A mentira tem vida própria. É uma entidade e tem pai.
A mentira não é o oposto da verdade, ou sua negação.
A mentira é dissolução, ou seja, ela dissolve as coisas,
especialmente a verdade. Não a verdade divina ou existencial,
imexíveis e não afetáveis pela mentira, mas a verdade fática (dos
fatos).
O que é, para a mentira, não é. O que não é, para a mentira, é.
É mais do que uma distorção de caráter recebida ainda na
infância. É um modo de vida. Tudo gira em torno da mentira. Em
todas as relações, tendo como pano de fundo a possibilidade de se
dar bem, de levar vantagem, que é o que comanda a existência dessas
mesmas pessoas. Nesse sentido, não se considera a hipótese de não
se dar bem na vida, para tanto, minta. Não no sentido de não ser
verdadeiro, mas de dissolver a verdade estabelecendo a mentira,
fazendo-se passar, cúmulo do paradoxo, por verdadeiro.
Sei que estou sendo prolixo. Fato é que a mentira, essa entidade,
não se deixa definir, mensurar, estabelecer, demonstrar.
Pela mentira, se desfruta daquilo que se reprova.
Pela mentira, se aproveita de uma oportunidade, para mais tarde
condená-la.
Pela mentira, se silencia diante daquilo com o que não se concorda.
Pela mentira, dissimula-se uma oposição, para, mais à frente,
revelar a verdadeira motivação.
Se assim é, políticos são mentirosos, e aqueles que os admiram e
seguem estão em vias de.
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