Ainda que
eu falasse o inglês, o grego, o sânscrito ou o mandarim seria como a guitarra
de heavy metal, ou como o bumbo da Sapucaí...
Ainda que fosse proeficiente na fala, que
conhecesse o que causou o big bang há 14 bilhões de anos, ainda que fosse um poliana
sobejamente positivista a ponto de considerar todos os problemas removíveis e
solucionáveis...
Ainda que fosse um socialista comunista xiita pretensamente
defensor do vulnerável social, ou o mais bem sucedido e próspero capitalista, ou
desnudasse minha alma, meus pensamentos, minha vergonha aos olhos do meio nessa
irreverência que domina as relações em nome de uma pretensa transparência vazia...
Nada disso faria qualquer sentido se existisse por e
para si mesmo.
Quem ama vai junto não importa a situação, faz e
não quer recompensa nem reconhecimento; quem ama se regozija com o crescimento
do outro; não permite a falsidade, a representação hipócrita, a máscara que
esconde a real condição de cada um; jamais trata o outro como inferior, agindo
com a sublime equidade que a todos trata não como iguais, que ninguém é igual a
ninguém, mas trata cada qual com o devido respeito que merece na sua condição
de ser.
Quem ama não é inconveniente, achando que tem
resposta pra tudo, não quer impor-se achando-se superior e insubstituível; não
perde a linha por questões menores, parte do princípio de que todo mundo quer
jogar o jogo como ele deve ser jogado; não julga ninguém apontando o dedo de
forma leviana imprecando juízos vazios.
Quem ama aponta que todos os sistemas de organização
humana são flagrante e irremediavelmente falhos pois dispensam a condução do
Divino. Aponta caminhos, aponta soluções, aponta conciliações, promove
reconciliações, propõe que se troque a mentira como mola propulsora da
sociedade.
Quem ama não se abala ao sabor das vicissitudes da
vida, tendo por certo que um dia a coisa muda, não importando pelo que tenha
que passar. Dobra-se para não romper, e quando necessário carrega o soldado
ferido nos ombros, jamais abandonando-o no campo da batalha, tendo na
proatividade a baliza do seu comportamento.
Se assim é, sempre acerta, porque, considerando
todas as variáveis, nunca quer se impor nem levar vantagem em nome de uma
esperteza torpe, vil e canalha.
A verborragia daqueles que falam muito cairá no
vazio, a desunião, de que os diversos idiomas são expressão, acabará; um dia todas
as perguntas serão respondidas.
Há um vazio no coração do homem, e tudo o que foi,
é e será falado não o preencherá.
Um dia o homem encontrará a sua plenitude, quando o
imortal envolver o mortal, o eterno envolver o temporal,
A adolescência mental que domina as relações
humanas levando as pessoas a se apropriarem do que não é seu, usando, abusando
e lambuzando-se do poder, essa excrescente instituição humana, cujas distorções
são a pedofilia, o adultério, o machismo, o sexismo, a discriminação, a
corrupção, a chefia coronelesca, a violência contra o outro/a seja porque
motivo for, pois essa adolescência acabará.
A maturidade é o destino da humanidade.
Tudo, absolutamente tudo, ainda é uma ínfima e subatômica
centelha da realidade.
Um dia o homem não precisará mais crer, não precisará
mais esperar, só lhe restará amar, pois que será impossível não amar o Amor.
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