quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Da humildade

Está escrito que o Cristo se humilhou. Ninguém pode imaginar que o Cristo tinha um conceito inadequado de si, logo... humildade não é pensar menos DE si, mas menos EM si.
Foi o que Ele fez.
Numa escala de 1 a 10 em que o 1 é o que consideramos de menos importância, valendo o oposto para o 10, os comuns, como eu e você, navegam ali pelo 4,5 ou 6.
Importante: o critério aqui não é financeiro, político ou intelectual. Essas três instâncias não são bons parâmetros das relações humanas
Ser humilde em relação à base da escala estimula a grandeza das pessoas, no sentido positivo do termo.
Ser humilde em relação ao topo da escala, pode colocar as pessoas em seus devidos lugares.
O que pega é ser humilde em relação aos iguais. Aqui está o X da questão.
É aquela coisa: “eu não vou dar moral pra esse cara”.
Do alto dos meus quase 57 anos uma das coisas que mais tenho visto é essa competiçãozinha pueril entre iguais.
Pra pensar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Um Galileu

Quem é o Galileu?
O que disse Ele?
Quem era seu pai?
O que fez Ele?
Quem Ele enfrentou?
O que Ele ensinou?
Quem O encontrou?
O que Ele apresentou?
Quem O seguiu?
O que Ele garantiu?
Quem Ele atacou?
O que Ele atacou?
Quem Ele deixou?
O que Ele deixou?
Quem Ele defendeu?
O que Ele condenou?
Quem O viu, ouviu e seguiu?
O que fazer hoje?
Num mundo em que se vê, mas não se enxerga, se ouve, mas não se escuta, se fala mas como um címbalo mouco.
Num mundo que ‘acha feio o que não é espelho’.
Num mundo cuja força motriz é o acumulativismo.
Num mundo cujo rei é o umbigo.
Num mundo regido por castas que acham que têm a solução.
Num mundo que faz da religião um fim em si mesma e que retroalimenta egos e cultos à personalidade.
Num de políticos e religiosos de discursos vazios e sem noção, cujo deus é o dinheiro, e... o ventre.
‘Tombarei, enfim, ferido, mas não compactuarei’ e tentarei a cada dia seguir os passos do Galileu.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Único, mas nem tanto

Sou filho único, cercado de irmãos gêmeos.
Extremamente carente, com um buraco existencial no coração do tamanho e com a forma do Magnânimo. Se é que Ele tem forma.
De Deus não tenho convicções. Convicções não são boas conselheiras e, via de regra, redundam em querelas, pendengas, quando não em confrontações as mais vis e violentas, com ou sem armas letais, verbais ou não.
De Deus tenho algo que é anterior à convicção, portanto, transcende-lhe em valor. De Deus tenho a vocação inefável e transcendental de crer e me relacionar com Ele.
Tudo em mim aponta pra Ele. Cada célula, das bilhões que tenho, aponta pra Ele. Antes que apontar… são atraídas por Ele, como o dia atrai a noite, numa sequência silente e eterna.
Demonstro a fé e o respeito que tenho por Ele respeitando aqueles que como eu são tão carentes, os meus irmãos gêmeos, embora eu seja filho único.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A vida, uma corrente

A vida se constitui de ligações. Tudo está ligado a algo. Mesmo o mais isolado dos habitantes humanos está ligado a algo, por exemplo, à natureza.
A vida é um elo disso com aquilo que começa com a ligação do espermatozoide com o óvulo.
Aqui não importa se você gosta da democracia ou da ditadura, do socialismo ou do capitalismo, do hétero ou do homo, do branco ou do negro, se você é rico ou pobre, sábio ou iletrado, bonito ou feio, magro ou gordo, saudável ou doente. Não!
Já foi dito: quando acaba o jogo de xadrez o rei vai para a caixa junto com o peão.
Elos e elos formam uma corrente. Dois amantes, elos, formam uma corrente.
Contudo, a força de uma corrente é proporcional ao seu elo mais fraco.
Não adianta ter 10 elos fortes e um fraco. A força da corrente se medirá pela resistência do elo fraco.
Se for verdade isso, a humanidade corre sérios riscos de desintegração, porque os elos fortes estão cada vez mais fortes, mas os fracos cada vez mais fracos. Corolário: vai arrebentar. 


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

57 anos

57 anos

Nunca imaginei que faria 57 anos. Imaginei talvez 60 ou 70, ou ainda 80. Mas 57, não.
Daqui a um mês e pouco farei 57 anos.
Estou com a saúde em dia, depois de uns perrengues com hipertensão e próstata. Pedalo 100 km por semana. Tive que parar um pouco com o tênis por conta do horário do trabalho, mas logo logo volto.
Reencontrei o gosto pela música. Tenho gravado muito em home estúdio. Embora tenha muito ainda a aprimorar, eu chego lá.
Estou chegando aos 57 vivendo super bem com esposa e filhos, eles cinco razão da minha vida, o que me impulsiona e me dá ânimo a cada dia, o que se estende, óbvio, às ninhadas deles.
Sobretudo, em fidelidade ao Magnânimo, por mais de 40 anos. Perco tudo, menos Ele, até porque é meu o que consigo carregar com mãos, tipo um agasalho ou um prato de comida. E Ele, por saber disso, me permite ter o que mais quero: uma família e viver bem com essa família.
Fiz muita coisa. Arrependo-me de várias delas, como ter acreditado em pessoas que não eram dignas dessa confiança.
Por outro lado tenho amigos que foram até além do que eu esperava, acreditando em mim quando não precisavam fazê-lo. Isso sim vale. Um salve a eles. E vida longa. Eles sabem quem são, inclusive os do sangue.
Joguei o jogo: era para ser um bom pastor, fui. Era para ser honesto, fui. Era para se dedicar para além do extremo, me dediquei. Era para abrir mão de direitos, abri. Era para não reivindicar esses direitos, não reivindiquei. Era para ser bom marido e pai, fui. De nada disso me arrependo, pelo contrário, faria tudo de novo.
O que me entristece é perceber que fui meio que usado para validar isso ou aquilo por pessoas que não jogaram o jogo como eu. Eu sei que não sou fácil e que tenho uns parafusos a menos na cabeça, mas uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, e tal, e coisa, e lousa e mariposa.
Bem, está feito. Cada qual responderá por si.
De mim, vou vivendo e esperando talvez celebrar mais alguns anos, com a família e amigos, e agora netinhos, coisas lindas da vida.   

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Coisas acontecerão

Coisas acontecerão

Duas coisas que os poderosos sabem, mas não querem que os outros saibam.
1 – Quem sustenta a coisa toda?
Na real, na ponta da linha, só quem gera riqueza mesmo é o operário, tipo o metalúrgico.
Tudo o mais: o comércio, o sistema bancário, os avanços da tecnologia, os empregos modernos dos escritórios assépticos e bem refrigerados, os governos, enfim, tudo vem da força de trabalho dessa classe de trabalhador. Ele produz, ele transforma uma coisa em outra, sendo que essa outra coisa passa a valer muito mais do que aquela que ele recebeu como matéria prima. A origem da riqueza está ali, nessa arte de transformar uma coisa em outra.
2 – Consumo
Pense nas ultra/mega/blaster/super empresas e marcas: Apple, Microsoft, Google, Amazon, GM, IBM, Huawei, Samsung, BMW, Tesla, GE, Airbus, Boeing, Petrobras, Adidas, Nike, NBA, Real Madrid, Barcelona, Manchester United, PSG, coloque tantas e quantas quiser na lista. TODAS elas vivem e existem um função do consumo.
Mesmo a tão adorada e reverenciada democracia. Corte o consumo e você verá se ela se sustenta.
Consumo de quem? Dos ricos? Não mesmo!!! Eles são pouquíssimos e não têm o consumo como sua atividade preferida. Tudo gira em torno do consumo das classes média e pobre. Mesmo os governos que contratam milhões/bilhões em serviços. Fazem-no, em tese, para o consumo da população mais pobre (se você é da classe média, não se sinta ofendido. Só estou fazendo um parâmetro com os ricos. Ok?).
Já disse e direi novamente: o capitalismo deu muito certo, tão certo que agora está atirando no próprio pé.
Ocorre que os empregos estão acabando. Inexoravelmente. Embora que até então eram os empregos menos qualificados que estavam acabando. Agora serão os mais qualificados, tipo advogados e médicos que estarão na linha de tiro do “pogreço”.
Com os empregos acabando, quem vai gerar renda e, por conseguinte, consumo?
Coisas acontecerão. Não estarei aqui para ver, mas meus netos estarão. Meio que lamento por eles.  

Da verdade

A verdade não é um conjunto de regras, normas e leis, algo como as cláusulas pétreas da constituição. Tampouco e muito menos um conjunto de usos e costumes de uma cultura que redunda na moral de um determinado povo. As morais e éticas reduntantes desses conjuntos acima são restritas e circunscritas a um determinado povo. Valem pra ele naquele tempo e espaço e podem, ou não, serem desenvolvidas ao bel prazer de cada povo.
A verdade, no entanto, está pronta, toda ela, e é imutável. Não deriva, nem se amolda a nada nem a ninguém. Não tangencia. Não negocia.
A verdade não pode ser possuída, como algo de que se tem propriedade. Não se tem a verdade. Ninguém pode se arrogar como dono da verdade. MAIS: não existe a minha verdade, a sua verdade, ou cada qual com a sua verdade.
A verdade liberta, mas não por si só. Há que se conhecê-la. Nesse processo de conhecimento da verdade, é recomendável que se tenha um tutor para os primeiros passos. Contudo, se ele insistir, ainda que de boa fé, a conduzir você no processo, ou ainda que você insista em querer mantê-lo nos passos seguintes como tutor, por um ou por outro, você se desviará da verdade.
Só é possível conhecer a verdade por si mesmo.
Apesar de sua sólida constituição, ela não é uma rocha intransponível e dura. Ela é riacho que segue, inexorável, seu caminho, penetrando nos recônditos mais íntimos e intangíveis da alma.
A verdade é Uma Pessoa.