quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Ainda há

Ainda há, há sim, procurando acha.
Eu mesmo conheço uma comunidade de seguidores do Nazareno que quando um de seus membros, de recursos reduzidos, não podendo reformar sua casa, muito prejudicada pelas chuvas e águas de um ribeiro, essa comunidade se cotizou e pôs abaixo a casa dele para construir uma nova. Fraternidade pura.
Que quando uma vózinha precisou fazer uma urgente operação na vista, essa comunidade novamente se cotizou e levantou os recursos para a cirurgia.
Que quando um de seus irmãos de outra comunidade irmã em uma das regiões mais pobres do país (leia-se sertão do Piauí) não tendo como estudar, essa comunidade deu uma bolsa integral em universidade além de manter o jovem na cidade grande, com a ajuda de um empresário e de uma organização. Cidadania pura.
Que quando convocada, passa 24 horas orando em revezamento entre os seus membros. Espiritualidade pura. 
Uma comunidade empenhada com o campo missionário.
Uma comunidade que entre seus pregadores regulares, com destaque para as mulheres, faz os ouvintes se sentirem como se estivessem ouvindo o Próprio.
Uma comunidade que ainda tem aquele pastor “pastor”.
Uma comunidade que tem teólogos.
Uma comunidade que valoriza as famílias. As casas. 
Uma comunidade pequena mas relevante. Que luta com as finanças como qualquer outra. Que pode até crescer - muito, mas se for para perder essas características, tomara que não cresça - muito.
Uma comunidade eclética, mas que procura cuidar de todos no particular.
Uma comunidade em que as pessoas são valorizadas pelo que são e em que não precisa haver representação.      
Tem defeitos e imperfeições e limitações? Claro!
Mas ainda há comunidades sérias.

Procurando acha.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O ideal e o real

O ideal antagoniza a realidade. O que importa é o real, que é o que realmente existe.
O ideal são as projeções, os desejos, os sonhos, as proposições, as propostas, os anseios.
O real é o que é. Ponto.
Assim, qual a democracia reinante nessas paragens tupiniquins? A ideal, ou a real?
A resposta, se se pretende séria, tem que abranger todos os quadrantes da sociedade, pois não é democracia o que favorece somente uma ou algumas parcelas dela. Ou, pelo menos, não é a democracia real, mas a ideal.
A democracia ideal comporta xenofobia, neonazismo, segregação, discriminação, desigualdade, disputas, ataques, o anseio pelo poder, o uso do poder pelo poder, o abuso do poder.
A democracia ideal restringe-se ao voto, tido como exercício de cidadania, de direito, quase uma quimera de liberdade.

A democracia real... bem... a democracia real... humm...

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Uma igreja acéfala

A igreja moderna tem vida própria. Quase se pode dizer que ela não depende de Deus para existir.
Se foi concebida como um corpo, em que a cabeça seria divina, hoje há uma criatura meio assustadora em que princípios seculares é que a sustentam com seus estatutos e diretorias democráticas, e com recursos, muitos, à disposição.
Muito se ora, mas para que o Senhor abençoe “a obra de nossas mãos”.
Ora! O que é a democracia senão o homem falando: “Deus, por favor, por um momento, recolha-se à sua soberania que agora nos precisamos nos ocupar do nosso destino, tão somente nos ilumine para que não façamos besteira, mas deixa com a gente”.
Essa não dependência é coisa antiga. Já nos primórdios da igreja os primeiros discípulos não esperaram pelo Senhor e na falta do 12º apóstolo partiram logo para o sorteio a fim de escolherem o substituto.
Tá na cara que o 12º apóstolo seria o Paulo, o de Tarso. Mas, fazer o que, né?
Como Deus é soberano ele não ligou muito não e cumpriu sua agenda.

Ele sempre cumpre sua agenda, que não é a desse século.

Ornitorrinco Madiba

domingo, 19 de outubro de 2014

O gênio da lâmpada

Medo. Muito medo.
Não é em uma cabine com uma maquininha eletrônica que se toma os rumos da nação ou as rédeas do destino nas mãos.
Isso meio que se assemelha àquela lâmpada mágica que quando esfregada liberta um gênio que satisfaz os desejos de quem a esfregou.
Não é uma pessoa que dará jeito no negócio.
Tem pelo menos um exército de 600 pessoas que jogam o jogo do “quanto eu levo nessa?”. Pessoas que estão lá para garantir o futuro... delas, e dos seus.
É o que eles querem: que as pessoas acreditem neles. Faz parte do jogo.
Fala-se em alternância de poder. O problema não está na alternância, está no poder. É muito poder para uma pessoa. Ninguém é capaz de dar conta de tanta responsabilidade.
São mais de 200 milhões de pessoas, mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, rios de dinheiro de impostos para ficar nas mãos de uma pessoa. Ninguém dá conta. Muito menos esses que estão aí.
A democracia está doente, moribunda. Os menos favorecidos, os pobres, não são contemplados por ela. Ela serve às classes de cima, pra elas o jogo democrático não pode mudar.
Um número: 47% das riquezas do mundo está sob controle de 1% da população mundial. Muito dessa gente está em países democráticos.
Medo, muito medo, porque essa é uma nação que não ouve quem a pode redimir de seu destino cruel.

Medo, muito medo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Teorizando a bagaça

É o indivíduo que determina a relevância do coletivo. Seja ele um partido político, ou um governo estabelecido. Seja uma igreja (como personalidade jurídica) ou um clube social. Seja uma agremiação ou uma tribo.
É o indivíduo o protagonista. Seja ele europeu, americano, africano ou asiático.
É o indivíduo que pensa, reflete, reage, avalia e interfere em seu destino.
Não é o coletivo. Qualquer um dos citados acima sucumbem em relevância para o indivíduo.
Em nome da convivência em sociedade exaspera-se a convivência grupal, em detrimento da individualidade com todas as suas nuances.
Quero destacar aqui o caso dos introvertidos, dentre os quais me coloco.
Introversão não é defeito. Não é pecado. Não é doença.
No entanto, a coletividade não aceita a introversão e quer porque quer incluí-los em sua agenda.
Não! Deixa a gente!
Nem por isso essa gente é uma gente fechada, hermética, tímida. Pelo contrário, grandes introvertidos afetaram a história humana: Steve Jobs e Einstein, por exemplo.
Voltando.
Governos, igrejas, e mesmo empresas, têm que “falar” com o indivíduo, não com a coletividade.
Quando a sociedade alcançar essa capacidade, penso que estaremos evoluindo.
Na contramão desse comportamento reside a dependência de uma personalidade - política, religiosa ou empresarial - que coloque o coletivo nos eixos.
Triste uma sociedade em que a coletividade exacerba-se da individualidade.

E viva o Nazareno.

sábado, 11 de outubro de 2014

Ecce homo

Com essa expressão Pilatos apresentou o Cordeiro Bendito aos seus algozes: os judeus, os romanos, você, eu.
Assim... impossível ficar impassível. Insensível. Indiferente diante de Ecce homo.
Ele não tinha que estar ali vituperado, fragilizado, escarnecido, escarrado. Não precisava.
Dali foi para a cruz, que, como objeto, é detestável, execrável e maldita, mas como um conceito, uma experiência, um caminho, é o de que todos precisam.
Suas palavras e testemunho não podem ficar restritos a um sistema: o religioso.
Se a humanidade quer encontrar um caminho, uma razão, um destino, uma causa, um sentido, um equilíbrio, uma justiça que outros sistemas (democracia, capitalismo, comunismo, socialismo, ciência, economia de mercado, globalização, pós-modernidade) não conseguem lhe entregar, ela, a humanidade, tem que considerar urgentemente o que Ecce homo tem para falar.

A sociedade moderna é uma sociedade surda, incapaz de ouvir quem a pode redimir.