Quem é você? Quando quase ao toque, escapa. Quando quase à
vista, desvanece.
Quem é você que se impõe qual ditadura e que justifica as
mais insanas ações?
É possível vislumbrar-te na efemeridade das redes sociais,
na exaustão das selfies.
Seus defensores dizem: o importante é ter você.
Mas, quem é você?
De parte, você se transformou no todo, de meio você se
transformou em fim, o objetivo máximo daqueles que não sabem para onde vão.
Seus defensores dizem: onde você não está não é um lugar
para se estar.
Hedonismo é a sua cama, seu jardim.
Imediatismo é a sua cara, seu modo de operar.
Barganha é a sua marca, nunca dar sem receber.
Materialismo é o seu valor, o intangível seu demônio, que
você estremece com aquilo em que não se pode tocar.
Por ti vale tudo: o sexo barato e sem compromisso; o suborno
que garante o futuro; a mentira que posterga uma situação, oras! o que vale é o
momento.
Por ti vale tudo: o senso de domínio sobre o outro; a
violência em toda forma como meio de descarregar o estresse.
Quem é você que propõe essa catarse em nome de uma quimera
que nunca chega? Pois você promete mas não entrega.
Você não se deixa encontrar, é da sua natureza, até porque
quem te conhecer verá que você não é tudo isso que diz ser.
Bem aventurado quem fugir de você.
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