Tenho pra
mim que um dos capítulos mais tétricos, abjetos e repugnantes da história
humana seja a escravidão, o domínio de uma pessoa sobre outras pessoas.
A escravidão
consiste, em uma definição livre, da impossibilidade de tecer os próprios caminhos,
de estabelecer a própria trajetória.
Fato é que a
escravidão está na origem da nossa formação como povo.
Há sempre um
amo a comandar os passos.
Não se é livre
para ir aonde se quer ir, para fazer o que se quer fazer, para não fazer o que
não se quer fazer, para amar a quem se quer amar, para se distanciar daquele ou
daquilo que se quer distanciar.
Eu, um
andarilho, certamente tenho algum nível de escravidão por isso ou aquilo. Dou de
pronto.
Contudo, eu,
um andarilho, tenho visto como as pessoas se escravizam, ou se deixam
escravizar por coisas!!!
Pessoas há
que se escravizam por emoções e sentimentos, ainda que esses lhes façam mal.
Pessoas há
que se escravizam por tecnologia, pelo smartphone, pelas redes sociais, pelos “likes”.
Pessoas há
que se escravizam pelo cigarro, pela bebida estonteante.
Pessoas há
que se escravizam pelo sexo indevido, no casamento ou fora dele.
Pessoas há
que se escravizam pela intriga, pela discórdia, pela desconfiança.
Pessoas há
que se escravizam pelo dinheiro, pela ostentação.
Pessoas há
que se escravizam pelo passado, ou pelo futuro, ou ainda, pela culpa de atos ou
fatos já devidamente tratados.
Pessoas há
que se escravizam por hábitos nefastos.
Há até
aquelas que se escravizam pela religião, ou pelos seus representantes.
Há, por fim,
aquelas que se escravizam por pessoas, por grandes figuras, via de regra,
pessoas muito carismáticas que se postam como superioras.
Triste. Muito triste.
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