quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Da liderança

Na proporção exatamente inversa a uma vida de profundidade com Deus é o quanto as pessoas precisam de uma liderança.

Há um verdadeiro clamor por liderança. Não há sequer um responsável por uma igreja que não queira ter uma liderança preparada, capaz, atuante, unida. Um bom time de líderes é entendido como a solução para todos os problemas de uma igreja e da igreja num contexto mais amplo. Seria a panacéia espiritual para as doenças da igreja cujo sucesso e atuação exitosa são invariavelmente medidos por números, numerais e numerários ($). Nada contra - ou tudo-. É que o evangelho subsiste de outras premissas.
“Tenha uma boa liderança e seus problemas acabarão!”.
Bem, há outro lado a ser analisado.
Um fato: essa necessidade de liderança surge da extrema falta de profundidade que as pessoas têm no seu relacionamento com Deus. Quanto mais as pessoas têm um relacionamento raso e distorcido com Deus, mais elas dependerão de regras, esquemas, modelos, padrões, controles, normas e maior será a necessidade de uma liderança para colocar toda essa máquina para funcionar.
Outro fato: dependendo da atuação de uma determinada liderança ela mais dificultará do que facilitará que as pessoas se relacionem com Deus de uma forma sadia, vital, única.
Os que defendem essa presença maciça da liderança certamente se espelham na atuação de Jesus que teria formado uma liderança em sua jornada na terra quando chamou os 12 apóstolos para acompanhá-lo. Ainda que consideremos válida essa comparação, o fato é que com os 12, depois 11, depois 12 de novo, depois, de novo, 13 com o abortivo, ele mudou o mundo. A inserção e expansão do Reino de Deus seria feita diretamente por Ele e estaria baseado somente Nele. Hoje, em determinadas regiões, há 3 ou 4 igrejas por rua, cada uma com um time de liderança que ultrapassa os 12, 11 ou 13 e que não mudam sequer a rua ou o bairro onde estão inseridas!
Não quero dizer que esse esquema baseado em regras e normas controlado por uma liderança não seja válido. Pelo contrário, ele é muito eficiente. Basta ver o crescimento do islamismo no mundo para se verificar a eficiência dessa estrutura.
Ouso dizer, e sei que é uma ousadia louca, desvairada: precisamos diminuir a presença e influência da liderança no meio da igreja para abrir espaço para o Espírito Santo. Não que Ele precise disso de nossa parte, pois Ele é soberano e faz o que e quando quer. Digo na condição de quem está agonizando, ansiando por vida, pela vida de Deus.

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