Os de lá: do Planalto, de Copacabana, da Paulista, do
condomínio bacana
Vêm com prepotência, com mentiras, com abusos, com feridas
Os de cá: das comunidades, das vilas, dos bairros, da
periferia
Vêm com resiliência, com paciência, com persistência, mas
com senso de urgência
Os de lá: dos tribunais, das comissões, dos plenários, das
indicações
Vêm com nepotismo, com combinações, jogos escusos, malversações
Os de cá: das lotações, das vans, dos trens, da febre terçã
Vão levando, vão vivendo, confiando no amanhã
Que o amanhã vem, que não se viva, pois, como se ele não
viesse. Ah! Vem
Os de lá: dos planos de saúde, dos hospitais assépticos e
proibidos
Vêm com ilusões, com falsas promessas, enganações, falsos à
beça
Os de cá: dos prontos socorros lotados, dos hospitais
inúteis e depredados
Vêm com resistência, com coragem, muita dor, mas
inquebráveis
É bem isso, essa gente de cá é inquebrável
Os de lá: dos escritórios bem localizados, suntuosos e dos
carros blindados
Vêm com corrupção, com ânsia de vantagem, com mentiras e
libertinagem
Os de cá: dos macacões, do relógio de ponto, dos uniformes,
a cada dia um conto
Vêm com tristeza, com agonia, mas mantêm a sina do dia a dia
Que um dia a coisa vira, um dia a coisa muda. Ah! Muda
Os de lá: do capital, do lucro incessante, do rentismo, do
juro asfixiante
Vêm com acumulação, com enriquecimento, com concentração,
com rendimento
Os de cá: dos financiamentos, das prestações, das contas,
dos cartões
Vêm com honestidade, com pagamento, com quitações, e novos
financiamentos
Bem verdade que há elementos que navegam entre os dois
extremos
Assim é, acho.
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