sábado, 15 de maio de 2010

Do véu

Ah! Há um véu.
Sim! Houve um véu. Você ouve? Então ouça: houve um véu. Há um véu.
Tudo converge para ele e nele: os tempos (passado e futuro), as eras (novas e velhas), as gentes (inclusive os crentes), o cosmo (macro e micro), enfim, o universo.
Aquela carne suada, enlameada, cuspida, ensanguentada, empoeirada, malcheirosa, depauperada, difamada, acusada, abandonada, fragilizada, desprezada, presa ao madeiro... é um véu.
Limite extremo do desconhecido, acesso possível ao conhecimento antes intangível.
No traspassamento daquela carne – rasgamento do véu - para o que a terra protestou em trevas e trovões, processou-se o rompimento da separação dos de baixo para com o Altíssimo.
O véu é uma carne. O véu é um caminho. O caminho é uma Pessoa, cuja carne é um véu, agora rasgado, portanto, traspassável.
É um caminho vivo. Mais que ir a Ele, é preciso ir Nele. Mais que encontrá-lo, por Ele se é encontrado.
É um caminho de via única. Os que voltam, na verdade nunca foram.
O véu, que é carne, carne e caminho, agora rasgado, dá acesso direto e irrestrito ao Divino. Sem intermediário, sem estágio, sem protocolo, sem cerimônia, tal e qual conseguiu o seu parceiro de cruz.
O véu está aí, pra quem quiser ver e ouvir.

(Hb 10; Mt 27; Jo 19)

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