terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mente periférica

Dizem que Pelé, o maior jogador de futebol da história, tinha uma visão periférica apuradíssima. É inesquecível o passe que ele deu para o lateral Carlos Alberto no final da Copa de 70 quando para jogadores comuns seria impossível “ver” a aproximação do jogador pelo seu lado direito. A jogada toda é linda e termina com um golaço do lateral coroando aquela conquista.
Vou cunhar uma expressão aqui, se é que ela já não exista: mente periférica.
Mente periférica seria a capacidade de ver os vários ângulos de uma situação, de um acontecimento, de um relacionamento, da vida enfim.
Anda em falta esse tipo de percepção. Especialmente entre os jovens, mas não só. Perdeu-se a capacidade de avaliar todas as alternativas, nuances, detalhes de uma determinada situação. Vale o objetivo, mas aquilo que é imediato. É o que tem sido chamado de “geração miojo”. Tudo tem que estar pronto em três minutos. Passou disso já não serve. Considerações, análises, avaliações, ponderações são descartadas como dispensáveis.
Não sou especialista, mas é clara a relação com a alta tecnologia com o que a mente das pessoas está sendo maciçamente agredida com um turbilhão de informação e que as deixa plugadas no imediato, assim que, as pessoas têm necessidade de dizer até que estão indo dormir ou que estão acordando ou então que “vou ali mas já volto”, e elas acham isso interessante, porque uma vez que têm a mente embotada não conseguem ver que a vida é muito mais que isso. As pessoas hoje já não conseguem refletir, já não conseguem calar ou meditar ou silenciar. Pior, não conseguem nem entender o que um texto como esse está dizendo.
O que será dessa geração?

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