sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Eu e a moto

Não sei quem possui quem, seu eu a ela ou ela a mim.
O que sei é que somos cúmplices, até o limite extremo.
O vento... ambos sentimos, de cara, na cara.
Se ela toma chuva, eu tomo.
Se ela sente calor ou frio, eu sinto.
A terra e o barro grudam igualmente em nós.
Os perigos, estamos ambos na berlinda.
Parada, eu a sustento.
Em movimento, ela me carrega, com o sol, a lua e as nuvens como companheiras sob o olhar atento e cuidadoso do Divino.
Se gasto dinheiro com ela? Sim, contudo, menos do que gastaria com um terapeuta.
Tenho a nítida sensação de que a moto é um ser vivo, pois qualquer pancada me dói na alma.
E a liberdade?
Que outro veículo tem como combustível não o derivado o petróleo, mas o vento?
Que outro veículo te leva lá no ponto exato aonde você quer ou precisa ir?
Que outro veículo te faz parar na frente do comércio pra comprar o que você precisa?
Que outro veículo te liberta do congestionamento?
Que outro veículo te instiga tanto a injetar adrenalina nas veias? E haja adrenalina, especialmente na chuva com carros, caminhões e ônibus do seu lado.
A gente não é sabão, mas é cada escapada que a gente dá!!!
Que outro veículo te expõe tanto? Sim, em cima dela você é o que você é, não adianta nem encenar.
Que outro veículo te faz arrancar um aceno de uma criança com cara de espanto misturada com admiração?
Que outro veículo transforma ilustres desconhecidos em amigos do peito?
Que outro veículo te transforma em parte da natureza?

Eu e a moto. Compre uma.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário