quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Para chegar lá

Some todos os sorrisos
Some todas as inteligências
Some todas as verdades
Some todas as belezas
Some todas as sabedorias
Some todas as vertentes
Some todas as fontes
Some todas as intensidades
Some todos os amores
Some todas as pazes
Some todas as justiças
Some todas as genialidades
Some todas as forças
Some todas autoridades
Some todas as liberdades
Some todas as coragens
Some todas as valentias
Some todas as esperanças
Some todas as vidas
Some todas as alegrias
Some todos os caminhos
Some todos os tempos
Some todas as eras
Some todos os universos
Some todos os princípios
Some todas as ideologias
Subtraia alguns caixotes limitadores da sua mente
E você chegará a Jesus

Seria a adoração um êxtase?

Seria a adoração um êxtase?
Talvez uma parte, mínima, o que não tira a legitimidade dessa prática. Alguns grupos americanos, há um australiano, há alguns no Brasil em São Paulo e Belo Horizonte que são treinados na arte de produzir êxtase, o que consiste de algumas técnicas de ficar fazendo um rife na guitarra, com a bateria e o baixo sustentando e com um string do teclado e o vocalista a repetir vezes sem fim uma frase. Pronto: não há quem não entre em êxtase (alguns até em transe). Contudo, isso faz parte do ser humano e é gostoso, não há, a priori, o que condenar aí.
Tão humano que o rei do pop, Michael Jackson, quando cantava, por exemplo, You are not alone (você não está sozinho) levava, sozinho, as turbas ao delírio.  
Então, esse momento de êxtase faz parte.
O negativo é quando se confunde isso com adoração. Aí não né?
Esse êxtase, legítimo e consciente, é uma partezinha da adoração, pois tudo em nós deve apontar para a adoração a Deus, inclusive esses momentos de êxtase.
Mas adoração vai muuuito além.
Assim como o jejum verdadeiro não consiste de privação alimentar, mas de ir na direção do outro, a adoração vai por aí também. Ela não consiste de alguns momentos gostosos de desfrute musical, mas de ir na direção do outro, especialmente daqueles que não fazem parte do nosso meio.     

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dose dupla

Se é verdade que violência gera violência, que maus tratos geram maus tratos, então é verdade que amor gera amor.
Então... maridos e esposas: amem-se. Incondicionalmente, amem-se. Visceralmente, amem-se. Corrigindo-se, consertando-se e abrindo mão, amem-se. A possibilidade de dar certo é muito grande. Ainda que você não se sinta correspondido, ame! Você irá arrancar amor, verdadeiro, da outra parte.
Bem verdade que para ‘toda exceção há uma regra’(?) e pode ser que no seu caso não ocorra. No mínimo você poderá dizer que foi ao extremo, aí... azar o dele, ou dela, perdeu um amante de primeira.
Em nome da família e da perpetuação do casamento.   

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Mammoncracia = poder do dinheiro

Dizem que vivemos em uma democracia. Democracia quer dizer ‘poder do povo’. Ok. Mas o nó está em que o povo só pode escolher entre aqueles que o poder financeiro estabelece, logo... o poder é o do dinheiro.
Veja o caso da Lava Jato. A operação revelou que muito foi embolsado pelos canalhas. Contudo, se comparado ao montante total, é uma parcela menor. O grosso do que foi desviado foi para financiamento de campanhas eleitorais, por isso há tanto envolvimento dos partidos políticos. Esses partidos, com dinheiro à vontade, escolhem então quem serão os indicados para colocar sob eleição. A conclusão fatal: é o poder financeiro que determina os possíveis eleitos, sejam eles de um ou de outro lado.
O povo, de sua parte, fica à mercê daqueles que têm muito dinheiro para fazerem campanhas. A democracia está viciada. Ela não está conseguindo cumprir o objetivo para o qual foi criada. Urge descobrirmos uma opção à democracia. Ainda mais a essa democracia capitalista que está aí.
Pelo amor de deus: não estou falando de ditadura, de revolução armada, de comunismo, ou que tais.         
Só uma obtusidade muito profunda não permite ver que é preciso encontrar uma opção ao que temos hoje.
Democracia não é uma deusa (embora alguns achem que sim).  Não é eterna. Não é perfeita. Muito pelo contrário, né?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Em nome da nação

Não consigo ver como é possível alguém de bem defender o Lulla, a Dilma et caterva, como é impossível fazer o mesmo com FHC, Aécio, Temer et caterva. São todos iguais e estão a serviço da classe dominante, do poder financeiro.
O momento da nação requer unidade, união, mas o que se vê das pessoas são ataques de uns aos outros, com ofensas mesmo, que vêm muito daquele sentimento de despeito tão presente no coração humano.
Infelizmente não há uma liderança capaz de unir as pessoas, assim, a única possiblidade é as pessoas se unirem pelo bem comum. O povo está por sua conta, nem mesmo com uma mídia isenta e idônea se pode contar. 
O Moro até parece ser do bem, e torço por ele, mas faz parte de um poder corrompido e comprometido. Não poderá fazer muito além do que está fazendo: prender os canalhas, o que é muito, mas não resolve a questão. A união não deve ser em torno dele, mas em torno da nação.
Há muito por fazer. Esse país precisa ser reconstruído. As lideranças que passaram tiveram sua chance, mas aderiram, todos eles e coisa ficou pior.

Os que capitanearão essa jornada, essa reviravolta, estão entre nós e estão prestes a mostrar sua armas. Façam-no logo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Deu errado!!!

Deu errado!!!
Por que tanta dificuldade em aceitar?
Nem Fidel, nem Obama, nem Trump, nem Lulla, nem Dilma, nem Aécio, nem FHC, nem Temer, nem Angela Merkel, nem Putim, nem Xi Jimping (China), nem Theresa May (Reino Unido), nem Shinzo Abe (Japão), nem Benjamin Netanyahu (Israel), nem João Paulo II, nem Francisco, nem Macedo, nem Malafaia (argh!), nem o capitalismo, nem a democracia, nem o comunismo, nem a ditadura, nada nem ninguém conseguiu acabar com o mais flagrante atentado à humanidade: a fome.
Pra não falar das malditas guerras, da degradação do meio ambiente, da violência urbana, do caos das cidades grandes.
Deu errado? Muito porque o sábio, guru, mestre, rabi de Nazaré é mantido como líder de uma religião que se apresenta circunscrita a quatro paredes em que alguns iniciados se mantêm como intérpretes dele mantendo as seletivas turbas distantes da realidade.
Ele veio para dar jeito. As palavras dele estão ali para frequentar os palácios presidenciais, os congressos nacionais, as câmaras legislativas, as salas de aula, os centros do poder. Mas... não. São palavras que incomodam, oras! Incomodam propriamente dito aqueles que se dizem seus seguidores, o que se dirá dos demais?
Deu errado!!!     

sábado, 10 de dezembro de 2016

Do maniqueísmo

Maniqueísmo é uma parte da filosofia em que se enxerga o mundo somente sob dois aspectos: ou o bem ou o mal.
Olhando nossa sociedade eu consigo enxergar um maniqueísmo político em que ou se está de um lado ou se está do outro.
Se não, veja: se alguém não é PT, então é PSDB e vice-versa. Se alguém não é democrata, então é pela ditadura. Se alguém não é capitalista, então é comunista. Se alguém não é Obama/Trump, então é Fidel. Se alguém não é Lulla, então é Aécio. E por aí vai.
Não se deixe enganar. São todos e tudo a mesma coisa. Especialmente nessa semana aqui no Brasil, isso ficou cristalinamente comprovado.
Se o PT é ruim, o PSDB também é. Se a democracia é ruim, a ditadura também é. Se o capitalismo é ruim, o comunismo também é. Se o Obama/Trump é ruim, o Fidel também é. Se o Lulla é ruim, o Aécio também é.
Mas... o que resta, então?
Sei lá. Em política? Acho que nada. Essa semana deixou isso muito claro.
Ou Deus intervém, ou já era.

Aliás, Ele já interveio. Feliz daquele que consegue enxergar. Estou tentando.   

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A zoocracia na Floresta Brasilis

A tartaruga Sinja vendo sua situação indo de mal a pior resolveu concorrer a um cargo no governo para tentar melhorar sua condição e de sua família, afinal de contas o boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, estava tão bem e era tão próspero! Para isso tratou de estudar a respeito da zoocracia procurando a coruja que era o bicho mais capacitado para isso. A coruja, por fim e enfim com um aluno em mãos, iniciou ensinando-lhe o mais fundamental, sagrado e inabalável princípio da zoocracia formulado da seguinte maneira: todo poder emana da bicharada e em nome da bicharada será exercido. A partir daí foi passando outros conceitos como: a zoocracia é o poder do bicho, pelo bicho e para o bicho, todos são iguais perante a lei, etc.
O boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, ficou sabendo das intenções da tartaruga Sinja e começou a articular-se para se precaver de qualquer tentativa de mudança, por mínima que fosse, no cenário geral da Floresta Brasilis que lhe era tão conveniente, colocando as antas para fazer lobby junto aos outros bichos.
A tartaruga Sinja foi aprimorando seu aprendizado da zoocracia admirando-se do quão bom e bonito era esse sistema, embora a coruja, honesta que era, houvesse falado que já havia sido dito que “tirante todos os outros sistemas a zoocracia era o pior deles”.
Nisso, o pombo-correio veio trazer informações a respeito de uma comunidade existente na Floresta Brasilis formada por bichos vindos de outra floresta. Era a comunidade das ovelhas. Não era uma comunidade fechada, qualquer bicho poderia fazer parte dela, até o boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, poderia entrar, embora fosse muito difícil, pois teria que passar por um buraco do tamanho do furo de uma agulha para entrar lá. Imagine! O que chamava a atenção mesmo nessa comunidade era que entre eles não havia a zoocracia. O poder nessa comunidade provinha de outra origem que não dos próprios bichos, no entanto, a igualdade lá não era somente um direito mas um fato, diferente da atual situação da Floresta Brasilis. Nessa comunidade todos eram absolutamente iguais, ninguém se destacava dos outros, ninguém tinha melhores acomodações que os outros, nenhuma delas passava necessidade ou qualquer tipo de privação pois as ovelhas repartiam o que elas tinham entre elas e até com os outros bichos que elas sabiam que estavam em apuros.
O boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, ficou sabendo das atividades do pombo-correio e mandou às antas prenderem-no, fazendo-o calar. Na verdade ele queria prender também a coruja, mas daria muito na cara o seu “maucaratismo”. O boi tem urticária por notícia nova e boa. Para ele quanto pior, melhor. Por conta dessa atividade toda o boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, não estava conseguindo tempo para estrear as 600 patas eletrônicas que ele havia adquirido, as quais se somariam às suas 66 outras.
Por falta de maiores esclarecimentos a respeito daquela comunidade da qual o pombo havia falado, a tartaruga Sinja teve que desenvolver seus conhecimentos sobre a zoocracia com as informações passadas pela coruja, tendo em mente o forte propósito de concorrer a um cargo na próxima eleição.
O boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, já tinha os votos de todas as antas e de todos os alegres e saltitantes cervos, pois em troca dos votos deles eles recebiam uma porção de uma ração importada que era uma delícia. Essa ração era coisa fina, de marca e era a sensação da floresta. Esperto que só, o boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, partiu pra cima de vez aumentando o poderio das antas no lobby que elas faziam junto aos demais bichos dizendo para eles abordarem principalmente as formigas por três motivos: de longe elas formavam o maior eleitorado, eram muito disciplinadas, não tinham tempo para nenhuma outra atividade que não fosse o trabalho, sequer para estudar elas tinham tempo. O boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, mandou as antas entregarem uma folhinha de pau-brasil para cada formiga em nome de sua bondade. O interessante é que em cada folhinha o boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, conseguiu imprimir a sua foto. Coisa de última geração. O boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu, acreditava na zoocracia e na igualdade que ela propunha com dois pequenos detalhes a mais. Para ele “uns eram mais iguais que outros” e “os fins justificam os meios”, isso é, em nome de seu conforto e de seus bezerrinhos vale qualquer coisa, especialmente porque seus bezerrinhos estavam cobrando aquela viagem de férias.
A tartaruga Sinja até que conseguiria alguns votos pois a anaconda e a mula-sem-cabeça não gostavam do boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu. Ela procurou o bicho-preguiça e ele falou que do jeito que estava, estava bom para ele pois já tinha a sua árvore e o boi não estava mexendo com ele. A posição do mico-leão-dourado foi a mesma no que aproveitou para reafirmar sua filosofia de vida: cada macaco no seu galho e o sol para todos.
O papagaio, coitado, só sabia falar: “Isso não é justo!”. A tartaruga Sinja então nem quis contar com ele.    
A tartaruga Sinja, vendo as atividades do boi Tatá, irmão do boi Tutu, os que gostam de dinheiro pra chuchu e percebendo seu poderio entrou em parafuso pois a coruja a fez acreditar na zoocracia mas ela percebeu que o que havia na Floresta Brasilis não era a zoocracia. Ela foi procurar, então, o pombo-correio. Para sua surpresa ela o encontrou com a asa quebrada e sem voz pois havia tomado um “susto” muito grande na prisão a ponto mesmo de não se lembrar de nada do seu passado recente.

A tartaruga Sinja voltou então a procurar a coruja para acertar as coisas em sua cabeça. A coruja, triste, envergonhada e acabrunhada recebeu seu tão aplicado aluno e revelou-lhe que as coisas eram assim mesmo, isto é, “a teoria na prática é outra”.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O boi Tatá e a tartaruga Sinja na Floresta Brasilis

O boi Tatá e a tartaruga Sinja na Floresta Brasilis
De repente surge a tartaruga Sinja com uma cicatriz enorme em seu casco impressionando a todos os animais da Floresta Brasilis. O que teria acontecido com a coitada era o que todos perguntavam com olhar de espanto e curiosidade. Abordaram-lhe, então, capitaneados pela temida onça e perguntaram o que teria acontecido para que ela estivesse passando por tamanho sofrimento. Ela respondeu do alto de sua resignação:
- O boi Tatá, irmão do boi Tutu, ao atravessar um lamaçal em direção à sua empresa e não querendo sujar suas patas, ordenou-me que me colocasse sobre as poças para que ele pudesse atravessar. Todos lá de casa estão assim machucados, pois todos vocês sabem que ele tem 66 patas e todos foram convocados para a tarefa, logo nós que estamos com o QDI em dia.
A temida onça balançou a cabeça e disse:
- Esse boi não tem jeito mesmo!
A anaconda deu o seu silvo, se é que silvo sabe dar, e recolheu-se às profundezas de sua existência.
O bicho preguiça, rapidinho e mais que depressa, o que, convenhamos, não é tão rápido assim, falou:
- E u   n ã o   t e n h o   n a d a   a   v e r   c o m   i s s o.  C a d a   u m   é   c a d a   u m, com o que o mico-leão-dourado concordou dizendo:
- Cada macaco no seu galho. Cada um por si e o sol para todos.
O cervo sequer entendeu o que estava ocorrendo e correndo foi-se, saltitante, feliz por mais um dia desfrutar da sua capacidade de correr e saltar. Ele tinha conseguido importar um jogo de ferraduras próprias para cervos. Sabe?! Coisa de qualidade, de marca, tinha até etiqueta, ele não podia perder tempo para demonstrar sua mais nova aquisição. Ele havia comprado também um pombo correio de bolso e não via a hora de mandar mensagens para os outros cervinhos e cervinhas.
O papagaio discursou:
- Isso não me parece muito justo. O boi tem todos os recursos para construir uma ponte e fica oprimindo assim as tartarugas, além do que ele não paga o QDI dele. Isso não é justo! Isso não é justo! Isso não é justo! E papagaiando voou.
A coruja olhou, pensou, refletiu, analisou. Foi-se. Voltou. Todos imaginavam que ela teria algo a falar, que ela teria a resposta para a origem de tão grande desplante. Mas ela não se manifestou e triste retirou-se dali.
Na semana seguinte foram os jabutis que apareceram marcados, pois a tartaruga Sinja vendo que o boi Tatá, irmão do boi Tutu, não tomaria as providências para a construção da ponte, foi-se embora da floresta, passando a habitar o cerrado. Os jabutis, coitados, ficaram com as mesmas marcas das tartarugas e novamente todos se aproximaram deles para verificarem as marcas das patas do boi Tatá, irmão do boi Tutu, em suas costas. E de novo, a temida onça balançou a cabeça, a anaconda e o cervo retiraram-se, o bicho preguiça falou novamente que não tinha nada a ver com aquilo, no que foi de novo apoiado pelo mico-leão-dourado e o papagaio discursou:
- Isso não é justo! Isso não é justo! Isso não é justo! E papagaiando voou.
A coruja, por sua vez, novamente olhou, pensou, refletiu, analisou. Foi-se. Voltou. Ela estava quase chegando à resposta do por que tais fatos ocorriam em uma floresta tão próspera.
Na semana seguinte, como os jabutis também foram embora sem deixar paradeiro, o boi Tatá, irmão do boi Tutu, ordenou que as antas trouxessem de volta a tartaruga Sinja e todos os seus. Meios para isso não faltariam, pois o boi Tatá, irmão do boi Tutu, era empreiteiro e muito amigo do banqueiro Paturi, cujo tio era o também banqueiro dono do banco Patinhas. Ele jamais negaria um empréstimo com taxas diferenciadas para um amigo tão chegado empreender a tarefa.
Assim, a contragosto e forçada, a tartaruga Sinja retornou à floresta e novamente foi marcada pelas patas do boi Tatá, irmão do boi Tutu, bem como todos os seus, pois, lembrem-se que o boi Tatá, irmão do boi Tutu, tinha 66 patas e já não tendo mais em que gastar seu dinheiro estava comprando mais 600 patas eletrônicas.
No domingo, quando a bicharada se encontra, estavam todos ali: a onça, a anaconda, o bicho preguiça, o mico-leão-dourado, o cervo, o papagaio papagaiando “Isso não é justo! Isso não é justo!”. O boto cor-de-rosa, embora não tivesse uma reputação muito boa, também resolveu dar as caras. O Paturi estava presente, assim como uma anta representante do boi Tatá, irmão do boi Tutu. O boi Tatá, irmão do boi Tutu, não foi por dois motivos: ele não gosta de se misturar com os demais e ele tem medo de outros dois animais que estariam presentes na assembleia: a anaconda e a mula-sem-cabeça. No fundo no fundo, o boi Tatá, irmão do boi Tutu, é medroso.
Era um domingo especial porque a coruja iria se manifestar a respeito do que estava ocorrendo na Floresta Brasilis que era tão próspera e até democrática, embora o boi Tatá, irmão do boi Tutu, comprasse todos os votos, colocando no governo sempre o animal que mais lhe interessava.
O palco estava montado. A coruja chegou de mansinho, envergonhada, pois a conclusão a que chegara também lhe dizia respeito.
Olhou nos olhos de todos os presentes na assembleia. Em meio à lágrimas e à esfuziantes soluços, por fim expressou sua conclusão dizendo:

- Vocês querem mesmo saber por que nós chegamos a esse ponto de uns serem melhores do que outros, de uns terem mais privilégios do que outros, de uns se sobrepujarem a outros, de uns serem menosprezados em favor do conforto de outros? Pois então é essa a conclusão a que cheguei: Nós perdemos nossa capacidade de nos indignar!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Teologia de calçada 5 - Da visita e do convidado

Fico imaginando o que diria minha esposa se no domingo eu chegasse na minha casa e lhe dissesse que vim visitá-la! Ou, o que diria eu se nos encontrássemos na padaria pela manhã e ela me convidasse para ir à casa dela!
Oras! Convidados vêm e vão. Pessoas estranhas ou alheias a um determinado ambiente dispõem-se a visitar aquele lugar. Nada de errado. Nada contra.
Assim, fico aqui pensando com meus botões sobre o que pensa Deus quando as pessoas oram a Ele e pedem que Ele ‘visite’ o grupo ao qual pertencem!
Fico ainda pensando o que significa, onde querem chegar os oradores quando estimulam as pessoas a ‘convidarem’ Deus a estar onde elas estão!
Se é verdade que a igreja (não o templo físico) é a casa de Deus, me parece que seja verdade, então, que Deus resida ali. Sendo verdade, por extensão, que se há visita ou convidado isso cabe à parte humana da relação. Cabe a essa parte sim a decisão de habitar, permanentemente, essa casa, em que pese o fato de que Deus está sempre ali.
Ou seja, se alguém visita alguém, a parte que visita é a humanidade, não Deus. Que a humanidade deixe de ser visita e passe a ser habitante desse lugar (que não é lugar físico), experiência essa somente possível quando se alcança a verdade de que, na verdade, Deus habita o homem.
A parte prática aqui é que a vida com Deus não se dá em algum lugar ou horário específico. A vida com Deus consiste de ter Deus habitando dentro de si, o que me faz, extraordinariamente, habitar Nele, ou habitar Ele.