domingo, 19 de agosto de 2012

Ex-cravo, agora irmão

Sim, tem nome. O cravo que prendeu o Santo no madeiro tem nome: é o meu.
Ele não queria estar ali. Nem eu.
Alguém teve prazer nisso. Até imagino quem.
Contudo, na força da Sua resignação, consistiu minha salvação.
Que equação insana!
Fomos ambos usados.
Eu por absoluta ignorância e incapacidade de reação.
Ele por absoluta rendição e (posterior) capacidade de reversão.
Sim, ele sabia que reverteria aquela situação.
Ambos presos, Ele livrando-se, livrou-me também.
Protagonizamos assim a mais bela história: remidor e remido em um ato, livres e unidos.
Que equação divina!
Nossa história transcende de longe a intervenção humana. Temos um relacionamento direto. Estivemos no mesmo lugar. Se eu, involuntariamente, Ele de forma voluntária.
Falamos direto, cara a cara. Ele me entende e eu O entendo, pouco, é verdade e por enquanto, mas O entendo.
Agora como ex-cravo, deixo de ser escravo e passo a ser irmão.
Já não sirvo ao ódio, ao revanchismo, à essa tendência insana de querer tutelar as pessoas.
Uma vez livre, livre estou dessa tendência de querer deixar de ser instrumento para ser maestro.
Atenção aqui: não queira ser maestro. Seja um instrumento. Você foi criado assim. Maestro é Outro.

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