terça-feira, 4 de outubro de 2011

7 - Será o nosso Deus um narcisista?

Quererá Deus receber de nós esse tipo de adoração que consiste de ficar repetindo domingo a domingo que ele é grande, santo, justo, maravilhoso, único?
Terá ele essa necessidade de ter seu ego (humm... será que ele tem ego?) inflado por palavras bonitas repetidas vezes sem fim? Adoração é isso?
Precisará ele dessa afirmação por parte de suas criaturas?
Jesus veio ensinar a verdadeira adoração em oposição à que se praticava em seu tempo (seria então falsa essa adoração? Esse Jesus!), da qual ele seria também “objeto”. A rigor, no modelo antigo, até um endemoninhado poderia adorá-lo (Mc 5:1-6). Fácil. A adoração consistia de gestos, rituais e palavras, podendo ser, e eram, palavras cantadas. Havia um grupo especializado na arte, os levitas, os adoradores oficiais. Havia um lugar especial para esse tipo de adoração. Havia um tempo especial para esse tipo de adoração.
Quererá o nosso Deus esse tipo de adoração?
Será legítimo ainda ter grupos de adoração, especialistas, à parte da congregação, que lhe conduza em adoração? Não deveria ser toda ela, a congregação, adoradora? Oras, se há um grupo de adoradores, o que é o outro grupo? Haverá ainda um tempo e um lugar específicos quando e onde se deve praticar a adoração?
A verdadeira adoração se faz em verdade e em espírito. Espírito é vento, vento é ar em movimento, ar em movimento é fôlego, fôlego é vida, vida de Deus que vem (Gn 2:7), vida minha que vai (Jo 15:13 - Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos).
Adoração é transferência, é troca de vida. Dou a minha e recebo a de Deus. Menos que isso é adoração à moda antiga. Inclua-me fora.
Esse tipo de adoração somente quem é discípulo é capaz de fazer/prestar/dar/praticar. O que, evidente, inclui o engrandecimento do nome de Deus. 
Lembre-se: para ser discípulo de Jesus, há que se carregar uma cruz. Um não existe sem o outro.
Jesus teve simpatizante secreto (Nicodemos Jo 3:1), admirador (Pilatos Mt 27:13-14), catador de suas bênçãos (o povo Jo 6:26), patrocinador arrependido (jovem rico Lc 18:18), defensor ignorante (Pedro Mt 16:23), seguidor (Judas Lc 22:47) e adorador (o adorador possesso Mc 5:2), mas, de verdade, ele procurava os verdadeiros adoradores, cuja marca é o ombro esfolado.

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