terça-feira, 18 de maio de 2010

Pão e Vinho

Incrível!!!
Como pode? Deus, o portentoso, o imarcescível, inalcançável, inatingível, supra/super/sobrenatural reduzir-se a dois elementos físicos!
Pão e Vinho. Encontro do pó e da água, pois um veio de lá, o outro de cá.
Pão, nascido do trigo, gerado do pó.
Vinho, extrato da uva, água - com cor, cheiro e sabor - embalada.
Pó e água. Elementos fundamentais da criação.
Pão e Vinho, recipientes do Divino.
Pão e Vinho não é símbolo. Fosse, o Mestre teria dito.
Pão e Vinho é realidade. Realidade supra/super/sobrenatural, que transcende os limites do mundo físico.
Pão e Vinho é véu, é preciso ver através dele.
Se o Filho é do céu, o Pão e o Vinho são da terra.
O Filho, que não usurpou a condição divina, pois era de fato Deus, quis montar morada em elementos naturais.
Pão e Vinho, carne e sangue.
Pão e Vinho, vida divina estanque.
Pão como carne, Vinho como sangue, escândalo para os fariseus.
Carne no pão, sangue no Vinho, Deus nos filhos seus.
Quem absorve sem discernir, condena-se pois ignora, ignora o que há ali.
Quem ritualiza, empobrece a realidade (se possível fosse).
Quem “cerimonializa”, adoece de dura enfermidade.
Quem desvaloriza, distancia-se da Divindade.
Pão e Vinho, morada do Divino.

sábado, 15 de maio de 2010

Do véu

Ah! Há um véu.
Sim! Houve um véu. Você ouve? Então ouça: houve um véu. Há um véu.
Tudo converge para ele e nele: os tempos (passado e futuro), as eras (novas e velhas), as gentes (inclusive os crentes), o cosmo (macro e micro), enfim, o universo.
Aquela carne suada, enlameada, cuspida, ensanguentada, empoeirada, malcheirosa, depauperada, difamada, acusada, abandonada, fragilizada, desprezada, presa ao madeiro... é um véu.
Limite extremo do desconhecido, acesso possível ao conhecimento antes intangível.
No traspassamento daquela carne – rasgamento do véu - para o que a terra protestou em trevas e trovões, processou-se o rompimento da separação dos de baixo para com o Altíssimo.
O véu é uma carne. O véu é um caminho. O caminho é uma Pessoa, cuja carne é um véu, agora rasgado, portanto, traspassável.
É um caminho vivo. Mais que ir a Ele, é preciso ir Nele. Mais que encontrá-lo, por Ele se é encontrado.
É um caminho de via única. Os que voltam, na verdade nunca foram.
O véu, que é carne, carne e caminho, agora rasgado, dá acesso direto e irrestrito ao Divino. Sem intermediário, sem estágio, sem protocolo, sem cerimônia, tal e qual conseguiu o seu parceiro de cruz.
O véu está aí, pra quem quiser ver e ouvir.

(Hb 10; Mt 27; Jo 19)