domingo, 31 de agosto de 2014

Da usurpação do termo "igreja"

Da usurpação do termo “igreja”

Não tenho notícia de uma igreja que tenha nascido grande.
Desconheço uma igreja que tenha nascido com mil, duas mil ou cinco mil pessoas já estabelecida em um prédio suntuoso, com uma liderança “forte” regida por uma hierarquia piramidal (o que afronta os preceitos evangélicos) e com o respectivo CNPJ, o número que autoriza e valida o empreendimento. 
Invariavelmente igrejas nascem pequenas e tornam-se grandes, algumas bem grandes.
Quando pequenas, coisas fantásticas acontecem ali. Milagres os mais espetaculares, amizades firmes, adoração singela, singeleza nas relações e refeições, libertações, conversões, restaurações. Essas coisas até acontecem em igrejas grandes, certamente até em maior número, coisa da proporção. Contudo, igrejas grandes perdem muito do que tinham quando pequenas. Muito. É bem comum as pessoas que viveram a experiência de uma igreja pequena e hoje estão em uma igreja maior, quererem voltar ao seu estado original. Só não têm coragem para isso.
Tenho pra mim  que o Espírito Santo não tem muito lugar em igrejas grandes, mesmo porque uma igreja, para ser grande, lança mão do expediente democrático da votação para presidência e diretoria, embora isso ocorra também em pequenas igrejas, aqui, no caso, com menos formalidade, o que cria algum espaço para o Espírito Santo. 
Igrejas grandes envolvem-se em política partidária e funcionam com clara distinção entre o religioso e o secular. Digo: elas têm uma postura parcial e antagônica, transparecendo que os preceitos evangélicos só têm validade para o ambiente religioso, ou seja, não têm alcance social e secular, como se o que Jesus disse não valesse para a sociedade em geral.
Uma igreja ensimesmada e que vive em torno de si própria e que quando se volta para o secular, joga o jogo conforme suas regras, aqui no caso as regras da democracia, que conceitualmente dispensa a atuação divina (“todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”).
Duas coisas:
- Essa instituição que usurpa o termo igreja, para sê-la, de fato, tem que deixar de ser grande e capilarizar-se na sociedade, em todas as suas instâncias, até às menos “dignas”.

- Os preceitos evangélicos valem para o homem todo em todas as suas nuances, desde o “religioso” ao social, ao profissional, ao político, ao científico, ao histórico e ao que mais quer que seja. Menos que isso, ninguém pode se estabelecer como representante do grupo que foi deixado na terra para transformá-lo, também conhecido como igreja.

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