quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Via crucis

Cruz credo

Afinal, o que é a cruz?
Muito já foi dito. Muito já falado, rechaçado, atacado, acrescentado ao assunto.
Mas, fica a pergunta: o que é a cruz? Pra que ela serve? Por que ter que tomá-la?
Vou acrescentar mais uma ao arsenal de respostas.
Cruz é fim, é ponto final.
É aquela situação a que se chega em que não há mais a quem ou ao que recorrer tampouco para onde ir.
Enquanto há recursos dos quais se possa lançar mão, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há pessoas a quem se possa recorrer, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há a força de vontade em ação, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há expectativa de que as coisas mudarão, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há prosperidade, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há o medo do desconhecido, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há a insegurança do imponderável, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há o livre arbítrio, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto há desculpas, argumentação, dissimulação, consideração ainda não se chegou à cruz.
Cruz não é um evento estanque, único.
Cruz é uma condição a que se chega, um estado mental, emocional e espiritual.
E... intransferível.
A cruz é fim, mas não acaba em si mesma.
Por ser condição, leva a uma outra realidade.
Enquanto não se vive essa outra realidade, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está preso, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está livre, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está feliz, ainda não se chegou à cruz.
Enquanto se está triste, ainda não se chegou à cruz.
Loucura? Essa é a linguagem da cruz.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Democrisia

O termo hipocrisia é um termo forte, especialmente em terras ocidentais, pois remete à ideias de fingimento, dissimulação, impostura. Podemos quebrar um pouco essa interpretação se soubermos que o termo, originalmente, referia-se muito propriamente à arte de representar, especialmente dos artistas no palco.
Em terras brasilis a sensação que se tem é que há um teatro em curso: uns fingem que governam e outros fingem que são governados. É a filosofia do Vampeta quando jogava no Flamengo e não recebia salário. Dizia ele:“Eles fingem que me pagam e eu finjo que jogo”.
Os que fingem que governam vêm a cada quatro anos e abordam os que fingem que são governados e aí os que fingem que são governados confirmam os que fingem que governam.
A democracia - no caso a democracia brasileira que não é democracia direta e sim a representativa em que se elegem representantes que deveriam representar os representados – resume-se ao ato do voto, vendido por um palhaço (com todo o respeito à profissão) da TV Globo como um ato de definir o destino!!!
Você que está lendo isso certamente é um democrata, pois possui o importante Título de Eleitor e sempre cumpre com o seu “dever de cidadão” comparecendo às eleições para assim definir o seu destino.
Hã, hã. Então tá. É isso? Tá bom. Daqui a quatro anos você será convocado novamente a definir o seu destino. Agora você pode contar com muitos “homens e mulheres de Deus” que determinarão a tomada do governo dessa nação para Deus. Eles até fizeram isso nessa eleição, mas não deu muito certo. Quem sabe na próxima. É tudo um teatro mesmo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jesus, o diálogo de Deus

Antes mesmo das coisas virem à luz Deus já tencionava dialogar com sua criação. Ele estabeleceu parâmetros para isso, criou meios de interlocução, mostrou-se, falou, ouviu, até que a criatura não quis mais, fechando o canal. Não foi Deus, foi a criação que se afastou, ficando por sua conta e risco. Se deu mal. Muito mal.
Deus, então, proveu um meio ainda mais eficaz de dialogar com a criação.
O diálogo agora não se daria por sons silábicos ou sinais gráficos geradores de palavras.
O diálogo agora não seria uma construção retórica.
O diálogo agora não consistiria de perguntas e respostas, ou regras e normas.
O diálogo agora seria em um nível muito mais elevado e causaria tamanha estupefação, tamanho torpor que via de regra redundaria em silêncio. Não o silêncio obsequioso em que se é obrigado a ficar quieto, mas o silêncio da admiração, tal qual a conversa silente do firmamento.
Há os que creem que a Terra foi formada há menos de 10 mil anos.
Há os que creem que o Universo tem 14 bilhões de anos.
Fato é que na plenitude do tempo, Deus dialogou com a criação.
Diálogo mais que audível ou legível, senão, visível, sensível, tangível.
Diálogo profundo, que vai ao âmago.
Que toca ao vil e ao nobre, ao rico e ao pobre.
Ao velho e ao jovem, à mulher e ao homem.
À autoridade e ao destituído, ao religioso e ao possuído.
Sentido primeiro e último de sua (criação) existência: dialogar com Deus.