quinta-feira, 29 de abril de 2021

Que Deus é esse?

Deus não se impõe.
Quem se impõe seria impostor?
Etimologicamente não, mas filosoficamente cabe.
Se alguém se impõe, logo, é impostor.
É o caso de uma das mais antigas e execráveis instituições humanas: o imposto.
Por que o imposto se chama imposto? Porque ele é imposto.
O quinto dos infernos é referência à taxa de 20% paga à coroa em tempos antanhos.
Deus não se impõe.

Impõe-se quem precisa afirmar seu poder ou autoridade, como os chefes e líderes espalhados por esse mundão do meu Deus que bravateiam seu poder e autoridade.
Deus não se impõe.
Deus propõe. A C E I T E suas proposições. Adeque-se às suas proposições. É o melhor pra você.
Deus é!
E se você não aceita ou não entende e não se submete o problema é todo seu.
Deus não está a cada manhã procurando um malacabado para desferir dos céus seus raios de fúria.
Deus sequer tem humor. Isso é uma condição humana.
Deus é, amigo, Deus é.
Uma das mais belas faces de Deus, pra mim, é que Ele, e só Ele consegue, ressignifica, reescreve a nossa existência.
Ainda que demos nossas cabeçadas, Ele vem e vai propondo caminhos, mostrando rumos, indicando direções e, quando enfim cedemos, dirigindo-nos ao nosso destino.
Ele nos criou para si. Renda-se.

A insistência da vida

E a vida?
A vida insiste em viver.
Mas em que consiste a vida? Está vivo quem respira.
Ok. Quem respira, respira o quê?
O ar, o oxigênio.
Mas... cuidado! O oxigênio que te mantém vivo é o mesmo que te matará.
Hein?!
Sim, o mesmo oxigênio oxidará, enferrujará suas células, você ficará velho e morrerá.
Mas, então é isso? A vida consiste disso?
Não! A vida é mais que isso. A vida é mais que respiração.
Se não há o amanhã, o eterno, a coisa fica muito sem graça. “Comamos e bebamos que amanhã morreremos” e aí já era.
Não! A vida insiste em viver e transcende essa nossa limitação. Há muito mais por viver.
O corrupto, o mentiroso, o traidor, o egoísta não consegue ver essa dimensão da vida, por isso eles estão tão apegados às coisas dessa terra.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Um país

No véu incerto do futuro
No cinza lúgubre do presente
Na memória saudosa do passado
Há uma nação, um país
Esgarçado, estuprado pela corrupção
Cujos corruptores transitam
pacificamente
seja nos átrios dos palácios
seja, pasmo, nos corações e mentes
amparados numa lei tácita
mas, draconiana, da compensação
que, embora maus, são dotados de carisma pessoal
Não importam seus atos, suas falas
Antes, o que representa
Aquela quimera que vai dentro de cada um
e que se insiste em dirigir a uma pessoa
seja ela boa ou má
e essa gente é má

domingo, 4 de abril de 2021

Uma trilogia cristífica e uma fé quadrimensional

Eu respeito os que acham que podem ter uma fé adequadamente ajustada em perguntas e respostas, sistematizada em um conjunto de conceitos e definições e enquadrada em um rol de regras, práticas e datas que apontam sempre para a vitória e a conquista. Eu mesmo já cantei que “o nosso general é cristo”. Pois é.
Têm o meu respeito, mas minha fé está um pouco aquém disso, não consegui chegar lá.
Mais ou menos em que creio:
Tenho pra mim que a trilogia cristífica: nascimento, morte e ressurreição do Cristo é o centro da vida humana e dos acontecimentos históricos, talvez até universais. Essa trilogia, resolve, explica, pacifica, significa e encerra o Éden e lhe dá o seu devido seguimento.
O Éden e tudo que lhe segue culmina no Calvário. O Calvário explica o Éden e lhe dá sentido.
Está escrito que “o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo”.
Um negócio meio difícil de entender. É como aquela que “não passará essa geração até que tudo aconteça”. Em tese aquela geração passou e aquela escatologia anunciada não aconteceu.
Fato é que Deus não vê como nós vemos.
A cronologia de Deus não é a nossa.
Não entendo que Deus tenha um caderno em que estejam anotados todos os acontecimentos passados e a passar e que Ele tenha um controle sobre cada segundo que esteja correndo. Não consegui ter essa fé.
Entendo que Deus olha os pontos capitais da existência humana: o Éden, o nascimento, morte e ressurreição do Cristo e a sua volta, com um destaque para o chamamento de Abraão. O que ocorre entre esses três eventos fica por conta da humanidade.
Isso meio que explica o “não passará essa geração...”. Depois da morte e ressurreição do Cristo, no olhar de Deus, só há uma única geração que se encerra quando o Cristo voltar.

Da fé quadrimensional vou deixar para outra hora, senão isso vai ficar muito grande.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Ah! Líderes

Desde a mais tenra idade da humanidade há uma instância que comanda as relações humanas. Essa instância permeia todos os meandros das relações em todas as suas facetas, graus, intensidades, alcance, hierarquias, linhas de comando e de controle, enfim…
Há inúmeros nomes, designações, títulos que definem os que estão no topo dessas relações, contudo, há uma definição que abarca todas as demais: líder, e, por extensão, liderança.
A humanidade gira e vive em torno dos líderes.
Seja o pajé ou cacique da tribo, seja o faraó ou imperador tidos como deuses cujo padrão moral fariam as gerações atuais corarem de vergonha, seja o sacerdote de todas as religiões, seja o rei de poderes absolutos, seja o papa, bispo, pastor e o professor, seja a figura do pai e marido com conotação patriarcal, seja o ditador ou o presidente eleito, seja o empresário ou o chefe por ele estabelecido, seja enfim…
A humanidade gira e vive em torno dos líderes.
Desnecessário dizer que o causo se aplica aos dois gêneros: masculino e feminino.
Donde vem e o que avaliza um líder? O poder. Não se concebe um líder sem o poder que se lhe segue. Um líder, só é líder porque tem poder. Poder sobre o outro, seja um ou um milhão.
A humanidade gira e vive em torno dos líderes.
Nos meus mais ingênuos e utópicos devaneios consigo imaginar um mundo sem a figura do líder. Acho que seria um mundo melhor.
Jesus não era um líder. E não estabeleceu líderes. Mas aí é outro papo.