sábado, 23 de janeiro de 2010

Liberdade sincopada

Quando adolescente, logo no início da minha jornada com o Senhor, fui apresentado a um conceito que ficou impregnado indelevelmente em mim no decorrer desses longos quase 40 anos de seguimento do Mestre.
O conceito: a paz inquieta.
Paz inquieta é o título de uma música, magistral, cuja letra está no blog. Não deixe de ler.
Presentemente tenho observado outro fenômeno na vida a que chamarei de “liberdade sincopada”, como se fosse possível haver uma “liberdade quebrada”, ou seja, ou se é ou não se é livre. Pois, caminhando com o Senhor, tenho verificado essa ambiguidade da “liberdade aprisionada”, por paradoxal que possa parecer.
Senão, veja:

Seguindo os passos de Jesus, me vejo livre
Para, então, perceber-me preso
Livre para amar, mais, para manifestar esse amor (que amar é mais que querer bem)
Preso porque esse amor me prende às pessoas
Livre para ir para onde quiser
Para, então, perceber que estou preso em outro lugar (não circunscrito à dimensão física)
Livre para escolher, preso porque fui escolhido (a despeito da minha vontade, corroboração dessa prisão libertadora)
Livre para desistir, preso pela perseverança
Livre para não fazer, preso porque Ele fez
Livre para não dar satisfação a quem quer que seja, preso por que as pessoas precisam de mim
Livre para não precisar de ninguém, preso na dependência do outro
Quem me livrará dessa “liberdade sincopada”?
Não, não quero essa libertação
Assim...
Liberdade é prisão, é amarração
Livre no espírito, preso no corpo
Ou seria livre no corpo, preso no espírito?
O Mestre, quando preso ao madeiro, ali mesmo desprendeu a liberdade
Ele, preso no corpo, livre no espírito
Seguindo os passos de Jesus, me vejo preso
Para, então, perceber-me livre
Acho que é isso

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