sexta-feira, 13 de julho de 2018

As três casas e o urubu


Numa cidadezinha desse rico rincão brasileiro havia 3 casas.
Uma bem simples que ficava na parte baixa do monte onde as casas foram construídas. Seus moradores eram felizes, pessoas simples que nem querem muito da vida, a não ser verem os seus filhos crescerem em harmonia com as pessoas e com a natureza.
Uma outra casa era uma casa comum, habitada por gente comum.
A terceira casa era casa chic, de empresário do ramo da confecção de roupas. O negócio prosperava, embora as pessoas não fossem muito felizes, mas o negócio ia bem, até que o proprietário resolveu ampliar as instalações que funcionavam nos fundos de sua rica mansão e que ficava na parte de cima do monte.
Ele precisou fazer um grande muro de arrimo para suportar as novas instalações. Esse muro fazia divisa exatamente com o quintal da casa relatada acima, aquela bem simples.
Com o andar dos acontecimentos e com o enorme movimento do negócio do rico empresário os retalhos das roupas foram se acumulando e ele decidiu ir acumulando esses retalhos na extremidade do muro de arrimo que havia construído. Como a estrutura do muro era muito boa, o empresário não relutou em ir acumulando os retalhos sobre esse muro de arrimo e assim foi acontecendo, até que se acumulou uma enorme quantidade de retalhos ali.
Num determinado período ocorreu de caírem muitas chuvas, mas muitas chuvas mesmo, de forma que aqueles retalhos foram ficando encharcados e, obviamente, mais pesados. Mas era muito retalho, afinal o negócio do empresário ia muito bem, obrigado.
A coisa foi ficando tensa até que o muro não aguentou tamanho peso e cedeu e toda aquela montoeira de retalhos precipitou-se exatamente sobre aquela casinha simples dos alegres moradores de baixo levando muita lama junto e causando prejuízos irreparáveis a eles. Eles tinham uma hortinha de onde tiravam alimentos, criavam galinhas, patos, até um porquinho tinha ali. Eles tinham um carro desses bem velhinhos, algumas bicicletas. Tudo, tudinho foi para o beleléu. A própria casa ficou inviável para morar, as paredes ficaram rachadas, o teto veio abaixo, tudo se perdeu com tamanha avalanche de retalhos e lama e sujeira.
Bem... o pessoal que morava naquela casa comum e que não foi afetada em nada com tamanha tragédia ficou olhando e esperando que o empresário procurasse aquela gente simples e resolvesse a pendenga, a querela.
Qual nada!!! O empresário não fez nada. Arrumou o muro e continuou com seu negócio.
O pessoal da casa comum, ficou indignada com a situação e os moradores da casa de baixo estão até hoje a ver navios.
O urubu? O urubu ficava só olhando.

Qualquer semelhança com uma história real não é mera coincidência.               

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