sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Uma pátria a salvar-se

Institui-se nessa pátria o conceito, o paradigma, de que se faz necessário um “salvador da pátria”. Essa expressão denota, ou denotaria, uma figura que apareceria, quase que por milagre, com as soluções para os flagelos da nação. Ele resolveria as questões da educação (é dado que algo em torno de 50% dos universitários são analfabetos funcionais!!!), da produção e transporte dos bens, da locomoção urbana, da economia (a dívida pública ultrapassará os 3 trilhões de reais nesse ano!!!), da saúde (num país com 200 milhões de habitantes, algo em torno de 100 milhões não tem saneamento básico!!! Ou ainda: na cidade onde ocorrerão as Olimpíadas, crianças nascem nas calcadas dos hospitais!!!).
Bem... espera-se ansiosamente por esse “salvador da pátria”. Ele surgirá como um campeão de votos e arrebanhará as multidões com seu carisma pessoal, com seu sorriso fácil e arrebatador, com seus apertos de mãos e tapinhas nas costas, com seu olhar dócil, com seu cabelo alinhado e vestido como manda o figurino.
Falará convincentemente e conduzirá a nação para o eldorado da prosperidade pelas vias da negociação com a casa das leis.
NÃO! Esse país não se salvará com um “salvador da pátria”. Esse país não se salvará com o voto. Os votáveis estão irremediavelmente contaminados com as doenças dos votados, até porque são seus herdeiros ideológicos e, muitos deles, consanguíneos, e veem na res pública (*república) não algo público, mas privado e do que teriam direito de apropriarem-se, por que meio for, porque “o importante é ser feliz”.
Há um duro caminho a percorrer para essa nação salvar-se, apesar dos “salvadores da pátria”.  

Percepções de um andarilho

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Metamorfose ambulante

O poeta virou profeta, ou, pelo menos, um visionário.
Essa geração “gugou” é uma geração interessante, meio ET, mas interessante. Vamos ver no que vai dar, porque, informação, por si só, não consegue construir nada nem ninguém, então temos uma geração de metamorfoseados errantes.
Disse outro poeta: “onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento, e o conhecimento que perdemos com a informação?”.
Essa profusão insana de informação na palma da mão, num instante e a qualquer instante se mostrará mortal para a construção da personalidade das pessoas. 
Temo, e sei que não estou sozinho, pelas gerações vindouras pois que informação não forma, pode até desformar, de formas que para se ter uma “opinião formada sobre tudo” ou sobre qualquer coisa é preciso mais que informação, por exemplo: meditação, bom senso, consenso, vagar, tardança, delonga, pensar, enfim. Coisas que o “gugou” abomina.
A lamentar que é sabido que isso é coisa de laboratório, e que importa que assim seja, sobretudo, à classe dominante. Bem por isso a “danada” faz parte daquela que já é a companhia mais valiosa do mundo.
Temos, então, que reina a superficialidade, a irrelevância, a pressa, o hedonismo obsessivo em que o prazer deve ser o máximo e o mais rápido possível.

Triste uma geração “formada” assim.