quarta-feira, 22 de abril de 2020

Da veneração

O ser humano é, de fato, eminentemente religioso.
A relação dele com algumas pessoas, instituições e regras demonstra isso.
Ou seja, ele se prostra, venera, defende, ataca os opositores e se cala diante dos mal feitos e imperfeições do “objeto” de sua veneração.
Alguns deles: artistas, cantores, pastores, governantes com especial destaque para o presidente, líderes em geral, dinheiro, jogadores e clubes de futebol, santos, democracia, igrejas e, por fim, a constituição.
Não há um mal intrínseco nisso. Eu também sou assim, com o detalhe que restrinjo a Deus esse comportamento.
Muito pode ser falado a respeito, mas gostaria de questionar essa veneração a um ponto em especial: a constituição.
Não! A constituição brasileira não é boa.
Uma constituição que não consegue atacar a infame desigualdade social como a que ocorre nesse país em que quase a metade da população (100 milhões) não tem acesso a esgoto tratado, essa constituição não é boa.
É uma desgraça de constituição. Tira, troca e põe outra.
Essa veneração à constituição, como a qualquer outro “objeto” de veneração, não leva a nada.
O mesmo vale para a democracia. Já deu. A validade já venceu. Tira, troca e põe outra. Desde que não autoritarismo e ditadura, qualquer coisa serve.

domingo, 19 de abril de 2020

A falácia da eletrônica

A eletrônica tem um poder algo subliminar, ou seja, que atua no limiar inferior da consciência alterando as emoções, as vontades, as opiniões. A conferir? Veja o resultado dos jogos eletrônicos na mente das pessoas.
De que consiste esse poder?
Especialmente da velocidade da informação. Velocidade tal que deforma a própria informação que pretende veicular.
As sociedades não estavam preparadas para esse evento. Algo o precipitou. E em o precipitando impactou de tal forma as sociedades que elas perderam o senso do juízo, do bom senso.
Dessa velocidade resta que ela se colocou, a eletrônica, como o parâmetro das relações, cujo principal e universal instrumento é a internet.
Caíram os jornais. Caíram as televisões. A internet hoje reina absoluta. Para o bem e para o mal.
Qualquer evento, de que natureza for, e em que ponto geográfico for, será imediatamente compartilhado com a quase totalidade dos humanos viventes então.
Na vida moderna, tudo o que há gira em torno do tempo. Esse é o bem maior, o ativo mais valioso pelo qual a criança cresce, o adolescente estuda, o jovem trabalha, o adulto acumula e o velho pretende desfrutar: o tempo.
O dinheiro, a saúde, a inteligência só fazem sentido se estiverem relacionadas ao tempo. Se não há tempo, tudo perde seu sentido.
A internet lida com o tempo, inflando uma corrida contra o tempo.
Há, contudo, entretanto, porém, todavia, um conjunto de palavras que são extemporâneas, isto é, estão fora, ou acima, do tempo. Palavras que não são corrompidas pelo tempo, que não envelhecem, cuja validade não é medida pelo tempo.
Onde estão essas palavras?
Existem algumas bibliotecas espalhadas pelo mundo e que certamente estão acessíveis a você. Mais ou menos no meio delas há quatro livrinhos. Estão ali.

Quem pode assumir o negócio?

Não pode ser muito inteligente, pois ficará elucubrando, procurando soluções científicas.
Não pode ser muito burro, pois não terá uma percepção global do negócio.
Não pode ser muito falante, nem prolixo, isso não leva a nada.
Não pode ser muito retraído, ninguém lhe dará crédito.
Não pode ser muito extrovertido, as pessoas o acharão infantil.
Não pode ser introvertido, as pessoas acharão que ele não tem compromisso.
Não pode ser rico, pois não terá a real percepção das situações.
Não pode ser pobre, uma vez que vai querer resolver só os seus problemas.
Não pode ser corruptível, pelo óbvio, vez que mexerá com muitos recursos.
Não pode ser muito convicto, turrão, a ponto de não reconhecer as próprias limitações.
Não pode ser influenciável, a menos que esteja errado de fato.
Não pode ser autossuficiente, precisará de conselhos.
Não pode ser vulnerável, deixando-se levar por opiniões inconsequentes.
Não pode ser muito experiente, isso pode coibir experimentações.
Não pode ser um novato, um neófito, pois será irresponsável.
Não pode ser um especialista, isso limitará sua visão.
Não pode ser genérico, isso não lhe dará foco.
Não pode ser racista, tampouco homofóbico, óbvio.
Não pode ser um líder, pelo menos não aquele líder do tipo piramidal.
Não pode ser leviano, deixando-se levar pelas delícias do poder.
Não pode ser uma pessoa muito traumatizada, isso turvará sua visão.
Não pode ser autoritário, óbvio.
Não pode ser hipócrita, óbvio.

Recomendável: ter uma família estável, ter filhos, ter ‘amigos’, praticar um esporte, não ser dado ao álcool, ter em torno de 40 anos.
Saber falar e escrever com o mínimo de correção, sem ser catedrático.
Ter a capacidade de harmonizar a academia com as ruas.
Gênero: não se aplica, pode ser homem ou mulher.
Religião: necessário saber como o candidato entende religião.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

O madeiro


O que aconteceu ali naquele madeiro?
Por que ele causa hora stress, hora paz, para em seguida causar reflexão e contrição?
É realidade que simboliza, é símbolo que realiza, ou... se realiza.
Fato é que, vamos e convenhamos, comamos e bebamos que amanhã morreremos, e tal e cousa e lousa e mariposa, há algo ali que transcende, que é imanente, imarcescível, imensurável, intangível, inenarrável.
Faraós, imperadores, reis, déspotas, tiranos, ditadores, generais, presidentes, primeiros ministros, governantes, líderes, anjos, demônios, potestades, celebridades, empresários.
O Sol, a Lua, a Terra, a Via Láctea, os buracos negros, a luz com sua velocidade absurda de quase 300.000 km por segundo, o céu, o mar, o vento, o fogo, os montes (alguém consegue imaginar o Everest se dobrando? Pois é), a besta fera, o bichinho do colo, as células com seus DNA´s, os átomos, os quarks em suas seis formas, a física, a química.
Os sistemas humanos: capitalismo, comunismo, democracias, ditaduras.
Mesmo a eternidade, que nem é tão eterna assim, oras!, se está escrito “de eternidade em eternidade” logo... a eternidade é eterna enquanto dure (?).
O Senhor, porém, é Eterno além da própria eternidade.
Isso dito, a própria eternidade estava ali, naquele momento, presente e se dobrando, como todos os outros eventos e poderes e formas e forças e existências e...
Mesmo o mais inexorável, indomável, cruel, mas ainda assim uma realidade puramente humana: o tempo. Mesmo ele, estava ali se dobrando, juntamente com a precisão da matemática.
E da música? Do o “Atirei o pau no gato” à 5ª Sinfonia de Beethoven, do “Jesus, a alegria dos homens” à Bohemian Rhapsody, do funk (?) e do sertanejo (?) à The Wall. Todas as notas e acordes e escalas e pausas estavam ali se dobrando.
O que aconteceu li naquele madeiro?
Não sei.
Sei que ali está e é o centro da história humana.
Não existe AC/DC – antes e depois de Cristo.
Há, sim, antes e depois da cruz de Cristo. Aliás, maldita cruz, que expôs o Santo nu. Que ousadia!!! Que deu firmeza àqueles cravos que o atravessaram.
O que aconteceu ali naquele madeiro?
Não sei.

terça-feira, 14 de abril de 2020

O lado

O lado não é um bom conselheiro.
Ficar de lado significa que alguém não quer encarar a situação, seja por medo, por pavor, por vergonha ou por descompromisso.
Os lados se opõem, se conflagram, se embatem, se atacam, indo, às vezes, às vias de fato.
Difícil um lado aceitar quem está do outro lado.
Em São Paulo a única solução encontrada para o enfrentamento das torcidas que se engalfinhavam à morte defendendo seus lados foi proibir a presença de duas torcidas no mesmo estádio para acompanhar o jogo.
Os discípulos tiveram enorme dificuldade em entender que o Mestre não tinha lado.
Num determinado episódio um deles falou para o Mestre que havia proibido alguém de agir pois não estava com eles.
Em outra ocasião, por não haverem sido acolhidos eles queriam mandar fogo do céu contra aquela gente.
Não entenderam nada.
De que lado você está?
Sério mesmo que você se opõe a alguém? Que você quer derrotá-lo? Quer vencê-lo? Quer vê-lo morto?
Claro que há inimigos. Que há gente endemoninhada. Eles estão por todos os “lados”. À direita e à esquerda. À frente e atrás.
Sério mesmo que você está convencido de que o seu lado é o “sserto”?
De que lado Jesus está?
Os mais religiosos dirão que ele está à direita do Pai.
Hã hã.