.
No mesmo sentido, Deus escondeu os pergaminhos originais, embora haja um documentário de nome “A testemunha de Jesus” que demonstra existirem três minúsculos fragmentos de manuscritos que datariam dos anos 30 e que, portanto, seriam originais. A despeito dessa descoberta, que poderia mudar a história da pesquisa bíblica, o fato é que Deus escondeu os originais porque, penso, eles seriam de tal maneira valiosos que ofuscariam (como se pudesse) o próprio Escritor.
É momento de deixar de pedir que Deus abençoe o que fazemos e começar a fazer o que Deus abençoa (frase extraída e adaptada do site gruponews.com.br).

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O que vale mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta?

Belíssima linha de raciocínio do Messias. Mais uma. Sem par, exclusiva, fenomenal. Só alguém divinamente humano/humanamente divino para ter tal capacidade. Só ele. Como perdemos quando deixamos de lê-lo para ler outros! Pois bem, de acordo com sua (des)compostura, sim porque se existiu alguém que não dava a mínima para o que achamos coerente, o politicamente correto que corresponda ao comportamento padronizado por regras de manual, teológicas inclusive, esse era o Messias, assim sendo, ele não apresentou resposta à sua pergunta. Oras! A pergunta já a trazia (a resposta) a reboque.
Só ele tinha essa capacidade: dizer tanto com tão pouco.

O que vale mais?
- a casa ou o casamento
- o ar ou o vento
- o salário ou o trabalho
- a proximidade ou a amizade
- a uniformidade ou a cumplicidade
- a arte ou o artista
- o prédio ou quem o habita
- o encontro ou a busca
- o som ou a música
- a aparência ou a transparência
- a necessidade ou a suficiência
- o terno ou o terno afeto
- a roupa ou o corpo
- o corpo ou a alma
- o sorriso ou as lágrimas
- os dedos ou os anéis
- a tinta ou os pincéis
- a preguiça ou o cansaço
- o façamos juntos ou o deixa que eu faço
- a poupança ou a liberalidade
- o seguro ou a tranquilidade
- o descansar da alma ou uma alma, cansada, mas em calma
- o karma reencarnativo ou um destino corrigido
- a predestinação ou a re-destinação
- um ventre satisfeito ou uma mente inquisidora
- a quietude da paz ou uma paz inquieta
- a auto-estima ou um conceito adequado
- o livre-arbítrio ou um arbítrio regenerado
- o amor próprio ou o amor desapegado
- a satisfação pessoal ou a satisfação por igual
O que vale mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De Pedro e Paulo

Um, judeu
O outro, fariseu
Um, desde cedo entregue à dura lida da pescaria
O outro, desde cedo envolvido com a sagrada escritura
Um, um iletrado
O outro, muito bem formado
Um, intempestivo
O outro, extremamente reflexivo
Um, impetuoso, imprevisível
O outro, acusado de ter presença desprezível
Em comum: mudaram a história
Um, genro de sogra doente
O outro, solteirão carente
Um lançou mão de armas
O outro ensinou a lutar com outras armas
Um, de medroso a intrépido, mudou demais
O outro, de perseguidor a fugitivo, não retrocedeu jamais
Um andou sobre as águas
O outro por três vezes esteve sob as águas
Um, falante, viu seu Senhor resplandecente como o sol
O outro, eloquente, também
Em comum: dois discípulos da mais pura estirpe
Um teve uma revelação do céu
O outro subiu ao terceiro céu
Um, pobretão, achava que o rico, por si só, é um abençoado
O outro, bem colocado, achava que o rico está enroscado
Um viu Moisés e Elias no monte
O outro viu coisas que estão muito além do mais alto monte
Um, pra seu desespero, ouviu o canto do galo
O outro, desesperado, dizem que caiu do cavalo
Um deixou sua casa
O outro era construtor de barraca
Em comum: sem recursos materiais, materializaram o mover de Deus
Um, pescador de homens
O outro se dizia o maior pecador dentre os homens
Um não queria misturar-se
O outro só fazia misturar-se
Um recebeu a indicação que morreria de braços abertos
O outro tinha marcado todo o corpo
Um é tido como o primeiro papa, falácia
Do outro precisamos copiar o clamor: Maranata
Um promoveu e viveu a mais bela e fantástica comunidade
O outro combateu o bom combate
Em comum: ainda não nasceram iguais

E olha que eu não sou muito "fã" deles não. É que a admiração que tenho por Jesus e pelas coisas que ele falou é tão grande que sobra pouco para outras pessoas, a despeito do quanto tenham sido usadas pelo Espírito Santo.