terça-feira, 6 de julho de 2010

O Cordeiro/Leão II

Quase diria que de cordeiro, no sentido comumente compreendido, Jesus não tinha nada.
Quando Ele diz que era manso e humilde (Mt 11), é preciso entender que Ele dizia isso na condição de quem usava uma canga (jugo). Oras! Quem usa canga? Cordeiro não usa canga, boi é que usa canga. Você já se deparou com um boi? Não tente. A menos que ele tenha uma argola de ferro em sua narina, único instrumento capaz de controlá-lo. A propósito, um boi com uma canga está de fato numa condição de mansidão e humildade, muito pelo instrumento (jugo), menos por sua personalidade.
Com os religiosos Jesus teve embates homéricos, jamais se reservou, se preservou ou ficou na retaguarda. Jamais. Jamais recolheu-se ou abaixou a cabeça.
A mudez na hora do holocausto (At 8) foi sinal de força, não de fraqueza. É o silêncio grandiloquente, o silêncio que fala. Pense nos kamikazes (os aviadores suicidas japoneses da Segunda Guerra). É uma vaga reminiscência do que fez o Cordeiro.
A Causa vale mais que as palavras.
A considerar o reduzido registro de suas palavras, podemos dizer que Jesus teve um verdadeiro bate boca com Pilatos (Jo 19), ele não ficou calado não, tão somente não respondeu uma de suas perguntas, de tão descabida. O mesmo se deu quando debateu com o sumo sacerdote (Mt 26).
O paralelismo com o cordeiro vale porque o animal morria no lugar das pessoas, que foi o que Jesus fez.
Quem gostava muito dessa figura era o evangelista João. Em seu último escrito (Apocalipse) ele o apresenta como um cordeiro, mas “oh cordeiro que é forte!”: Cheio de cifres e olhos, digno de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor, assentado em trono, administrador dos eventos futuros (selos), dono do Livro da Vida, vencedor, Senhor e Rei, santuário e lâmpada da cidade santa. Definitivamente: não há nada de fraco aqui. Nada de humilde, até porque humildade não é pensar menos de si, senão, menos em si, que foi exatamente o que Jesus fez quando não se prevaleceu de sua condição divina e veio a nós.
“Oh cordeiro que é forte!”.

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