Da
usurpação do termo “igreja”
Não
tenho notícia de uma igreja que tenha nascido grande.
Desconheço
uma igreja que tenha nascido com mil, duas mil ou cinco mil pessoas já
estabelecida em um prédio suntuoso, com uma liderança “forte” regida por uma
hierarquia piramidal (o que afronta os preceitos evangélicos) e com o
respectivo CNPJ, o número que autoriza e valida o empreendimento.
Invariavelmente
igrejas nascem pequenas e tornam-se grandes, algumas bem grandes.
Quando
pequenas, coisas fantásticas acontecem ali. Milagres os mais espetaculares,
amizades firmes, adoração singela, singeleza nas relações e refeições,
libertações, conversões, restaurações. Essas coisas até acontecem em igrejas
grandes, certamente até em maior número, coisa da proporção. Contudo, igrejas
grandes perdem muito do que tinham quando pequenas. Muito. É bem comum as
pessoas que viveram a experiência de uma igreja pequena e hoje estão em uma
igreja maior, quererem voltar ao seu estado original. Só não têm coragem para
isso.
Tenho
pra mim que o Espírito Santo não tem
muito lugar em igrejas grandes, mesmo porque uma igreja, para ser grande, lança
mão do expediente democrático da votação para presidência e diretoria, embora
isso ocorra também em pequenas igrejas, aqui, no caso, com menos formalidade, o
que cria algum espaço para o Espírito Santo.
Igrejas
grandes envolvem-se em política partidária e funcionam com clara distinção
entre o religioso e o secular. Digo: elas têm uma postura parcial e antagônica,
transparecendo que os preceitos evangélicos só têm validade para o ambiente
religioso, ou seja, não têm alcance social e secular, como se o que Jesus disse
não valesse para a sociedade em geral.
Uma
igreja ensimesmada e que vive em torno de si própria e que quando se volta para
o secular, joga o jogo conforme suas regras, aqui no caso as regras da
democracia, que conceitualmente dispensa a atuação divina (“todo poder emana do
povo e em seu nome será exercido”).
Duas
coisas:
-
Essa instituição que usurpa o termo igreja, para sê-la, de fato, tem que deixar
de ser grande e capilarizar-se na sociedade, em todas as suas instâncias, até às menos “dignas”.
-
Os preceitos evangélicos valem para o homem todo em todas as suas nuances,
desde o “religioso” ao social, ao profissional, ao político, ao científico, ao
histórico e ao que mais quer que seja. Menos que isso, ninguém pode se
estabelecer como representante do grupo que foi deixado na terra para
transformá-lo, também conhecido como igreja.
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