sábado, 26 de abril de 2014

Brasil sil sil

Então tá. Estamos combinados.
Patriotismo consiste de torcer para uma equipe de atletas cujo maior senso de patriotismo consiste de vestir um uniforme colorido e que no fim de cada ano fazem boas ações que consistem de jogarem alguns jogos entre amigos para arrecadarem alimentos.
Patriotismo consiste de cantar o hino nacional à capela quando o som da caixa for desligado no estádio. Lindo isso.
Então tá.
Patriotismo não tem a ver com o vilipêndio a que estão submetendo a nação. Não. Não tem nada a ver. Não tem a ver com o escárnio a que são expostos o que habitam aqui. Não tem a ver com uns morrerem de sede enquanto outros se refastelam em banquetes. Não tem a ver com provarem que a democracia não funciona por aqui. Democracia? Oras... a democracia. Morreu!
Patriotismo não tem a ver com a revolta pela dilapidação daquela que é a maior empresa nacional e que é pública. Não tem a ver com a indignação com as verbas públicas a fundo perdido para construção de estádios e não de hospitais. Não tem a ver com o nojo do primor da corrupção sistêmica que a cada época se supera em inventividade para burlar regras e controles, com a complacência daqueles que... Deixa pra lá, vamos celebrar.


Um patriota apátrida  

sábado, 12 de abril de 2014

A vida, uma marginal e uma moto

A vida acontece sobre uma moto na Marginal Tietê.
Todos os sentimentos e situações possíveis acontecem ali em cima desse veículo.

Medo, susto, risco, velocidade, congestionamento, beribelas, sol escaldante e na cara (capacete não tem quebra sol), calor saariano (ainda mais dentro daquela jaqueta com aquelas proteções todas), frio de trincar os ossos, garoa, chuva, temporal, visão embaçada (capacete não tem limpador), alagamento, vento, prazer de dirigir, extremo prazer de não ficar prezo no trânsito, clima ameno, asfalto, buraco no asfalto, pó, fuligem, fumaça (muitas vezes na cara), desfile de motos, carros e caminhões de todos os anos, tipos, modelos e marcas, importados e nacionais, defeito, guincho, mecânico, ambulantes, shoppings, apartamentos para todos os gostos, favelas, centros de convenções, postos de gasolina, empresas, pontes, viadutos, linha de trem, assaltos, roubos, batidas, acidentes, mortes, ambulâncias, polícia, churrascarias, um verdadeiro centro gastronômico com água e refrigerante gelados, amendoim e salgadinho de “isopor”, vendedores de tecnologia (cabos para carregar celular), clubes de futebol, rotina, surpresa, corrida de carro (Fórmula Indy), indigentes, políticos, árvore, gavião, urubu, capivara, barcos e balsas, enfim, a vida acontece ali em cima de uma moto.    

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Alguéns

O que é mais odioso do que alguém se sentir dono de outro alguém?
Não!!! Ninguém é dono de ninguém. Nem o marido da mulher. Nem o que paga pelo tempo do outro, pelo esforço do outro, pela saúde do outro.
O capitalismo é todo mau, na essência, mas sua faceta mais cruel é impor ao “poderoso” o sentimento de que tem posse de alguma coisa, gente inclusive.
Não!!! Ninguém tem nada! Sequer o terreno onde alguém coloca sua cama, ou seu túmulo, é dele. O dono é outro, a Terra tem dono, não é um pedaço de papel registrado em um cartório qualquer que transfere essa posse. O ar tem dono. Como pode alguém achar que pode sentir-se mais do que o outro se sequer do ar ele tem posse?
Como pode alguém destratar o outro? Do mais simples ou mais “ingnorante”? Como pode alguém ter sentimentos racistas?
Não, não pode!    


Ornitorrinco Madiba