terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A apóstolo

Apóstolo, afinal, existe ainda ou não mais? Encerrou-se com o período bíblico, ou é válido alguns postularem o título, ainda que por auto-intitulação? O colégio fechou-se com os doze, depois onze, depois doze novamente na base do sorteio (será que eles usaram dadinhos), ou depois com treze por causa do abortivo? Os fundamentos do muro da grande cidade (Ap 21) em que estarão escritos os nomes dos doze apóstolos é literal? O Apocalipse suporta tal literalidade? Parece-me que não. Mas, será a isso, então, que aspiram os atuais apóstolos, isto é, terem também os seus nomes escritos no fundamento da grande cidade? Pode ser, porque se tem uma coisa em que os atuais são chegados é em exposição.
Os de antanho eram uns pobretões. Certa vez, dois deles foram abordados por um mais pobre que eles e eles não tinham um tostão para lhe dar! Tiveram que apelar para o imaterial. Os de hoje são “chicões”. Têm dinheiro até para criar cavalo de raça. Prosperou o negócio!!!
Os de cá vivem de dar testemunhos, especialmente dos milagres que fazem. Os de lá eram eles as testemunhas. Há toda diferença aqui, muito além da semântica. Pense que na língua em que o Novo Testamento foi escrito a palavra para “testemunha” é a mesma para “mártir”. Pense que de acordo com At 1:8 aqueles receberiam e seriam. Não diz que receberiam e dariam, mas que receberiam e seriam. Há toda diferença aqui. Os de hoje vivem de dar testemunho, que ir para a cruz é demais para eles. Esse negócio de cruz está meio ultrapassado.
Eu, saído do catolicismo, ex-estudioso de seus princípios e preceitos e regras e normas e dogmas e tradições consigo enxergar tanta similaridade entre as principais partes dos denominados cristãos (católicos e evangélicos), cuja expressão de modernidade consiste exatamente de serem liderados por um apóstolo (Uai, mas apóstolo não é líder, apóstolo é mensageiro! Deixa pra lá). Nada contra, há até frutos que se podem extrair dessa similaridade, em que pese uma convivência pacífica entre elas (as partes). Só não se diga que uma quer melhorar a outra, pois o que se tem copiado são os vícios não as virtudes, quando as há. Lá eles têm um apóstolo, na verdade, segundo eles, o legítimo sucessor dos apóstolos. Aqui há os apóstolos que se sucedem indistintamente. Em ambos os casos há um verdadeiro fascínio por essas figuras, que faz com que seus seguidores, como que encantados, façam quase tudo o que eles determinam. Mas, bola pra frente, que atrás vem gente. O importante é crescer, a que custo for. Os fins justificam os meios, sem receios, nem escrúpulos.
Haverá um tempo, ah! haverá... em que os títulos darão lugar a um comportamento cujo modelo único será o Cristo evangélico dos evangelhos (com o perdão da redundância), não o dos apóstolos, menor, sempre, que o Auto-apresentado, ou, do alto apresentado/presenteado.

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