quinta-feira, 26 de março de 2015

Teologia de calçada (1)

Os evangelhos, de forma exclusiva, são recheados de pérolas, as mais belas.
Uma delas: não se ocupar com o dia de amanhã. Que coisa mais sensacional.
Isso, vivido, causa um efeito devastador em qualquer tipo de ansiedade.
O que está em foco não é o planejamento, a preparação para as coisas vindouras, mas viver em função destas coisas, sobre as quais não se tem domínio, o que é deveras estressante.
Se Deus está no controle de todas as coisas? Pode até ser, Ele tem poder para isso, só acho que Ele não quer. Acho que seria uma coisa meio sem graça.
Penso que Ele quer estar no controle daquilo que alguém Lhe entrega, entrega que é o que de mais inteligente esse alguém pode fazer.
Contudo, se é imperioso sentir que Ele está no controle de todas as coisas, oras, não há problema.
O problema é a ansiedade que tomou conta da sociedade moderna com a velocidade de informação e profusão de conhecimentos, o que, infelizmente, não tem se transformado em sabedoria, sabedoria que consiste de não se ocupar com o dia de amanhã, por exemplo. 

sábado, 21 de março de 2015

Uma nação bipolar

Essa polarização entre PT x PSDB, Dilma x Aécio, Direita x Esquerda só faz retroalimentar o caótico sistema em que a vive nação brasileira, num maniqueísmo refratário e estéril pelo qual as partes se atacam (se deixar eles se atracam) em nome de seus próprios pontos de vista, que será sempre, oras!, a vista de um ponto.
Sempre se dependerá, ad eternum, de um salvador da pátria, ficando a participação popular restrita a alguns movimentos e sobretudo ao período eleitoral. Aliás, até o recrudescimento da força eleitoral já é possível notar quando se diz que se esse ou aquele ganhou legitimamente a peleja então ele tem o direito de desfrutar dos seus 4 anos de glória (mas não eram só 15 minutos?).
Democracia é mais que voto.
Partidos políticos não têm que ter a predominância sobre a condução da democracia.
Os que são eleitos não são, magicamente, transmutados em autoridades. São servidores.
Economistas já demonstraram que podem colaborar muito pouco.
Jornalistas e a mídia em geral idem.
Infelizmente, as instituições religiosas também. 
O povo de uma nação está, e é bom que seja assim, por sua conta.

O caminho, penso, passa por conscientização, engajamento e mobilização, mas sem argumentos sexistas, generalistas, classistas, discriminatórios, xenófobos, ou o que quer que venha determinar uns e outros como melhores ou piores.    

Nessa estrada só quem pode me seguir sou eu

Tão certo quanto o ar que eu respiro
Eu sei para onde estou indo
Direi: estou indo para lugar algum
Se é certo que o sucesso não é um lugar onde se chega
Mas a jornada
Então, estou indo, sempre, sem chegar, mas já estando lá
Mesmo porque não quero chegar a lugar algum, mas a Alguém
Tão fenomenalmente amplas são as dimensões desse Alguém
Que não há uma única maneira de se chegar a Ele
Até porque se chega a Ele por Ele
Então, indo por Ele, já se chegou a Ele
Estando Nele, se está indo sem ter que chegar a qualquer lugar 
Não O reduza a um fundador de religião
A líder de uma tribo
A um serviçal cósmico
A alguém de quem se possa cobrar o que quer que seja
A alguém a quem se possa interpelar
A alguém a quem se possa esquadrinhar e definir
Quem há na minúscula existência humana que assumiu “ser” o caminho
Quem há na minúscula existência humana que assumiu “ser” a verdade
Quem há na minúscula existência humana que assumiu “ser” a vida
Fundadores de religião não tinham essa pretensão, nem a coragem
Quando líderes assumem qualquer ascendência sobre quem quer que seja, estão usurpando uma condição
Assim é
Acho!

Ornitorrinco Madiba