quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Eu, algoz de mim mesmo

Não, eu não resisto! Se a oportunidade se apresentou eu tenho que aproveitá-la. O importante é ser feliz, diz a ditadura da felicidade. 
Assim, mesmo em face do risco de pegar alguns anos de cadeia, o importante é garantir o futuro de meus filhos. Mesmo em face do risco de uma gravidez indesejada, inoportuna e prematura, o importante é desfrutar do orgasmo. Mesmo em face de ser ridicularizado na mídia, nas redes sociais, o importante é não deixar a oportunidade passar. Mesmo em face de ter minha traição conjugal descoberta, o importante é aproveitar o momento das delícias carnais. Mesmo em face de ser o protagonista de um espetáculo de horror pelos maus feitos de uma política tacanha e rasteira, o importante é ter o poder nas mãos e usurpar a ignorância das pessoas que acham que em ‘autoridade’ não se toca. Hitler adoraria viver nesse país. Mesmo em face de não ter a aprovação do Divino para minha atuação sacerdotal, o importante é “gozar” do destaque que as ingênuas turbas dão a essa classe.
Eu, algoz de mim mesmo, “fazendo o que não quero e deixando de fazer o que gostaria” (Paulo de Tarso).
Eu, algoz de mim mesmo, elevando a pós-modernidade ao mais alto grau, em que não há mais absolutos, sequer Deus, sequer a bíblia, em que cada qual faz suas próprias leis, suas próprias crenças.

Eu, algoz de mim mesmo, valendo para ambos os sexos.   

Ornitorrinco Madiba

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