terça-feira, 31 de agosto de 2010

A conversão do punhal

Querer dar uma função mais nobre ao punhal assassino é insano.
A humanidade caminha e vive de tentativas e erros, e alguns acertos.
Há milhares de anos a humanidade não experimenta nada de novo, a não ser a mensagem do Nazareno.
Afora isso, a história humana pode ser reduzida a pouquíssimas experiências, que, via de regra, consistem de alguns comandando outros.
Assim, temos a figura do chefe da tribo, do faraó, do imperador, do rei, do sumo sacerdote, do papa, do bispo, do ditador, do primeiro-ministro, do presidente, todos com seus escalões inferiores de comando e poder.
A democracia, cuja versão moderna faria corar os atenienses, propõe-se a trazer esse comando para o povo!!!
Alguém, em sã consciência, acredita nisso?
E os povos são capazes de determinar seu destino? Calma... é só uma pergunta.
Mais grave, as democracias modernas não são democracias puras, são democracias representativas (em que se elegem representantes do povo), portanto, um arremedo da original.
Fosse boa, a democracia daria certo não apenas em alguns pequenos países da Europa, exceções que não confirmam a regra.
Fosse boa, a democracia seria plena naquele que é um dos países mais antigos da Terra, que tem a maior população mundial e que está prestes a se tornar a nação mais rica e poderosa da Terra (já tem o segundo maior PIB), como era há 5.000 anos, para desespero de americanos e capitalistas.
Os democratas vivem de tentar melhorar a democracia. A eles, a frase acima.
Pois bem, a pergunta que não quer calar: se não a democracia, o que, então?
Deus, bíblia, Jesus, evangelho.
Mas, sequer os cristãos, que se dizem os seguidores de Jesus, parecem acreditar nisso.
Aí fica difícil.
“Cristãos” que se propõem a concorrer, em nome de tomar o poder para Deus, em eleições, estão em franco retrocesso daquilo que deveriam crer e viver.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em nome da inclusão produz-se excluídos

Há no estado de São Paulo um sistema chamado de Progressão Continuada que consiste da não repetência dos alunos do curso fundamental.
Há muita discussão sobre a matéria, especialmente sob o aspecto de que muitas crianças chegam à 8ª série semianalfabetas ou tornam-se os alfabetizados funcionais, isto é, aqueles que sabem escrever o nome mas não conseguem capturar o conteúdo de um texto. Muitos desses, para não dizer a totalidade, não chegarão à faculdade.
Evidente que esse sistema serve ao poder, a quem não interessa pessoas esclarecidas.
Impossível não fazer um paralelo com o que se faz na igreja hoje em dia, com o agravante de que o sistema é aplicado a adultos e especialmente aos jovens, a quem também não interessa pessoas esclarecidas.
Há uma legião de pessoas, e jovens, sem o mínimo esclarecimento desejável. A constatação vale para o aspecto cultural como para o espiritual.
No caso especialmente dos jovens, qual o corolário fatal? Eles se desiludirão da igreja (muitos até de Deus) quando alcançarem o mínimo de esclarecimento e virem que foram usados como massa de manobra a serviço de projetos humanos e megalomaníacos, o que os conduzirá ao abandono da fé.
Sei que não devia dizer, mas direi, sou um petulante irrecuperável.
Seria melhor não trazer esses jovens para essa estrutura atual da igreja. Eles não seriam marcados tão negativamente como estão sendo e não seriam expostos ao risco de se afastarem de Deus definitivamente. Há dados informando que o número de pessoas que passaram pela igreja e saíram é igual ao número dos que permanecem. Muitos desses são jovens.
O que ocorre é que os artifícios usados para atraí-los não são consistentes a ponto de fazê-los caminharem com o Senhor ao longo dos seus dias.
Uma hora a “graça” desses artifícios cai. Eles estão recebendo mais do mesmo, e está sendo provado que isso não os satisfaz.
Como eles não foram apresentados ao evangelho, é fácil prever o que acontecerá.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O diabo em xeque - II

A manjedoura foi um xeque.

Mas foi um xeque oculto, velado.

Quem daria a mínima para uma criança nascida em um estábulo malcheiroso, sujo, escuro, deitada em um cocho em que animais comiam suas rações?

Quem daria a mínima para uma criança nascida sem a dignidade de um quarto perfumado, limpo, iluminado e sem um berço forrado com lençóis limpos e cheirosos?

Quem acreditaria ser rei uma criança nascida fora de um castelo?

Quem acreditaria ser rei uma criança nascida em família comum?

O diabo só despertou quando viu o interesse dos magos. Aí já era tarde.

A manjedoura foi um xeque.

O diabo não acreditou que Deus estivesse fazendo mesmo aquilo, isto é, enviando o Messias daquela forma. Por via das dúvidas viu nisso um pretexto para promover um assassinato em massa de crianças inocentes, o que fez com prazer.

Manjedoura que fala, com eloquência, com grandiloquência, verborragicamente.

Cada vez que o diabo tenta induzir os seguidores de Jesus a viverem nababescamente, a manjedoura interpõe-se e coloca as coisas em seus devidos lugares.

A manjedoura foi um xeque.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Você gosta de amora?

Primeiro foram os jovens a serem prematuramente introduzidos às coisas dos adultos.
Bebidas, cigarros, sexo livre antes e fora do casamento, gravidez indesejada, aborto, vícios, crimes, doenças, mortes.
Mas, fazer o que? Etariamente falando, eles estavam muito próximos, então seria quase inevitável.
Depois foram os adolescentes.
Para espanto dos adultos, ou pelo menos para alguns deles, eles foram introduzidos às mesmas coisas que os jovens.
Em uma matéria de televisão, um adolescente foi questionado se já havia tomado um porre. Ele olhou meio espantando para o entrevistador e respondeu perguntando: “E você conhece algum adolescente que não tenha tomado um porre?”.
Não bastasse, agora as crianças estão sendo introduzidas às mesmas coisas!
Que lamentável é ver o que os pais modernos estão fazendo com seus filhinhos. Que lamentável é ver o quanto eles “conversam” no mesmo nível, o quanto eles “negociam” com seus filhos.
E o que elas entendem dos assuntos dos adultos?! É uma grandeza.
Hoje já não se pode mais fazer a pegadinha com uma criancinha: “Você gosta de amora? Vou contar para o seu pai que você namora”. Você ficará com cara de tacho.
A prematuridade não é saudável. Sob nenhum aspecto. Ela trará consequências quase que invariavelmente negativas.

sábado, 7 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - V

Dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada:
- Metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.
- Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras.
Seria cristã uma nação com números como esses? Não. Sequer seria democrática, como se anuncia, essa nação. Por outro lado, a resposta é sim, vai do gosto.
Desde Calvino (séc. XV) os cristãos são estimulados a enriquecerem. Há fortes indícios de que ele tenha inspirado o capitalismo que é o que promove as distorções citadas acima.
Posso estar laborando em erro mas é quase certo que os 10% mais ricos e os 46 mil proprietários do levantamento do IPEA sejam cristãos! Pense por si.
Recentemente esse estímulo ao enriquecimento tem ganhado proporções descabidas, vexatórias, em que as pessoas são ensinadas a barganharem com deus, confundindo fé com prosperidade em um verdadeiro mercado espiritual em que vale tudo, em que os fins justificam os meios.
A antítese do cristianismo: bilionários americanos, capitaneados por Bill Gates (dono da Microsoft, empresa que comercializa o Windows), estão se articulando para doarem metade de suas fortunas para instituições de assistência social. Já são 40. Não se notificou que estejam fazendo isso por princípios cristãos. É uma simples questão de consciência, consciência que anda em falta em muitos meios.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - IV

Há um câncer corroendo o cristianismo.
Câncer que faz o cristianismo gerar descrença na existência de Deus em pessoas que, antes, eram crentes de sua existência. É o cristianismo trabalhando em prol do ateísmo.
Gravíssimo.
Trata-se da pedofilia envolvendo líderes de uma importante vertente dessa religião.
Não é qualquer problema, não são casos isolados, não ocorre sem o conhecimento da alta cúpula dessa parte do cristianismo que o quanto pode não colabora para a elucidação e devida penalização de casos pontuais, é sistemático e conta com proteção corporativa, não é local, tem abrangência internacional, alguns envolvidos já foram condenados e presos pela justiça comum.
Somente nos Estados Unidos há mais de 100 mil denúncias que já geraram mais de 1 bilhão de dólares em acordos extrajudiciais de indenização.
Nada justifica o silêncio ou aquela indignação surda a que se recorre para assuntos dessa gravidade como se não existisse nenhuma relação com o problema por não se ter nenhum parente próximo ou distante que tenha sido vítima dessa perversão sexual.
O problema é fruto direto do celibato obrigatório que foi instaurado para que os bens dos representantes dessa parcela do cristianismo não ficassem com a família – que eles constituiriam quando casados – mas fosse entregue para a organização a que pertenceriam.
O problema é recorrente e seus praticantes - via de regra, líderes de uma comunidade numerosa de pessoas e famílias - são constantemente transferidos de cidade em cidade nas quais continuam praticando seus deploráveis atos.
Evidente que não se pode generalizar, como tanto ou mais é evidente que não se pode resignar do problema.
Aqui não cabe acusação, julgamento ou condenação.
Cabe sim uma atitude concreta por parte dos que se consideram cristãos no sentido de se extirpar esse câncer do seu meio. Atitude que começa com a disposição de discutir o assunto.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O diabo em xeque - I

O chamamento de Abrão foi um xeque.
O nascimento de Jesus foi um xeque.
A tentação de Jesus foi um xeque.
A pregação de Jesus foi um xeque.
A confecção dos evangelhos foi um xeque.
A crucificação de Jesus foi um xeque.
A ressurreição de Jesus foi um xeque. Aqui Jesus anunciou o xeque-mate em 4 lances. Bons enxadristas anunciam xeque-mate em 2 lances. Os campeões em 3. Em 4, somente os excepcionais, ainda mais considerando o adversário. Pois com sua ressurreição Jesus anunciou o xeque-mate.
O envio dos discípulos foi um xeque.
A Reforma foi um xeque.
As descobertas de Qunram foram um lance fenomenal.
O retorno dos judeus a Israel foi um xeque.
Agora se aproxima o xeque-mate: a volta de Jesus.
O diabo está aturdido. Não tem para onde correr. Ele ainda abate uns peões, um ou outro cavalo ou torre, mas ele sabe que já era.
Como no jogo, rei não abate rei, então, o Rei Jesus comandará o ataque e, protegendo um peão, abaterá o rei inimigo com ele, um peão.
Maranata! Ora, vem Senhor Jesus.

Cristianismo em xeque - III

Quando os cristãos restringem a vivência de suas crenças a determinados horários e lugares e sob a supervisão de uma pessoa, eles estão direta e objetivamente restringindo a abrangência da mensagem da qual se consideram portadores.
Reduzir o que seria universal a um determinado grupo, enfraquece a mensagem que divulgam. Seria como dizer que a democracia (por perniciosa que seja) só serve para países capitalistas, isto é, ela seria exclusiva (ou seja, que exclui, óbvio).
O Deus da bíblia não é o Deus dos cristãos, tão somente, como o presidente de uma nação democrática não é presidente somente dos filiados do partido que o elegeu.
A tentativa de reduzir a mensagem de Jesus a uma religião dentre as várias existentes é, de novo, uma tentativa de enfraquecimento dessa mensagem.
Seria um contrassenso absurdo formular os ensinamentos e prática de Jesus num código de normas, regras, crenças, símbolos, usos e costumes e depois compará-los com outros códigos (religiões) para se verificar em que eles são melhores ou piores entre si. Mais que contrassenso, seria sua mortificação.
Esse processo de codificação tem despersonalizado drasticamente aqueles que seriam os seguidores da mensagem de Jesus, comumente chamados de igreja.
Essa despersonalização é facilmente verificada quando os cristãos fazem de tudo para alcançar aqueles que não são cristãos. Eles incorporam seus costumes, suas práticas, seu comportamento, suas datas festivas para “aproximarem-se” dos nãos cristãos com a intenção de os alcançarem, dando-lhes mais do mesmo que já vivem, quando, parece, eles (os não cristãos) gostariam de ver alguma coisa diferente do que já vivem para então interessarem-se por aquilo a que estão sendo apresentados.
Essa despersonalização é também verificada quando a “igreja” fica sem saber o que fazer diante do mundo pós-moderno, especialmente com o advento da internet. A nossa geração está observando uma das maiores mudanças de conceitos, comportamentos, cultura e forma de se relacionar de todos os tempos.
A igreja, representante maior do cristianismo, por estar despersonalizada, não tem sabido como se comportar diante de tão drástica mudança.
Na Europa, por exemplo, um dos berços do cristianismo, o declínio dessa religião é chocante e irreversível, obviamente não só em decorrência da internet.
Na América, onde já foi pujante, está em rota de colisão com a descrença, primeira condição para seu esfacelamento.
No Brasil ainda encontra algum fôlego, pois da vertente católica é o maior país, da vertente evangélica um país com um contexto em formação com pouco mais de 100 anos de história.
A despeito de tudo, Deus - o Pai, o Filho - nosso Senhor e Salvador e o Espírito Santo de amor estão presentes e atuando em nosso meio, que não há força capaz de resistir-lhes.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cristianismo em xeque - II

Há pontos incongruentes, para não dizer irreconciliáveis, entre o conceito e prática de Jesus Cristo - tido por muitos como o fundador do cristianismo (de difícil comprovação histórica) - e entre a prática verificada no cristianismo.
- A maior dessas incongruências é a restrição da prática dos ensinamentos de Jesus a um horário e local determinados e sob a supervisão de um terceiro na relação que deveria ser bilateral, isto é, entre Deus e a pessoa.
Em decorrência disso os cristãos assumem que são cristãos quando se dirigem num horário específico (muitos deles reservam 2 horas por semana, outros tantos por quinzena ou por mês) a um lugar específico (muitos deles lugares suntuosos em que se imobilizam valores preciosos que deveriam ser gastos de outra forma) tudo isso feito sob a batuta de uma pessoa que seria representante de Deus e que teria a responsabilidade de falar por Ele. O capital ($) imobilizado em imóveis (a redundância serve à ênfase) nos quais o cristianismo acontece ultrapassa as centenas de bilhões de dólares. Tempos atrás notificou-se que com 90 bilhões de dólares a fome seria extirpada da face da terra. Pense por si, mas não me parece que o Espírito Santo queira que o dinheiro levantado em nome de Deus esteja imobilizado.
Fora desses horários e lugares e longe da supervisão do representante de Deus, os cristãos não se sentem impelidos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e não têm um relacionamento pessoal com Ele, relacionamento que se restringe, então, a brevíssimas orações antes de comer e de dormir, talvez.
Conta a história que o cristianismo foi apresentado ao não cristão Mahatma Gandhi, o grande pacifista e libertador da Índia, ao que ele teria pronunciado a frase: “Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia”.

- Outras incongruências: culto à personalidade e culto ao material. Poucas distorções afrontam mais os ensinamentos de Jesus Cristo do que a vaidade e o enriquecimento. Por paradoxal que possa parecer, o cristianismo está fundado exatamente sobre esses dois pilares ou paradigmas.
Quanto ao culto ao material, bem diferente falava um moço nascido em Assis/Itália no século XI, para muitos a segunda maior figura do cristianismo: “Se encontrarmos moedas em algum lugar, não prestemos mais atenção a elas do que ao pó que pisamos com os pés, pois “vaidade das vaidades, e tudo é vaidade”. Se, por acaso e Deus não o permita, acontecer de algum irmão coletar ou carregar moeda ou dinheiro, a não ser pela supramencionada necessidade dos enfermos, que todos os irmãos passem a considerá-lo um irmão enganador, um apóstata, um ladrão, um assaltante e como aquele que levava a bolsa de dinheiro, a não ser que sinceramente se arrependa”.