Pra não dizer que
não falei de rosas
Uma rosa estava
maravilhosamente exposta em seu habitat natural, exalando seu mais
delicioso perfume e exibindo sua exuberante, magistral e inigualável
boniteza.
Em dado momento ela
é retirada dali e transportada para uma convenção das rosas
quando, súbito, ela cai na estrada, ficando só e isolada, à merce
dos maus tratos de alguns transeuntes e aos ataques de algumas aves
que a ferem impiedosamente, quase ao extremo da sua existência.
No retorno da
convenção das rosas, passa por ali um técnico em agronomia que vê
de longe aquela imagem. Indignado, da janela de sua pick up, ele tira
uma foto para compartilhar nas redes sociais e segue seu caminho,
pensando em retornar para seu adorável lar.
Em seguida passa por
ali, em direção à convenção das rosas, um engenheiro agrônomo
em sua possante e moderna pick up 4x4. Limpíssima, reluzente e com
vários objetos banhados a ouro. Ele para, olha, desce do carro, e, à
distância, também tira uma foto, consigo na frente, tipo uma
selfie, aproxima-se mais um pouco, não muito, porque a flor já
cheirava mal. De longe mesmo ele ergue as mãos e faz como se
estivesse mandando alguma energia para a flor, profere algumas
palavras de ordem, mas a flor não reaje. Do alto do seu exoterismo
ele intensifica seus gestos, levantando e abaixando as mãos e
aumentando o volume de suas imprecações. Mas a flor não reaje.
Assim, também indignado, ele retorna para sua pick up e segue em
direção à convenção das rosas, onde dará testemunho de que
tentara ajudar uma rosa morimbunda no trajeto, mas que ela não
aceitara sua ajuda.
Na sequência passa
por ali um jardineiro, amante das flores, todas elas, mas que não
fora convidado para a conveção das rosas. Os convencionais não
gostavam dele e dos seus métodos de tratamento das flores. Ele para
sua caminhonete toda suja de barro e com vários amassados das suas
lidas nos jardins e campos de plantações. Ele desce, se aproxima
daquele ser e com todo cuidado e carinho a pega em suas mãos,
conduzindo-a para o seu carro. Lá ele tem alguns produtos que por
certo estancariam aquele processo mortal em curso naquela flor. O
jardineiro com suas próprias mãos vai derramando aqueles produtos
na flor que estava em seu colo. Aos poucos ela começa a reagir. Ele
tinha certeza que isso aconteceria. Seguro de que a situação estava
sob controle, ele conduz a flor para uma floricultura que conhecia e
diz expressamente que o que precisasse ser feito para salvar aquela
flor eles deveriam fazer. Ele deixa seu cartão de crédito com a
senha e com limite aberto, para que aquela flor fosse atendida, e
segue seu caminho em busca de outras flores morimbundas.
Assim, a flor
retornou à vida.
Qualquer semelhança
não é mera coincidência.
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