quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A difícil relação humana

Parece-me que tudo é uma q u e s t ã o   d e   m o m e n t o.
A mesma opinião emitida por alguém de quem se goste e outra de quem não se goste provocará efeito diferente em quem a ouve.
Se alguém não está bem em seu relacionamento, em sua saúde, em suas finanças, dificilmente reagirá bem a observações que não lhe agradem. Se está bem, sua reação será outra.
Alguém no auge da pressão que a vida impõe comumente reage de acordo com essa pressão. Quem já passou por ela e sobreviveu, tem mais condição de relacionar-se satisfatoriamente com os outros.
Se as feridas que pessoas e situações provocam estão abertas, as reações das pessoas, via de regra, serão decorrentes dessas feridas. Se essas feridas já estão cicatrizadas, as pessoas consideram outras possibilidades.
Alguém traído dificilmente confiará em outras pessoas. Mas, se essa mesma pessoa encontra alguém em quem possa confiar, isso se refletirá na sua relação com os demais.  
Quem não se sabe perdoado, tem dificuldade em perdoar. Por outro lado, quando se abaixa o nível de exigência e expectativa em relação a si e às outras pessoas, o perdão flui graciosamente.
Parece-me que tudo é uma
q u e s t ã o   d e   m o m e n t o.
 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Ambiguidades


Uma parte de mim pegaria facilmente em armas, a outra me desarma
Uma parte de mim ora, a outra chora
Uma parte de mim quer agir, a outra quer fugir
Uma parte de mim quer falar, a outra quer calar
Não sei o que fazer, não sei para onde ir
Será que morrerei assim?
Uma parte de mim consente, a outra mente (!?)
Uma parte de mim clama, a outra reclama
Uma parte de mim teme, a outra geme
Uma parte de mim adere, a outra fere
Não sei o que fazer, não sei para onde ir
Será que morrerei assim?
Uma parte de mim é o legal, a outra um chacal
Uma parte de mim é o bonzinho, a outra um monstrinho
Uma parte é o alegre, a outra uma peste
Uma parte de mim é o coelho, a outra um fedelho
Não sei o que fazer, não sei para onde ir
Será que morrerei assim?
Uma parte de mim é o companheiro, a outra um estrangeiro
Uma parte de mim se comporta, a outra se revolta
Uma parte de mim se revela, a outra gela
Uma parte de mim dá, a outra também
Não sei o que fazer, não sei o que pensar
Será que morrerei assim?

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ro de Liz IV


O que eu lhe falar será de menos
Deixe-me admirá-la, ao menos
Nesses trinta anos ganhamos e perdemos
Sorrimos e choramos,  aconselhamos e lamentamos
Pelo sim pelo não, vencemos
Pedi pouca coisa para Deus: uma mulher, filhos, e a amizade deles e entre eles. Estou absolutamente no lucro. Assim, não troco o que tenho pelo que não tenho.
Pérola roubada de um andarilho simples como eu de quem não sei nem o nome: “Só não sou mais feliz porque Deus já meu deu uma família linda”.
Não sei se a amo. Se é amor o que estou vendo por aí. Então não a amo.
Pois, no que sinto, não há a possibilidade de traição, de troca, de encerramento.
Acho que a amo. Se é amor a cumplicidade, a amizade, a proteção, a compreensão, o perdão, o prazer genuíno e exclusivo, o respeito, o não julgamento, de parte a parte, então a amo. E sou amado.
Dentre tantos sentimentos, posso dizer que sei o que é ganhar a sorte grande.
Dentre tantos pensamentos, posso dizer que sei o que é construir uma história relevante.
Dentre tantos acontecimentos, posso dizer que sei o que é ser um amante.
Enfim, se é que se pode terminar um texto desse: estou amando. Há trinta anos.
02/01/1982 - 02/01/2012