sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Mentira - uma entidade


A mentira tem vida própria. É uma entidade e tem pai.
A mentira não é o oposto da verdade, ou sua negação.
A mentira é dissolução, ou seja, ela dissolve as coisas, especialmente a verdade. Não a verdade divina ou existencial, imexíveis e não afetáveis pela mentira, mas a verdade fática (dos fatos).

O que é, para a mentira, não é. O que não é, para a mentira, é.

É mais do que uma distorção de caráter recebida ainda na infância. É um modo de vida. Tudo gira em torno da mentira. Em todas as relações, tendo como pano de fundo a possibilidade de se dar bem, de levar vantagem, que é o que comanda a existência dessas mesmas pessoas. Nesse sentido, não se considera a hipótese de não se dar bem na vida, para tanto, minta. Não no sentido de não ser verdadeiro, mas de dissolver a verdade estabelecendo a mentira, fazendo-se passar, cúmulo do paradoxo, por verdadeiro.
Sei que estou sendo prolixo. Fato é que a mentira, essa entidade, não se deixa definir, mensurar, estabelecer, demonstrar.
Pela mentira, se desfruta daquilo que se reprova.
Pela mentira, se aproveita de uma oportunidade, para mais tarde condená-la.
Pela mentira, se silencia diante daquilo com o que não se concorda.
Pela mentira, dissimula-se uma oposição, para, mais à frente, revelar a verdadeira motivação.
Se assim é, políticos são mentirosos, e aqueles que os admiram e seguem estão em vias de.

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