Poderia
ser mais um título. Poderia ser um adjetivo qualificando um nome próprio.
Poderia ser uma transliteração de uma designação do grego (ungido). Poderia ser
uma expressão de desespero misturada com a incerteza do que está por vir (“Oh
meu cristo”). Poderia ser um exemplo daquele que foi escolhido para sofrer em
nome de um determinado grupo (“pegaram ele pra cristo”). Etimologicamente
poderia ser a raiz da palavra que designa uma religião (cristianismo). Poderia
ser um argumento em uma exposição teológica. Poderia ser um elemento textual na
retórica rebuscada de um pregador. Poderia ser tido como um guru. Ou como uma
entidade. Ou como um amuleto. Ou como um “santinho” em uma corrente dourada
frequentando motéis chics ou bordéis imundos. Poderia ser tido como alguém
digno de dó e pena, condenado que está a ficar preso definitivamente a um
crucifixo. Poderia ser um elemento religioso a quem se faz orações, seja nos
círculos mais “bacanas” e assépticos, seja no meio mais sacana e doentio.
Poderia ser mais um no panteão dos ídolos.
O
Cristo.
O que será o Cristo?
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